Logo eu, que que não sou dado a descobrir paraísos,
celestiais ou terrestres, dou por mim, nesta páscoa, a fazer a subida,
arrastando a família, na tentativa de os encontrar. Todos aqueles que, ousam
encetar esta caminhada, descoberta dos paraísos, sabem como é cansativo,
desmotivante por vezes, doloroso, ofegante, com muita paragens para descanso e
reflexão, quiçá com vontade de desistir, de voltar para trás, mas o caminho
faz-se caminhando, e um pé puxa o outro e o corpo avança e a mente que não
quer, aceita. Mais difícil que fazer o caminho e encontrar o paraíso, é
permanecer nele, quantas e quantas vezes nos sentimos na corda bamba, a
atravessar a ponte, com medo de dar o passo seguinte, mas se confiarmos uns nos
outros, descobrimos que estamos protegidos e motivados para continuar em
frente. Mas, como quase tudo na vida terrena, depois de alcançado, depois de
atravessada a ponte, deixa de ter o mesmo interesse e significado, é a nossa
perpétua insatisfação, desta condição humana e, aí, iniciamos a descida, dizem
que, “para baixo todos os Santos ajudam”. Ajudam? Eu duvido…mas quem sou eu
para duvidar se a descida, com a ajuda dos Santos, é mais aliviada, ou pode ser
tão difícil, dolorosa e penosa quanto a subida, só mesmo os que as fazem podem
dizer. Eu, sinceramente não sofri, não sofro, não me foi penoso, não me é
penoso, não me foi doloroso, não me é doloroso, faço as subidas e as descidas
com gosto, as vezes que forem necessárias, porque o gozo, o prazer, está aí
mesmo, nas subidas e nas descidas e não na permanência. É
nas descidas, e no regresso a casa, que descobrimos que o paraíso existe e está
em nós. Está à distância de um abraço, ao aproximar de um beijo, à cumplicidade
de um olhar.
Que cada um encontre o seu paraíso.