Sinto pena de mim próprio e às vezes alguma raiva, por ainda
acreditar no “Pai Natal”. Mas que raio! será que isso é mesmo mau? Quem é que
não gostaria de poder ser “pai natal” durante o ano inteiro e não apenas num
lapso de tempo, muito curto, e ainda por cima, no final do ano? Ter muitos
presentes para entregar? Satisfazer as ilusões contidas? Dar alegria,
satisfação e esperança aos desesperados? Eu gostava, desejava tanto poder ser
esse pai natal.
Não sei se conseguiria presentes para todos.
Não sei se as renas quereriam colaborar.
Não “chega” ser ou querer ser pai natal, temos de contar com
as renas, se elas se recusarem, não há pai natal que se desloque.
Não sei se teria capacidade, saber e forças suficientes para
satisfazer todas as ilusões e esperanças espalhadas por esse mundo fora.
Não tenho “mais olhos que barriga”, até porque os olhos já
vão falhando e a barriga nunca foi grande.
Por isso, tenho de cingir “esse mundo fora”, ao “meu mundo”.
Este meu mundo é limitado por uma linha a que chamamos concelho de Portalegre e
mais limitado ainda por outra linha designada de União de Freguesias da Sé e
São Lourenço. Ainda assim, é um mundo suficientemente grande, aproximadamente treze
mil almas, com ilusões contidas, presentes por receber e esperança perdida.
Gostava de poder ser o pai natal, dizer às pessoas que a
esperança é a última a morrer. Gostava de poder dizer às pessoas, peça e
acredite que é possível receber.
Foi imbuído deste espírito de “pai natal”, que aceitei fazer
parte, como cabeça de lista, independente, à assembleia de freguesia, da União
de Freguesias da Sé e São Lourenço - Portalegre, apresentada pelo partido
político – CHEGA.
Aquando do convite, efectuado pelo líder da distrital, - Júlio
Paixão, “marquei” a minha posição, deixando claro que, embora comungue de
muitas das ideias defendidas pelo partido “Chega” e pelo seu líder – André
Ventura, não me revia em todas, pelo que não abdicaria “nunca” de continuara a
ser “eu”. A continuar a acreditar nas minhas “crenças,” a defender as minhas
ideias, num contexto de liberdade e de
livre expressão. Queria continuar a fazer as “minhas críticas” e os
elogios quando fosse caso disso, independentemente da cor, da raça, da
ideologia politica, crença religiosa ou clubística. Estas “condições” foram
aceites pelo líder da distrital e membros da concelhia de Portalegre.
No dia um de junho de 2021, num jantar convívio, com a
presença do líder do partido “CHEGA” – André Ventura, fomos apresentados como
candidatos, os cabeças de listas aos vários órgãos autárquicos, doze concelhos
dos quinze do distrito de Portalegre.
Fomos “incentivados” pelo líder da distrital, - Júlio Paixão,
a criar páginas de internet, especialmente nas redes sociais, e “inundar a
internet”, palavras dele.
Com o objectivo de ir dando conhecimento aos eleitores das
actividades dos candidatos e apresentação do programa para Portalegre, junto
com alguma crítica, naturalmente, do que se poderia melhorar, criei um grupo no
facebook, com prévia concordância e autorização do líder da distrital, do
partido “CHEGA”, - Júlio Paixão.
Neste princípio, no dia seis de junho, fiz uma publicação, na
minha página pessoal, na do grupo que acabara de criar e nos “Desabafos de
Portalegre”.
Nesta publicação narrei o facto, que ainda hoje pode ser
constatado, o de uma “empresa” ter feito um serviço de “limpeza”, dos bancos do
jardim da corredoura, que na minha opinião, não foi completado, logo não foi
devidamente executado, independentemente desse serviço ser “pago” ou não.
Se este assunto é o maior problema de Portalegre? – Não,
certamente não é. Foi apenas um motivo com que na altura me deparei e sobre o
qual decidi escrever à semelhança do que já venho fazendo há algum tempo.
A minha publicação parece que “atingiu” o alvo errado. E isto
porquê? porque o empresário, parece ser militante ou simpatizante do partido
“CHEGA” e sentiu-se incomodado e até ofendido, exigindo mesmo um pedido de
desculpa público. De referir que eu nunca ofendi quem quer que seja, nem sequer
referi o nome da empresa ou empresário. Referi apenas um facto, logo não sinto
nenhuma obrigação de pedir desculpas a quem quer que seja.
