domingo, 31 de maio de 2020

IRMÃOS


Há dias para tudo. Assinalo apenas alguns dos relacionados com a família. Dia do pai, dia da mãe, dia dos avós, dia dos namorados, dia da mulher, dia do homem, dia dos tios, dia dos filhos, dia do filho do meio, e até o dia mundial da estupidez e hoje o dia dos irmãos.
Muito sinceramente, não entendo para que servem todos estes dias marcados no calendário. Na maioria, nem sabemos quando eles acontecem, senão, uma aposta, sem ir ver ao Google ou outro motor de busca que hoje sabem tudo, quando se comemora o dia dos tios?
Hoje falo sobre o dia dos irmãos, sou do tempo, ou no meu tempo, adoro estas expressões, de termos irmãos. Ah! Irmãos de pai e mãe. Os nossos pais, podiam não ter tempo para nos criarem, podiam não ter dinheiro para nos alimentar convenientemente, mas arranjavam tempo, o que fosse para fazerem filhos, por falta de televisão dizemos nós hoje. Fosse como fosse ou porque fosse, constituíam família, tinham filhos e havia irmãos.
Hoje não há famílias como a que eu fui criado e educado, ou há muito poucas, infelizmente. Famílias onde os avós viviam com os filhos e os netos. Famílias onde os avós e os pais morriam em casa. Famílias onde os irmãos, os tios e os primos se relacionavam.
Hoje há famílias monoparentais, famílias desestruturadas como é usual dizer-se. Não há filhos, ou quando os há é apenas um, logo não há irmãos, não há tios tão pouco primos.
Não! Há filhos do pai, filhos da mãe, sem outras conotações, são mesmo e só filhos da mãe, mas isso não os torna irmãos.
Porque hoje é dia dos irmãos, seria de prever que os irmãos fizessem alguma coisa para serem irmãos. Fizessem mais do que eu estou a fazer, para além de debitar palavras escritas. Se juntassem em família ou no mínimo que se dignassem a fazer uma chamada telefónica, hoje é tão fácil, e desejassem um bom dia a esse irmão. Quantos de nós o fizemos? Você já o fez? Ainda vai a tempo. Não diga que não tem tempo. Ah! Claro! está à espera que ele/ela o faça primeiro. É sempre o outro, nunca somos nós.
O tempo não perdoa. Somos nós que perdoamos. Faça-o se acha que há alguma coisa a ultrapassar, não fique à espera que seja o outro a perdoar, para que, definitivamente seja irmão, independentemente de ser irmão de pai e mãe, ser de pai ou ser de mãe, afinal todos somos irmão ou não é assim?

quarta-feira, 27 de maio de 2020

POIS É


Gosto de pensar que sou único em muitas coisas, embora nos raros momentos de lucidez, perceba que sou a repetição de todos os outros.
(Isidro Santos) 



A igualdade da desigualdade ou a desigualdade da igualdade, nem sei como defini-la dada a confusão que na minha cabeça vai. Por ventura, sinais da minha demência, a que devo estar atento, se conseguir claro, já que a demência a isso não nos deixa.

No embalo e nos solavancos desta quietude aparente, a minha demência levou-me a sobrevoar, planando, a demência dos demais.
Observei lá do alto, que felizmente, não sou o único demente. Devia dizer, para satisfação de todos os outros, que infelizmente sou o único, mas nestas coisas da demência, mesmo não tendo consciência de tal, quem quer estar só?
Gosto de pensar que sou único em muitas coisas, embora nos raros momentos de lucidez, perceba que sou a repetição de todos os outros.
A minha demência leva-me a observar lá do alto, sim, porque a demência eleva-nos, põe-nos acima de tudo e de todos, ia dizer que não nos deixa ver nada, mas não, deixa-nos ver tudo o que a lucidez nos esconde. Deixa-nos ver a demência daqueles que temos como lúcidos.
Ontem, dia vinte e seis de maio de dois mil e vinte, o órgão de soberania – Presidente da República – Professor Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o diploma da assembleia da república sobre a proibição de festivais e espetáculos de natureza análoga até 30 de setembro, mas com reparos sobre “a garantia do princípio da igualdade”.
A minha demência, não me deixa lucidez suficiente, para me focar nos considerandos de Sua Exª o Presidente da República de tão lúcidos que são. “São areia demais para a minha demência”.
A minha demência, lá do alto, só me deixa observar, se não seria muito mais simples e fácil, para a compreensão dos demais dementes, se é que os há, para além de mim, que o principio de igualdade seja aplicável a todos por igual, sem excepções…Ah! Não! Claro!, não há igualdade naquilo que é desigual. Uma “actividade política”, só porque há uns dementes, que se julgam lúcidos e têm esse direito, como eu tenho o direito de me sentir demente, fazem uns discursos, para ludibriar todas as mentes dementes e que de tanta insistência, já não conseguem atingir a lucidez. Não importa se nessa “actividade política, há ou não actividade cultural de bandas e outras. Isto não é igual, logo o princípio não se aplica.
A minha demência, não consegue compreender, menos ainda aceitar, que haja alunos que não podem fazer exames de melhoria de nota. Que haja pais e filhos que já não se vêm, a não ser por vídeo-chamada, e não se abraçam há já imenso tempo continuem impedidos de o fazer.
Claro que a minha demência, quando faz o supremo esforço, na tentativa de atingir alguma lucidez, compreende que o vírus COVID 19, dadas as suas mutações já deve ter-se “INTELIGÊNCIADO” e já deve ir no COVID 20 ou 21.
Vai daí, só seleciona, os locais, escolas, creches, infantários, ATL, lares de idosos e os mutante que se encontram na demência para se multiplicar ou dividir, depende do ângulo de visão, para fazer com que estes se “INTELIGENCIEM”  e atinjam a lucidez. Os outros locais, “RECINTOS DE CULTO”, sejam eles quias forem, não os vou citar porque a minha demência não consegue lembrar-se deles, mas certamente que, a lucidez destes, sabem a quem me refiro, o VÍRUS da inteligência e lucidez já está instalado.
A minha demência, leva-me a desafiar todos os outros dementes, promotores de actividade cultural que nas datas que tinham previstas, ou com os ajustamentos necessários, convidem outro demente, desde já ofereço-me, para rezar o terço, para dizer uma balelas de engana povo, que o mesmo é dizer, continuem dementes e assim em vez de um espectáculo cultural, como se estes não sejam necessários, teremos um espectáculo de caris religioso ou político e a igualdade será igual.         
  

