sábado, 23 de fevereiro de 2019

Ao Mais Alto Nível


“À mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta”

Todos os dias deparamos com programas nas televisões, a denunciarem, e penso que bem, situações de desmandos que o mesmo é dizer corrupção. É a TVI a falar dos casos da câmara de Pedrógão Grande, e ontem, dia 22 é a RTP a falar da câmara de Elvas. Sou Elvense, embora não residente, e confesso que gosto que falem de Elvas nas televisões, nas rádios, nos jornais em tudo que seja sitio mas, naturalmente, para continuarem a Elevar Elvas e não a reduzi-la.
O que está em causa é um concurso para contratação de 82 empregados da Câmara, a questão é?
- Seriam mesmo necessários, todos esses empregados? Claro que uns, ou quase todos, estes uns ou quase todos, são naturalmente os que concorreram, ou os seus familiares, dirão que sim, já que a câmara abriu concurso. A minha reflexão é, e, se em vez de ser a câmara, se fosse uma empresa, sentiria a necessidade de fazer um concurso ou admissão, para de uma assentada contratar 82 pessoas? Esta reflexão poder-nos-ia levar a outras, mas de momento não é esse o objectivo.
- A notícia ou denúncia é a de que, eventualmente, houve ou há conluio para empregar, dar segurança, ou como diz o vice presidente da câmara trazer para mais perto da família, e dar estabilidade profissional às pessoas que lhe são próximas. E a proximidade familiar e estabilidade profissional dos outros onde fica? Pergunto-me quando os autarcas, e não só, concorrem aos vários “poleiros” e não pelouros e são eleitos, eles dizem que estão a concorrer para assegurarem a proximidade familiar e assegurarem a estabilidade profissional sua e dos que lhes são próximos?
A meu ver, e, certamente no ver de pessoas íntegras, e desconheço a lei, mas certamente também esta, não impede que, os amigos e familiares dos que já ocupam lugares de topo ou não, de concorrer e poderem vir a ser admitidos nos quadros, ou lugares, dos organismos para os quais estão a concorrer.
Tudo será certamente possível se feito com legalidade, legitimidade e transparência e neste caso, parece-me que há falhas, no mínimo a transparência. Senão vejamos, desconheço quantas pessoas concorreram no total aos vários lugares. O que se sabe pela noticia, é que foram admitidas 82 pessoas e das quais, 27 são familiares ou amigos de pessoas do topo, na hierarquia da câmara ou de funcionários. O meu pensamento vai para quantas pessoas amigas ou familiares destes, topo ou funcionários, concorreram? Houve algum familiar ou amigo destes, que porventura não tenha entrado? Os 27 que entraram foram o total dos familiares e amigos que concorreram? Porque é que parte das provas foi feita por uma empresa externa e outra parte por um júri composto por elementos do topo da hierarquia da câmara e que tinham familiares e amigos a concorrem? Estas pessoas não se deviam escusar a fazer parte desse júri? Só depois da resposta a estas perguntas poderemos concluir se houve ou não, conluio na atribuição dos lugares. No entanto, e já diz o ditado “ Quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é burro ou não tem arte” e aqui parece-me que não há burros. Está bem de ver que há interesses, cego não é o que não vê, mas o que não quer ver. “À mulher de César não basta ser honesta, tem de parecer honesta”
Já agora permitam-me só mais uma reflexão. Acham que se um pai ou mãe ou outro familiar qualquer for por exemplo bêbado, alcoólico, o filho ou filhas têm de o ser também, ou são-no?
Se entendem que não, acham que só por ser filho(a) de bêbados não pode falar dos bêbados e chamar a atenção para esta “doença social”, então por que motivo uma jornalista não pode chamar a atenção para outra doença social que é a corrupção.

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