domingo, 25 de abril de 2021

O "Estado a que Chegámos"

“Meus senhores, como todos sabem há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos”

Capitão Salgueiro Maia

Hoje, uma vez mais, vamos ouvir inflamados discursos sobre o 25 de abril. Não tinha pensado/decidido escrever sobre este dia, até porque tenho a certeza, outros o farão muito melhor que eu.

Quem tem conta no facebook costuma ser “surpreendido” com a pergunta - “ Em que está a pensar Isidro António”?

Nem ligamos a essa pergunta porque é repetitiva e já não nos surpreende. Hoje decidi ligar-me. – Em que estou a pensar?

Estou a pensar no “Estado a que chegámos”. Quarenta e sete anos depois da celebração do vinte e cinco de abril, estamos precisamente no mesmo estado, o “estado a que chegámos” senão pior.

Outra pergunta que é usual fazer-se é – “Onde estava no 25 de abril de 1974”. A esta pergunta nem todos poderão responder, porque alguns do que o viveram já não estão entre nós ou porque ainda não eram nascidos ou porque de tão pequenos, desse dia não têm memória.

Eu tenho memória desse dia e dos dias (época) anteriores e dos dias posteriores até hoje ao “estado a que chegámos”.

Na manhã do 25 de abril de 1974, à semelhança dos meus colegas, professores e “contínuos” tinha-me dirigido para a escola, frequentava a Secção Liceal de Elvas do Liceu Nacional de Portalegre. Saí de casa sem saber que nessa noite, madrugada, se tinha dado o 25 de abril.

Chegados ao liceu, os contínuos mandaram-nos regressar a casa, sem paragens no caminho e ficarmos lá até ordem em contrário. Não me lembro se nos deram alguma explicação do que estava ou tinha acontecido. Mas logo nos apercebemos que algo de muito importante tinha acontecido. Cada um cumpriu à risca a ordem, nessa altura não se discutiam “ordens”, obedecia-se.

Já depois de estar em casa tive a noção do que estava a acontecer, até porque vivia numa cidade militar e viam-se as movimentações das colunas militares. Penso que ainda nesse dia, ou no dia seguinte, contrariando a “ordem” da minha mãe, tive a ousadia de me dirigir às imediações do Regimento de Lanceiros 1, penso que era assim que se chamava o quartel na altura. Esse dia ainda hoje está vivo na minha memória e a adrenalina que senti ao experienciar esses dias. O 25 de abril não foi um dia, foram vários dias.

O que há de semelhante ou diferente ao “estado a que chegámos” antes do 25 de abril de 1974 e o “estado a que chegámos” hoje.

Provavelmente, contrariarei muitas das opiniões, que hoje são tidas como “politicamente” corretas/aceites.   

Diz-se que o “estado a que chegámos”, estávamos antes do 25 de abril, era o de um país subdesenvolvido, pobre, onde se trabalhava de “sol a sol”, iletrado, sem liberdade. Quase sempre se associa o conceito de liberdade à falta de liberdade politica e de expressão. Como se a LIBERDADE fosse apenas isto.

Diz-se que os pobres, os filhos dos trabalhadores, não tinham condições para estudar. Sou filho de um pai trabalhador rural e de uma mãe doméstica que tratava de quatro filhos. Não me lembro de algum dia ter passado fome ou de não ter “nada” para comer. Não comia carne nem peixe todos os dias. Mas comia, nem que fosse uma vez por semana, uma refeição de carne e outra de peixe. Frequentámos eu e os meus irmão mais velhos a escola pública. Frequentei o Liceu de Elvas. Escola pública das “elites”. E não, nunca me senti discriminado.

Sou a excepção à regra? Não! Havia outros.

O “estado a que chegámos” hoje.

Há fome? Há, muita!

Trabalha-se de “sol a sol”? trabalha-se! Mais do que isso, trabalha-se de noite.

Há desemprego? Há! Mais do que isso, há muitos que não querem fazer “nenhum”

Há exploração? Há e muita!

Há quem viva à conta dos outros? Há e muitos!

Há quem não consiga pagar as contas? Há e muitos!