domingo, 10 de maio de 2020

ELES PODEM TUDO...ELES PODEM TUDO...


“UMA ORDEM E UMA CONTRA ORDEM É UMA AUTÊNTICA DESORDEM”

Como é sabido, após a Organização Mundial de Saúde ter declarado o Covid 19 como pandemia, Sua exª o Presidente da República declarou o estado de emergência renovando-o por três vezes.
A Direcção Geral de Saúde emitiu diversas informações e orientações sobre esta matéria.
O Conselho de ministros decretou, por Decreto-Lei entenda-se, os comportamentos a ter por todos nós, enquanto esta situação se mantiver e/ou não forem alterados, por decreto-lei a normalização dos comportamentos a ter novamente.
Na minha vida profissional havia uma expressão que se empregava muitas vezes, “mande quem pode, obedeça quem deve”. Naturalmente, sempre houve "desobedientes" e que na sua tentativa de não fazer nada, logo perguntavam - Onde é que isso está escrito? Quase sempre a "ordem" estava escrita e ainda que não estivesse, se legítima, legal e da competência de quem a dava era para cumprir, sob pena de incorrer no crime de desobediência. Leu bem CRIME Nem toda a ordem tem de estar escrita. 
Muito tempo antes de conhecer esta expressão, já a tinha interiorizado na minha cabeça e no meu coração. Não basta interioriza-la num dos sítios, isto é tão válido para esta situação em concreto, como para qualquer outra situação que vivamos, sob pena de virmos a falhar todos os objectivos que nos propusermos alcançar. É necessário interiorizarmos na cabeça, na razão, e no coração, no sentir. A cabeça pensa e o coração sente.
Todos nós sabíamos e sabemos, os das minha geração, quem manda numa família, numa sala de aula, numa escola, no local de trabalho, em geral na sociedade e digo manda e não digo mandava, porque os da minha geração ainda continuamos a mandar, numa família, não vou discutir se é o pai ou a mãe, se ambos, se a avó ou o avó, se o cão ou o gato, ou o periquito, nós sabíamos quem mandava e não era relógio de repetição. Dizia uma vez e estava dito.
Infelizmente, hoje não se sabe quem manda e muito menos quem deve obedecer. Todos acham que todos mandam, mas já não acham que todos devem obedecer. Eu que sou um bocado lento no raciocínio, deve ser por ser alentejano, fico perplexo, se todos mandam todos deviam obedecer, ou não é assim? Se ninguém obedece como é que há alguém que manda?
Julgava saber que uma Lei, no sentido lato, e a lei é escrita, nem há o subterfúgio de perguntar onde é que está escrita, era o mando de “alguém” e se é mando, todos a quem lhes é dirigido este “mando” devem obedecer, sob pena de cometerem um CRIME ou contra-ordenação. Pois, parece que tenho andado enganado e pior que isso a enganar aqueles que tenho tentado que interiorizem a disciplina do mando e da obediência. Na sociedade em que vivemos já não manda quem pode e em consequência já não obedece quem deve. A esta conclusão cheguei pelo que se viveu na Assembleia da República no passado dia 25 de abril. Se isto não tivesse sido suficiente, para me convencer, voltaram a mostrar-me que é mesmo assim com os acontecimentos do dia 1 de maio. Ah! Para acabarem definitivamente com as minhas dúvidas, toma lá mais uma demonstração, na “grande realização politico-cultural dede 1976” de que “JÁ NÃO HÁ QUEM MANDE” porque “JÁ NÃO HÁ QUEM OBEDEÇA.
Sinal dos tempos.
Toda esta situação e a expressão “mande que pode obedeça quem deve” fez-me lembrar uma outra, que só a ouvi a uma única pessoa, mas reiteradamente, ao saudoso Militar da GNR, de seu nome, José Gordo, mas que faz todo o sentido.
“UMA ORDEM E UMA CONTRA ORDEM É UMA AUTÊNTICA DESORDEM”