domingo, 14 de junho de 2020

CERTO E ERRADO - CERTEZA E DÚVIDA

Para quem tem tantas certezas e convicções, a dúvida instala-se, e torna-se certeza
(Isidro Santos)

Não acredito na reencarnação, mas já acreditei. Por tudo o que nos acontece no dia-a-dia, ainda há muitos momentos que duvido no que acredito. Desde que me lembro de ser pessoa, quero dizer, desde que penso por mim e não através dos outros e que tomo decisões por mim e não pelos outros ou pelos que os outros pensam, sempre tentei passar a ideia das minhas certezas e convicções, defendendo-as com base na minha informação e conhecimento na altura, e na capacidade de argumentação, até que alguém me prove que estou errado.
Não aceito, nunca aceitei, que quem quer que seja, interfira nas minhas opiniões e convicções e tente impedir-me do que quer que seja, só porque pensa e tem convicções diferentes da minha. Aconteceu esta semana, uma suposta amiga, retirou-me a amizade virtual e suponho que a amizade pessoal, a avaliar pelas considerações que faz sobre a minha pessoa. Desistiu de ser associada duma instituição porque não concorda que eu tenha “motivações políticas” e represente uma instituição. Esclareci a ex-amiga que eu não tenho motivações políticas, tenho simplesmente opiniões, enquanto cidadão, que admito possam estar erradas. Já num passado recente, de setembro do ano passado até então, outras pessoas tentaram impedir-me de ter as minhas opiniões e manifestá-las publicamente. Não sou, nunca fui hipócrita, digo o que penso e penso o que digo, quer isso seja ou não do agrado dos outros.
Naturalmente que, embora ninguém me tenha demonstrado a eventualidade de estar errado, faz com que eu pare, oiça e pense e sobretudo, duvide se estou certo ou errado? Para quem tem tantas certezas e convicções a dúvida instala-se, e torna-se certeza. Ao tornar-se dúvida e certeza, provoca o incêndio no nosso eu, transformando-nos em nada ou quase nada, em cinza. Como a fénix, prefiro continuar a pensar como penso, e agir como ajo.
Penso que só devo ser a reencarnação, de algum espírito inconformado e provocador.
Não sei se é do meu espírito, se do espírito reencarnado, admito que gosto de provocar um pouco.
Provocar as ideias pré-estabelecidas e preconceituosas.
Provocar os acontecimentos.
Provocar o “status quo”.
Provocar a discussão.
Provocar a liberdade.
Provocar o incómodo.
Provocar…

segunda-feira, 8 de junho de 2020

PAPAGAIOS

Uma amiga “virtual” do facebook , embora também nos conheçamos pessoalmente, o que nos torna “amigos” para além do virtual fez uma publicação, há poucas horas, na sua página. Para além de concordar com tudo o que diz, a primeira palavra que me veio à ideia foi “PAPAGAIOS”.
Papagaios porquê?
Pensei, o que é que os papagaios fazem? Para além de outras coisas menos essenciais, o que achamos atractivo e nos chama a atenção nos papagaios, é a sua capacidade de imitar a voz humana.
Porque é que eles conseguem imitar a voz humana? Porque conseguem controlar a siringe que é o órgão presente em todos os pássaros, equivalente às cordas vocais, conjugada com a anatomia do bico, da língua e do palato.
O facto de os papagaios terem capacidade intelectual, faz que sejam capazes de descodificar e memorizar novos sons.
Ou seja, os papagaios, apesar de segundo alguns estudos científicos terem capacidade intelectual, eles apenas repetem por imitação e memorização aquilo que lhes é ensinado. Não têm noção do que dizem, porque o dizem e menos ainda se o estão a dizer correctamente, repetem… repetem… repetem para que nós, que não somos papagaios os oiçamos. E nós ouvimos, porque lhes achamos imensa piada…
Papagaio que se preze, para justificar a ração diária que recebe e o investimento com o seu custo, tem de imitar a voz do dono e repetir o que lhe é ensinado, sob pena de ser retirado do poleiro.
Por outro lado temos os papagaios de papel, sem qualquer capacidade de imitação e de voar por si só. Resta-lhes a habilidade do dono e a força do vento para os fazer levantar do chão.
O “post” da minha amiga, fez-me lembrar a semelhança que existe entre estes papagaios, animais e de papel, e os papagaios humanos. Estes últimos, são em tudo idênticos aos anteriores, têm capacidade intelectual mas não têm noção do que dizem e porque o dizem, apenas repetem… repetem… e repetem... enquanto tiverem audiência e receberem a ração diária, porque foi isso que lhes foi ensinado, apenas devem repetir e os de papel, que sem a mão habilidosa do dono, não se levantariam do chão..
Se no princípio, até achamos imensa piada ao que é repetido, com o tempo e por força da repetição, começamos a achar cansativo e só desejamos que se calem…fez-me lembrar uma outra expressão pronunciada por um rei “porque no te calhas”.
Papagaios humanos repetidores, no mínimo, aprendam outra cantilena para nos entusiasmar de novo.