O que fizeram para melhorar as condições de vida dos portugueses? Pouco, ou muito pouco. O que fizeram foi com a “herda” do estado a que chegámos antes do 25 de abril. As reservas de ouro, que delapidaram e roubaram. Fizeram-no com os rios de dinheiro vindo da Comunidade europeia, CEE. Fizeram auto-estradas pagas pela CEE e que ainda hoje continuamos a pagar porque as deram aos amigos para nos continuarem a explorar. Onde está a melhoria de vida para os pobres de então e para os pobres de hoje? Os pobres de então recebem pensões de miséria. Os pobres de hoje recebem subsídios e esmolas do Banco Alimentar contra a Fome e de quem colabora com estas instituições. São os pobres que alimentam o sistema, não são alimentados por ele.

Chegámos à liberdade.

Há liberdade? A pergunta do milhão!!

Quer responder por mim?

Só para ajudar um pouco na resposta. Ainda ontem vi na página de um amigo do facebook dizer que só deveríamos emitir a nossa opinião desde que dominemos os assuntos… pergunto se isso é liberdade ou castração dessa liberdade? “Ainda por cima” esse amigo é jornalista. Onde está então a liberdade de expressão?

Existe liberdade política?

Chegámos ao estado em que uma pessoa, Ana Gomes, pede a ilegalização de quinhentas mil (500.000) pessoas.

Chegámos ao estado em que os "donos disto tudo" se permitem apropriar do 25 de abril. A coberto de desculpas, do "estado em que se vive", apenas quem eles autorizam, podem celebrar o 25 de abril. 

Este é o “estado a que chegámos”.

Outro estado precisa-se.

Outro 25 de abril precisa-se.

Outro Salgueiro Maia precisa-se

Não quero fazer analogias. Mas, será que o André Ventura é o Salgueiro Maia de hoje? Sem armas físicas, mas com a melhor arma de todas, a PALAVRA, e por isso tantos temem o novo 25 de abril?.

 

quinta-feira, 15 de abril de 2021

Esquerda...Direita...Centro

 

Não sou político ou talvez seja e não o saiba. Os ditos políticos dividiram o estado no qual vivemos, a democracia, em direita e esquerda, alguns dizem situar-se no centro, seja lá o que isso for, talvez seja, porque, como diz o adágio popular, é no centro que está a virtude ou porque no centro, sempre ficam mais perto da direita ou da esquerda e assim podem correr de um lado para o outro sem se cansarem muito, deste modo tentam agradar a todos. A Gregos e Troianos.

Nunca se vai conseguir agradar a todos, nem à dita maioria, porque esta é tão volátil quanto o centro.

Os tais políticos e/ou os ideólogos políticos, não se satisfazendo com estas posições, esquerda, direita, ah! esta ideia fez-me recuar no tempo, lembrando-me os meus tempos de militar, esquerda, direita, esquerda direita … como é que nenhum militar se lembrou de esquerda, direita, centro… esquerda…direita…centro, ao que ia, há uns tempos para cá, os esquerdas não satisfeitos com o lugar que ocupavam resolveram criar os extremas esquerdas, polarizaram a esquerda.

Por não haver, penso eu, um partido verdadeiramente à direita, já que os existentes se dizem situados ao centro, há dois anos nasceu um partido que se diz situado à direita, assume-se direita e não centro, ou seja, vem ocupar um espaço deixado sem dono.

Quando se ocupa um espaço, mesmo que não tenha ou se desconheça o dono e se comece a melhorar e a construir e se veja trabalho, os vizinhos exclamam:

- OPSSS! O que é isto?

- Quem são estes?

- O que vêm para aqui fazer?

Às suas próprias perguntas respondem:

- São invasores!

- São ocupas!

No meio destes, há sempre um mais entendido e que exclama:

- Não! são da extrema direita!   

- Temos de acabar com esses gajos!

- Temos de ilegalizá-los!

 e vai daí faz-se uma denúncia ao ministério público e aos tribunais para acabar com a “dita raça”.

Não se avalia se há melhorias no dito terreno. Isso não importa.

Não se avalia se essas melhorias trazem benefícios para os terrenos vizinhos. Isso não importa.

