terça-feira, 23 de abril de 2019

LOGO EU...

Logo eu, que que não sou dado a descobrir paraísos, celestiais ou terrestres, dou por mim, nesta páscoa, a fazer a subida, arrastando a família, na tentativa de os encontrar. Todos aqueles que, ousam encetar esta caminhada, descoberta dos paraísos, sabem como é cansativo, desmotivante por vezes, doloroso, ofegante, com muita paragens para descanso e reflexão, quiçá com vontade de desistir, de voltar para trás, mas o caminho faz-se caminhando, e um pé puxa o outro e o corpo avança e a mente que não quer, aceita. Mais difícil que fazer o caminho e encontrar o paraíso, é permanecer nele, quantas e quantas vezes nos sentimos na corda bamba, a atravessar a ponte, com medo de dar o passo seguinte, mas se confiarmos uns nos outros, descobrimos que estamos protegidos e motivados para continuar em frente. Mas, como quase tudo na vida terrena, depois de alcançado, depois de atravessada a ponte, deixa de ter o mesmo interesse e significado, é a nossa perpétua insatisfação, desta condição humana e, aí, iniciamos a descida, dizem que, “para baixo todos os Santos ajudam”. Ajudam? Eu duvido…mas quem sou eu para duvidar se a descida, com a ajuda dos Santos, é mais aliviada, ou pode ser tão difícil, dolorosa e penosa quanto a subida, só mesmo os que as fazem podem dizer. Eu, sinceramente não sofri, não sofro, não me foi penoso, não me é penoso, não me foi doloroso, não me é doloroso, faço as subidas e as descidas com gosto, as vezes que forem necessárias, porque o gozo, o prazer, está aí mesmo, nas subidas e nas descidas e não na permanência. É nas descidas, e no regresso a casa, que descobrimos que o paraíso existe e está em nós. Está à distância de um abraço, ao aproximar de um beijo, à cumplicidade de um olhar.

Que cada um encontre o seu paraíso.