“À mulher de César não
basta ser honesta, tem de parecer honesta”
Todos os dias deparamos com programas nas televisões, a denunciarem,
e penso que bem, situações de desmandos que o mesmo é dizer corrupção. É a TVI
a falar dos casos da câmara de Pedrógão Grande, e ontem, dia 22 é a RTP a
falar da câmara de Elvas. Sou Elvense, embora não residente, e confesso que
gosto que falem de Elvas nas televisões, nas rádios, nos jornais em tudo que
seja sitio mas, naturalmente, para continuarem a Elevar Elvas e não a
reduzi-la.
O que está em causa é um concurso para contratação de 82
empregados da Câmara, a questão é?
- Seriam mesmo necessários, todos esses empregados? Claro que
uns, ou quase todos, estes uns ou quase todos, são naturalmente os que
concorreram, ou os seus familiares, dirão que sim, já que a câmara abriu
concurso. A minha reflexão é, e, se em vez de ser a câmara, se fosse uma
empresa, sentiria a necessidade de fazer um concurso ou admissão, para de uma
assentada contratar 82 pessoas? Esta reflexão poder-nos-ia levar a outras, mas
de momento não é esse o objectivo.
- A notícia ou denúncia é a de que, eventualmente, houve ou
há conluio para empregar, dar segurança, ou como diz o vice presidente da câmara
trazer para mais perto da família, e dar estabilidade profissional às pessoas
que lhe são próximas. E a proximidade familiar e estabilidade profissional dos outros
onde fica? Pergunto-me quando os autarcas, e não só, concorrem aos vários “poleiros”
e não pelouros e são eleitos, eles dizem que estão a concorrer para assegurarem
a proximidade familiar e assegurarem a estabilidade profissional sua e dos que
lhes são próximos?
A meu ver, e, certamente no ver de pessoas íntegras, e desconheço
a lei, mas certamente também esta, não impede que, os amigos e familiares dos
que já ocupam lugares de topo ou não, de concorrer e poderem vir a ser admitidos
nos quadros, ou lugares, dos organismos para os quais estão a concorrer.
Tudo será certamente possível se feito com legalidade,
legitimidade e transparência e neste caso, parece-me que há falhas, no mínimo a
transparência. Senão vejamos, desconheço quantas pessoas concorreram no total
aos vários lugares. O que se sabe pela noticia, é que foram admitidas 82
pessoas e das quais, 27 são familiares ou amigos de pessoas do topo, na
hierarquia da câmara ou de funcionários. O meu pensamento vai para quantas
pessoas amigas ou familiares destes, topo ou funcionários, concorreram? Houve
algum familiar ou amigo destes, que porventura não tenha entrado? Os 27 que
entraram foram o total dos familiares e amigos que concorreram? Porque é que
parte das provas foi feita por uma empresa externa e outra parte por um júri composto
por elementos do topo da hierarquia da câmara e que tinham familiares e amigos
a concorrem? Estas pessoas não se deviam escusar a fazer parte desse júri? Só
depois da resposta a estas perguntas poderemos concluir se houve ou não, conluio
na atribuição dos lugares. No entanto, e já diz o ditado “ Quem parte e reparte e não
fica com a melhor parte ou é burro ou não tem arte” e aqui parece-me que
não há burros. Está bem de ver que há interesses, cego não é o que não vê, mas
o que não quer ver. “À mulher de César
não basta ser honesta, tem de parecer honesta”
Já agora permitam-me só mais uma reflexão. Acham que se um
pai ou mãe ou outro familiar qualquer for por exemplo bêbado, alcoólico, o
filho ou filhas têm de o ser também, ou são-no?
Se entendem que não, acham que só por ser filho(a) de bêbados
não pode falar dos bêbados e chamar a atenção para esta “doença social”, então
por que motivo uma jornalista não pode chamar a atenção para outra doença
social que é a corrupção.
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