Para os vizinhos é uma provocação, uma invasão daquilo que julgam ser detentores e um perigo iminente de invasão do seu próprio terreno.

Não entendem, nem querem entender, menos ainda, permitir que os intrusos tenham feito o que eles nunca fizeram, a eliminação de parasitas, a desmatação e a construção de uma vida melhor para todos.

Não sou político, e para ser sincero, acredito muito pouco neles, mas quero acreditar nas pessoas. Se nós quisermos podemos fazer diferente para melhor.

Cada um chamar-lhe-á o que quiser. Direita ou extrema direita.

Se estamos numa democracia e se:

há esquerda,

há direita,

há Centro,

há extrema esquerda,

porque não pode haver estrema direita?

Compete a cada um de nós escolher.

Tem de se por fim a este estado de coisas, prática de crimes vários por parte dos políticos e dos agentes de estado sejam eles juízes, professores, militares, forças de segurança, etc.

Quando finalmente há uma voz que se levanta, a de um partido político e do seu líder, tenta-se eliminá-los, seja de que maneira for, recorrendo à ilegalização ou a programas de televisão.

Gostei de ver os programas de televisão, SIC, sobre os “túneis” do dito partido de extrema direita, claro que há sempre a perspectiva e o “terreno ocupado” de quem os faz.

Gostava muito de ver também, os túneis dos ditos partidos de esquerda, de estrema esquerda, do centro e da suposta direita. Só assim estaria em condições de avaliar e comparar.

Sugiro aos jornalistas da SIC e à própria SIC que faça esses programas.

Posso não concordar e de certeza que não concordo, com todas as posições defendidas pelo dito partido de estrema direita, mas concordo e defendo que este estado de coisas tem de ter um fim imediato.

Por um Portugal novo e melhor, onde todos sintamos novamente orgulho da nossa história e de sermos portugueses.

A escolha é nossa. A escolha é minha. A escolha é tua.

Escolhemos a continuação deste estado de coisas que já conhecemos, ou escolhemos a mudança na esperança que seja para melhor.  


domingo, 11 de abril de 2021

Antes que o galo cante

 

No rescaldo do incêndio provocado pela justiça, em todo o país, mais concretamente pelo Sr Juiz de Instrução Ivo Rosa, na sexta-feira, dia 09/04/2021 delicio-me a escarafunchar as cinzas.

Passados estes dias, já todos tivemos oportunidade de proferir as mais pecaminosas palavras, dirigidas aos guionistas e protagonistas desta acção incendiária.

Neste incêndio que já dura à volta sete anos, com mais ou menos labaredas, mas nunca tão altas quanto as de sexta-feira, conclui-se que não há incendiários, não há mãos criminosas, são todos uns santinhos e nós os pacóvios somos os anjinhos.

Muito já foi dito e escrito e todos vão mais ou menos, no mesmo sentido. Não sou nem gosto de ser papagaio, se bem que, adore estes animais, quer pela beleza quer pela capacidade de imitação.

A razão obriga-me a concordar com todos os que não se vêem nas palavras do incendiário. A emoção e as cinzas orienta-me noutro sentido.

Numa época, em que os princípios e valores são deitados com desprezo para a sarjeta, um homem, juiz, demarca-se, não temendo pegar fogo a tudo e a todos, para salvar os seus amigos. Haja coragem!

Nas cinzas, numa página não ardida, ainda se conseguia ler: - Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te afirmo que antes que o galo cante, tu me negarás três vezes!

Recebeu como resposta:

- Ainda que venhas a ser motivo de escândalo para todos, eu jamais te abandonarei!

Todos conhecemos esta história e o seu desfecho. No decorrer deste incêndio alguns alimentavam a vã ilusão da negação antes que o galo cantasse. Não aconteceu assim o “apóstolo” continuou a enaltecer a “santidade” dos que carregavam a cruz e estariam prestes a serem crucificados. Neste incêndio, foi o apóstolo que deu a salvação às santidades.

Todos sabemos que a salvação é um caminho e que o caminho se faz caminhando e este ainda não terminou. No final do caminho veremos quem são os salvos e os crucificados. Não tenho dúvidas, por mais crente que seja que os anjinhos, mesmo antes de terem chegado ao fim do caminho, já estão crucificados.

