A Imagem não é minha, mas fica, como ponto de
partida e de reflexão. No tempo de Páscoa onde todos, ou quase todos, desejamos
Páscoa Feliz, em nome de um Deus que, se quer justo e se sabe justo, a imagem
sugere-nos que se faça uma reflexão sobre a justeza que apregoamos em nome de Deus. É esta
a justiça de Deus? É isto que Ele quer para os seus filhos e para todos os
irmãos? Não é de agora, mas sim de todos os tempos que, uns, em nome desse Deus,
que é pai, escravizam, subjugam, exploram e fazem passar fome aqueles que ainda
acreditam, ou querem acreditar nas virtudes desse Deus. Que filhos de Deus são
estes que, só vêm o seu umbigo, fingindo, ou fechando os olhos para os umbigos
dos outros. Ou melhor, os umbigos dos outros só servem para lhes darem maiores
riquezas, sumptuosidade e, alimentarem a sua própria ganância. Deus não é isto.
Isto é o poder dos homens em nome de
Deus. Aprendi, que Deus criou o homem, à sua imagem e semelhança. Hoje, no
privilégio dos meus quase sessenta anos, tenho sérias dúvidas que assim tenha
sido, ou seja. A imagem que eu faço de Deus, é a de um ser “perfeito” com todas
as significações e palavras, que possamos juntar a perfeito. Ora, o homem pelo
contrário, é um ser imperfeito, com defeitos, maldade, violento e tudo o mais
que possamos imaginar e juntar a imperfeito. Então a minha dúvida é, como é que
Deus criou o homem à sua imagem e semelhança? Das duas “três”, ou Deus não é
perfeito, ou o homem não foi criado por Si, à sua imagem e semelhança, ou se
enganou na forma. Então, a minha conclusão, é que, se Deus criou o homem à sua
imagem e semelhança temos de acreditar que cada um de nós é um “deus” criado à imagem
e semelhança de um Deus maior. Talvez assim, não precisássemos de tantos “encaminhadores”
para Deus, porque já o somos. Acredito que o mundo terreno, porque o outro
tenho sérias dúvidas que exista, seria bem mais virtuoso e justo. É neste mundo
terreno que, nós vimos, assistimos e praticamos toda a maldade e injustiça. Se
já levamos tanta prática de maldade, para o “outro mundo”, o que nos faz acreditar, que lá seremos diferentes, para melhor? Que hoje, amanhã e depois sejam sempre
dias de, “Feliz Páscoa”.
Decidi criar este blog "Nem tanto à terra nem tanto ao mar" para iniciar o que me vai no pensamento. Não, não é engano, quero mesmo que se chame assim. Já sei que não se diz assim, mas eu digo como quero, ou não posso? Não? Mas afinal de quem é o blog? É meu, fui eu que o criei, ou foste tu? Esclarecidos? Sim? Ok! então vai chamar-se mesmo "Nem tanto à terra nem tanto ao mar" sim porque eu gosto de ser do contra, ou talvez não, a ver vamos.
sexta-feira, 30 de março de 2018
domingo, 18 de março de 2018
A Nostalgia
Como sói dizer-se, fui
nascido e criado, na sempre bela cidade de Elvas, mais concretamente, em Santa Rita, numa casa velha, tosca e
bela, como diz o poeta José Régio, como se fora feita, para eu morar nela, e
morei até aos vinte 23 anos. Naquele tempo eram sete famílias que moravam
naquele conjunto de casas. A mim bastava-me saltar o muro, que separava a minha
casa, do recreio da escola primária de Santa Luzia. Lembro-me bem, era sempre o
primeiro a chegar à escola, mesmo antes dos contínuos, era assim que se chamava
aos agora auxiliares de acção educativa. Era mesmo chamado por estes de o “galo
da madrugada”, talvez venha daí este meu “péssimo hábito” de detestar chegar
atrasado ao quer que seja. Lembro-me da Carlota, da Teresa, do António Brissos,
do Zé Manel, da Jerónima, do Chico, da Joana, do João, do Arsénio, do Henrique,
do Dinis e do Zé, dos meus primos, Celeste, Júlio e Ana Maria, Lembro-me de uma
casa pequena, mas sempre cheia de gente, sempre cabia mais um. Lembro-me dos
paladares da comida da minha mãe, que todos apreciavam muito. Lembro-me dos
natais e da fogueira, das cantigas ao Deus menino. Lembro-me dos acampamentos
dos ciganos, com os quais brincávamos e brigávamos. Lembro-me do ribeiro que
atravessava a quinta do Bispo e corria ao longo da estrada. Do tanque que
aproveitava a água vinda da cascata da mesma quinta e onde as mães e irmãs mais
velhas lavavam a roupa. Lembro-me dos “cavalos” a correrem no esgoto, tapado,
que atravessa o terreno. Era assim que chamávamos às pedras que rebolavam no
esgoto, quando chovia muito e este enchia. Lembro-me de apanhar rãs nas fontes
e no ribeiro. Lembro-me de apanhar caracóis nos muros velhos das quintas do
Bispo e do Salvador. Lembro-me de apanhar erva para dar às galinhas e aos
coelhos. Lembro-me do projecto que iria ligar o bairro de Santa Luzia ao Bairro
da Piedade. Lembro-me das marcas que deixaram nas paredes a assinalar por onde
passaria a estrada. Lembro-me de a minha mãe dizer que aquilo nunca seria
feito. Lembro-me de passear por aqueles campos com o meu “Rusty” um setter
inglês, o melhor cão que já tive. Lembro-me do canavial que ladeava o ribeiro.