Reconheço o direito às opiniões deixadas pelos diversos “opinantes”.
Havendo “alguns” que “exigiram” a minha
“cabeça” por mensagem privada enviada ao líder da distrital do partido
“CHEGA” – Júlio Paixão.
Lamento muito sinceramente que um líder político, reconheça
por mensagem que me enviou e transcrevo “…
não li nada de mal a não ser a resposta ordinária do ofendido… contudo, estou a
receber muitas mensagens de indignação o que não compreendo, uma vez que
no post não ofende ninguém, relata apenas uma situação… o AV tbm já disse
muitas e perdeu muitos votos é certo, mas AV está num patamar acima… Tenham
cuidado, isto é uma cidade pequena, um pequeno erro, damos tiros nos pés…” se
deixe influenciar por “opiniões” com as quais não concorda e se deixe
“corromper/subornar”.
No sábado dia doze de junho, após a “dispensa” por telefone,
recebi a confirmação por e-mail que transcrevo:
"Perante a sua publicação numa página com a
imagem do CHEGA, onde de sua livre vontade expõe um caso sobre uns “bancos
do jardim", sem antes ter verificado o porque da situação, a mesma
transmitiu uma imagem muito negativa e polémica, que levou à
degradação da imagem pública e da credibilidade do partido e da
própria distrital.
Conforme alguns prints de mensagens que lhe foram enviadas, facilmente pode
comprovar que gerou uma situação, não apenas preocupante como confrangedora
para todos os restantes elementos dos Órgão Autárquicos, candidato à
presidência da Câmara Municipal de Portalegre, e candidato à Assembleia
Municipal.
Assim, eu, Júlio José Pires Paixão, na qualidade de Presidente da
Distrital do Partido Chega, pelos poderes e competências que me são
conferidos pelo partido CHEGA, depois de ouvir o Presidente do Nucleo Concelhio
e o nosso candidato à presidência da Câmara, informo V.exa., que a partir desta
data deixa de ser o nosso candidato à União de Freguesias da Sé e São Lourenço
de Portalegre, com efeitos imediatos".
Tive oportunidade de
lhe dizer, após ter tomado a decisão de me “afastar”, que lamento que um partido
que tanto ataca a corrupção, o seu líder distrital, os membros da concelhia e
inclusive o coordenador autárquico nacional, - Nuno Afonso se deixem
“corromper/subornar”. No meu entendimento, não há apenas suborno financeiro, de favores
ou de influências, há também o que eu chamo de “corrupção intelectual” e é deste
suborno que estou a falar “corrupção intelectual”.
Fui afastado de candidato à união de freguesias da Sé e São
Lourenço de Portalegre pelo partido Chega, porque os seus líderes se deixaram corromper intelectualmente.
Chego à conclusão que se o meu “post” tivesse tido como alvo,
não um militante ou simpatizante do Chega, mas antes um “comunista” ou
“socialista” eu teria “acertado” e seria até apoiado, como pelos visto, acertei
num “chega” epa! Erraste!.
Só se podem criticar os comunistas ou socialistas, os “CHEGAS”, não.
Se estou arrependido de ter aceite o convite? Não,
sinceramente não. Fez-me ter a experiência, embora por pouquíssimo tempo, por
dentro.
Veio corroborar a minha “ideia/opção” de eventualmente
continuar no maior partido nacional. “O abstencionismo”.
Amigos! O pai natal não existe. Foi uma criação da coca-cola
para nos fazer acreditar nas virtudes de tal bebida e com isso fazer-nos gastar
o “nosso” dinheiro numa ilusão que conseguiríamos os nossos objectivos. Quando
criaram o pai natal não pensaram em nós, pensaram neles, de como se tornarem
“grandes” e encherem os bolsos.
Pense nisto o “CHEGA” é o pai natal que queremos? Pensa(m)
nele(S) ou em nós?.
Como diz o povo “mudam as moscas, mas a merda continua a
mesma”.
Viver o sonho é óptimo. Acordar para a realidade é penoso.
Apesar de tudo, vou continuar a desejar pela vinda de um pai
natal como o idealizo.
Devo um pedido de desculpa sim.
À minha família que me aconselharam a não aceitar o convite.
Aos amigos, especialmente uma amiga, ela sabe a quem me
refiro, que de alguma forma se “escandalizou” pela surpresa de ver o meu nome
associado ao partido “CHEGA”.
A minha tranquilidade resulta no facto de:
“ERRAR É HUMANO”. Eu errei na escolha por acreditar que
seriam diferentes.