quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Porque hoje me apetece...

Há dias que cansam por não se fazer nada, ainda que haja muito por fazer.

Há imenso tempo, talvez à volta de cinquenta anos, que brinco, falando a sério, convencido, que, - antes dos cem ninguém me leva, nem morto, nem “Lá o de Cima”, acrescentando sempre, olhando para o alto, não se vá Ele esquecer - já tenho contrato assinado!

Diverte-me olhar a expressão das pessoas quando pronuncio tais palavras.

Uns, sorriem pálidos, duvidando da minha sanidade mental, perante o meu atrevimento, de desafiar o omnipresente. Não os censuro, também eu, muitas vezes, duvido de mim próprio. Outros, tentam acompanhar a brincadeira, a medo, perguntando, como estabeleci o contrato, ou afirmando que também querem fazer o mesmo. Digo-lhes sempre que é um contrato exclusivo.

Acredito mesmo, que sou capaz de cumprir este contrato e até talvez, prorrogá-lo por mais uns tempos.  

Numa época em que cada vez há mais centenários, porque havia eu de ficar a meio, ou “às portas”?

Este meu convencimento, advém da minha linhagem, especialmente paterna. Ainda criança, lembro-me de uma tia do meu pai, velha, velha, encurvada, a cabeça quase batia no chão, só pele e osso, mas sempre a andar, o meu pai se fosse vivo, teria hoje cento e dez anos, morreu com noventa e cinco.

Estou convencido que morreu quando quis morrer e porque quis morrer. Achou que já chegava. Ainda hoje, tenho um tio, irmão do meu pai, com noventa e cinco anos, ainda com saúde, felizmente.

Ou seja, o meu contrato tem fundamentos. Quando o estabeleci, queria bater o “record” de todos eles.

Hoje, neste momento, já não sei se quero.

Viver cansa!

Hoje, pela primeira vez, começo a sentir medo do meu querer, mas não do meu crer.

Começo a sentir medo que, o omnipresente me obrigue a cumprir o contrato, não permitindo aditamentos, nem incumprimentos.

Apetece-me “fazer férias da vida”, quero acrescentar este aditamento e voltar quando estiver saturado das férias.

Já obtive a resposta, e Ele, o Omnipresente, diz-me que não admite tal clausulado.

Diz-me que, se meto “férias da vida” é para sempre!

Diz-me que, não há férias da vida, porque esta continua noutra dimensão…

Viver cansa! Cansa! Cansa demais!

Assim não vamos descansar nunca!

Que cansaço!

FOOOSCA_SE!