Já estou naquela idade, digamos que, na de sopas e descanso.
Mas, a teimosia de pensar que ainda sou novo, e que ainda tenho muito para dar,
levam-me a querer fazer ainda, muito mais por mim e pelos outros. Estou a dizer
que continuo a trabalhar, não renumerado, talvez porque, acredito convictamente
que o trabalho dá saúde, ou pelo vício ou gosto de trabalhar, ou porque nunca
soube o que foi o desemprego. Tiveste sorte. Dirão alguns. Contraponho, tive e
ainda tenho querer e crer, porque sei que ainda quero, como sempre quis,
trabalhar, e porque creio que, isso me faz bem. Podia se quisesse, não
trabalhar, felizmente, tenho uma situação financeira estável e o necessário
para ter vida familiar confortável, sem sobressaltos. Sorte? Não tive, nem
sorte nem azar. Tive e tenho uma vida onde aproveitei as oportunidades, onde aprendi com os erros, com as adversidades e com os sucessos, pensando em mim e nos outros. Tive e tenho uma vida de trabalho, podia estar
ociosamente no sofá, numa mesa de café, numa esquina de rua, mas não, logo que
o “patrão”, que me pagava pelo trabalho que desenvolvia, e que sois todos vós, me
mandou para casa para descansar, porque entendeu que, já tinha dado o meu
contributo para a sociedade, eu que sou teimoso e tenho vontade própria, disse
não. Quero e vou continuar a fazer aquilo que sempre fiz, trabalhar, nem que
seja de graça. Sim, graça, porque estou agradecido ter encontrado um trabalho
que me dá imenso gozo realizar. Um trabalho que me envolve literalmente vinte e
quatro hora por dia, não me dá descanso, nem a dormir, acordo e sonho alto com
preocupações derivadas deste meu trabalho. Ainda assim, gosto e continuo. A
recompensa vem, quando, uma “multidão” de gente nos agradece e reconhece, o
trabalho que desenvolvemos. Para mim é mais importante o reconhecimento, do que
o agradecimento. Tem acontecido isso, durante esta semana, o reconhecimento de
um trabalho válido e bem organizado. Naturalmente que há os “senãos”, há os que
estão sempre do lado do contra, os que não contribuem em nada, mas acham sempre
que fazem muito, os que desejam e profetizam que as coisas, os trabalhos,
corram mal, os mal dizentes, os hipócritas, os egoístas e por aí afora. A esses
respondo com a força do querer e crer no trabalho. Chateiam-me todos estes, os
ociosos que querem tudo mas não fazem nada, nem para eles mesmos, esperam que
os outros façam por eles e para eles, porque eles têm direitos, têm direito aos
subsídios, abonos e por aí, que somos nós que pagamos, têm direito a tomar
refeições, mas que não querem confeccionar, culpa minha e tua que gostas de
trabalhar, que os viciaste nestes direitos. Culpa minha e tua, que trabalhas, e
não exigimos o cumprimento dos deveres. Chateiam-me os críticos que nada fazem, nem apresentam soluções de melhorias. Chateiam-me os "tristes" que só se lamentam. Chateiam-me os negativistas, os que só vêm tudo escuro, a esses aconselho que acendam uma luz, talvez consigam ver alguma coisa. Chateiam-me os que não são agradecidos à vida. Dizem que não há trabalho, que não têm vida. Claro
que não há trabalho, nem há vida, porque não querem. Culpa minha e tua que achamos que
os direitos são só deles, nós só temos deveres, obrigações, obrigação de lhes darmos ociosamente boa vida, enquanto nós trabalhamos para eles. Quando é que
nós damos o murro na mesa e dizemos, basta, eu também tenho direitos, venham fazer aquilo que eu faço,
trabalhem nem que seja de graça e certamente encontrarão um trabalho que os
satisfaça e pelo qual serão recompensados.