OUTRO DEUS PRECISA-SE!

quarta-feira, 7 de abril de 2021

Mais do mesmo

Estou a ficar Fã das transmissões “online” das reuniões públicas do executivo de Portalegre.

“Infelizmente”, os debates dos assuntos trazidos à reunião de hoje, 07/04/2021 não corresponderam às minhas expectativas, esperava mais “sangue”. Sangue na guelra naturalmente. Estavam todos muito xoxos.

Esta falta de sangue é devida, com certeza, à falta de oxigénio da água salobra em que os membros do executivo camarário se movem.

Mais do mesmo, praticamente o único assunto trazido a debate antes da ordem do dia, foi uma vez mais, o tal suplemento remuneratório de penosidade e insalubridade. Desde janeiro que o executivo anda a discutir a atribuição deste suplemento. Na última reunião, foram postas a votações duas propostas, uma apresentada pela Sra presidente, Adelaide Teixeira e outra apresentada pelo Sr vereador da CDU, Luís Pargana. Foi aprovada a proposta apresentada pela Sra presidente. Pelo que me foi dado ouvir e de certa forma ver por alguns documentos apresentados, haviam dúvidas e continuam a haver quanto à legalidade do pagamento de retroactivos com efeitos a 01/01/2021 deste suplemento. Na minha modesta opinião, e é a opinião de um simples munícipe, se havia dúvida quanto à legalidade da proposta apresentada pela CDU, esta nem devia ter sido posta a votação. Mas o Sr vereador parece não querer perder e volta à carga.

Ninguém gosta de perder mesmo que o jogo seja a feijões e aqui os feijões como é perceptível perceber são os votos que se avizinham. Todos os feijões contam nem que apareçam “feijões de duas caras”.   

Todos os Sr vereadores, presidente de câmara incluída, dizem que aceitam e concordam com o pagamento de retroactivos desde 01/01/2021 desde que seja legal. Apresentam propostas contrárias a esta intenção de vontade ou legalidade, eternizam a dúvida mas mantêm a discussão. Fico perplexo, não são todos feijões de duas caras?

Uma vez mais, tenho de tirar o meu chapéu, que não uso, ao Sr vereador Correia da Luz, foi o único que me pareceu feijão branco, modo de dizer, feijão de uma cara.

Deixou claro que as suas tomadas de posição, são individuais, são suas, e que o responsabilizam a ele e não a um partido.

Deixou claro que a Sra presidente de câmara devia tomar uma posição definitiva quanto a esta matéria e não eternizar a discussão.

Espero que na próxima reunião, seja trazido pela última vez este assunto, com certezas de qual o procedimento e decisão que sejam aceitáveis legalmente.

Outro assunto, mais do mesmo, é o pagamento/isenção das esplanadas.

O Sr vereador Luís Pargana tem trazido a debate o facto de haver operadores hoteleiros a pagar as esplanadas em espaços destinados a estacionamento concessionados a uma empresa privada. Este assunto vem-se arrastando em reuniões de câmara. A Sra presidente, sempre diz, que já pediu aos serviços esclarecimento sobre o assunto.

Mas que porra! Digo eu que sou alentejano. Não é já tempo dos dorminhocos dos alentejanos, que trabalham nos serviços da câmara já terem acordado. Dormirem um pouco a sesta até dizem que faz bem, mas que raio, o calor ainda não chegou. ACOOORDEM! e respondam à Sr presidente. Claro, porque a culpa é dos funcionários que não há meio de acordarem e darem a resposta que a Sra presidente há muito tempo já pediu.

Será que a Sra presidente também ainda não acordou da sesta e ainda não reparou que não tinha a resposta solicitada. Mas que chefe(a) é este(a) que dorme mais que os funcionários.

Para terminar por hoje, parece que “andem” esta é propositada, todos a dormir a sesta há pelo menos quatro anos.

ACOOORDEM! Srs vereadores, já se faz tarde. Portalegre tem muitos mais problemas importantes que urge que se resolvam.