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A saga do NRP Mondego
da marinha portuguesa continua.
Quando da
“insubordinação” dos treze militares, tive a oportunidade de nestas páginas, à
semelhança de outros, nas suas, militares ou não, de dar a minha opinião sobre
o acontecimento.
Para uns, há/houve
insubordinação e indisciplina por parte dos treze militares, para outros, um “acto heróico”. Situo-me mais nesta
posição, embora possa admitir, eventualmente, alguma infracção disciplinar e
criminal.
Mas, não me cabe a mim,
como não cabe a nenhum dos “opinadores”, avaliar se há/houve estas infracções.
Essa competência pertence aos tribunais e à estrutura de comando da marinha. Aos
presumíveis infractores e aos seus advogados cabes-lhes proceder à sua defesa. O
certo é que os recursos hierárquicos, dentro da estrutura, dos processos
disciplinares, estão feridos antes de nascerem, o mesmo é dizer, nascem mortos,
quando as entidades de recurso e neste caso, o Chefe do Estado Maior da Armada,
já proferiu publicamente a sua decisão, mesmo antes de se ter dado inicio aos
respectivos processos. Caberá apenas, o recurso ao tribunal administrativo,
para que se profira JUSTIÇA.
No entanto, à
semelhança do que outros já expressaram e concretamente os advogados dos
“infractores” não posso deixar de realçar que a atitude/comportamento do Chefe
do Estado Maior da Marinha não foi de todo isenta, de ter havido também, para
além de eventuais crimes, eventuais infracções disciplinares. Todo o militar sabe que um superior
hierárquico não pode punir um inferior na presença de subordinados seus. O
que o Sr Almirante Gouveia e Melo fez, por mais que depois o negue, foi no
mínimo uma repreensão agravada em público e na presença de subordinados dos
infractores. Hoje, direi mesmo, enquanto proferia a “repreensão agravada” o Sr
Almirante Gouveia e Melo tem/teve a consciência que, estaria a cometer ele
próprio uma infracção, só que, a ânsia
que o foco incida sobre ele “cega-o”.
A comunicação social e
a maioria dos “opinadores”, centraram o seu foco nas eventuais
infracções dos treze militares, como se estas infracções fossem inéditas nas
forças armadas e nas forças policiais, lamento desiludi-los, mas não são inéditas,
Em muitos casos, como será o deste, felizmente que não são.
Preferi incidir o foco,
e continuo a preferir, em salientar a coragem,
destes trezes militares, sabendo os riscos e eventuais consequências que
corriam, em expor situações que em nada dignificam as forças armadas e neste
caso particular a marinha portuguesa.
Tiveram a coragem de
denunciarem situações, que cabiam aos comandantes e mais concretamente ao
comandante da embarcação, mas que este, por falta de coragem não o fez. Talvez
porque, ao que dizem, é preciso coragem, eu diria, “tomates”, para enfrentarem e
contradizer o “todo poderoso” almirante Gouveia e Melo.
À data de hoje
(28/03/2023) sabemos que o NRP Mondego não completou “a missão” de substituição
de pessoal nas ilhas desertas, tendo sido rebocado de regresso à Madeira, mesmo
depois de algumas reparações de emergência, para dar “ares” de que estaria em
condições de navegabilidade aquando da “insurreição”.
Na marinha, e em
especial o Chefe do Estado Maior da Armada, pode tapar o sol com a peneira de
que nunca mandariam o navio para uma “missão impossível”, fica claro que os
trezes “revoltosos” tinham mais que razão.
Hoje estamos a falar da marinha, mas, podemos perguntar como está a "sucata" nos outros ramos da forças armada?
Não, não vou falar nos "Leopard 2".
São estas as forças armadas que o país quer?
Já sei que "muitos", não querem militares, afinal para que servem? só para dispêndio, que pelo que se vê, não tem sido assim tanto, dado o estado calamitoso em que se encontram as forças armadas. Os "muitos" não foram assim tantos, foram os que detinham o poder suficiente, para quase acabarem com eles. Só que, como diz o povo, em altura de trovoada, lembram-se de Santa Bárbara.
Perante esta
incapacidade de cumprimento de missão, por inoperacionalidade do NRP Mondego o
que nos tem a dizer o Comandante do navio e o Chefe do Estado Maior da Armada?
O Sr almirante Gouveia
e Melo, neste momento, deve estar sem chão…AFUNDOU-SE
nas suas próprias palavras.
Em situações “análogas”
a comunicação social, os “opinadores” e o governo, por esta altura, já teriam “decepado”
a cabeça do Sr Almirante Gouveia e Melo. Veja-se o caso da TAP, não hesitaram
em fazer rolar as cabeças dos CEO(s).
Sempre que há situações
que de forma directa e indirecta, envolvem o governo e o estado, não se ouve
uma palavra do Sr primeiro ministro. Este, para além de cego, fica surdo e
mudo. É o deixa andar que, logo, logo, todos esquecem…
Nestas circunstâncias,
o Sr almirante Gouveia e melo, não deveria ou deverá já ter posto o lugar à
disposição? O que o faz continuar?
Será que o foco numa
hipotética candidatura à presidência da república lhe tira a visão?
O actual presidente da
república já lançou a “candidatura” de quatro eventuais interessados, porque
ainda não lançou a candidatura do Sr. Gouveia e Melo? Quando já é conhecido o
interesse deste nesse cargo. Será que não confia nele, tanto quanto diz?
Aguardemos os próximos
episódios.