Lembro-me da “bebedeira” que apanhei aos sete/oito anos provocada por um maço
de tabaco “mata ratos”. Serviu de lição, talvez por isso não apanhei o vício de
fumar, nem de me embebedar, aliás aquela foi a minha única “bebedeira”. Belos
tempos, sim belos tempos. Há vinte anos que deixei de morar em Elvas, embora vá
com regularidade, partia-se-me a alma cada vez que ia ver aquele conjunto de
casa abandonadas. No final do ano de 2017 um amigo residente em Elvas, mas a
trabalhar em Portalegre disse-me - tem
de ir ver a moradia que estão a fazer no sitio onde morou. Não resisti, e fui
quase de propósito a Elvas para ver a casa. Gostei, claro que gostei de ver,
que aquele espaço, voltou a ter vida. Estive ali algum tempo, só, a rever
mentalmente como era aquele espaço e como é agora. Fiquei muito contente de
continuar a ver o chafariz na parede da nova casa. Aos novos proprietários
desejo a maior felicidade e não esqueçam esse espaço já teve muitas histórias
de vida.
sábado, 10 de março de 2018
Os pseudo doutores ou serão pseudo burros
Não precisamos recuar muito em tempo, basta recuarmos
quarenta ou cinquenta anos, para constatarmos que os engenheiros e os doutores,
os que o eram, eram-no de verdade. Também, basta-nos recuarmos o mesmo tempo,
para constatarmos que, os que não o eram, não tinham vergonha disso. Hoje,
todos são ou querem ser engenheiros/doutores, e se não têm o canudo, para o
serem, eles mesmos os criam, que o mesmo é dizer os falsificam, muitas vezes
com o patrocínio daqueles que, deviam zelar e respeitar este grau académico.
Tudo vale porque ser doutor dá prestígio e dinheiro. Infelizmente, abundam, no
nosso meio politico, imensos pseudo doutores, pseudo-engenheiros. Ao que foi
imensamente noticiado, eventualmente, tivemos um primeiro ministro pseudo-engenheiro.
Agora acabámos de ter outro primeiro ministro, eventualmente, pseudo doutor
catedrático, e, como se isto fosse pouco, acabam, reparem, eu acabei de
escrever acabam, os do PSD, por ter um secretário geral, pseudo doutorando. A
minha dúvida é se todas estas personagem são pseudo-engenheiros/ doutores ou se
serão na realidade pseudo burros. Os burros que me desculpem, os verdadeiros
burros, os animais de quatro patas, estes não têm culpa nehuma dos pseudos.
Continuando, pseudo significa entre outros, FALSO, será que estes pseudos de
que vos falo são mesmo burros? Hummm!!!. Acho que não, o que eles querem mesmo
é fazer-nos de burros. E nós somos pseudo, ou somos mesmo?
São estes pseudos, leia-se FALSOS cidadãos, leia-se políticos
que nos querem fazer acreditar neles. Tenham ÉTICA, tenham VERGONHA nesses
focinhos, repito FOCINHOS, porque o que fazem é foçar na merda que vocês cagam.
E nós? Se não somos pseudos, e também não somos burros,
porque não reagimos, e mandamos para o CURRAl todos os pseudo-engenheiros/doutores?
sexta-feira, 2 de março de 2018
Aquela maça azul
Era uma pequena aldeia, com pouco mais de trezentos
habitantes,situada num pequeno vale, duma terra distante. À sua volta tinha um
enorme terreno comunitário. As hortas eram o sustento da aldeia. Para além do
cultivo dos terrenos, criavam-se animais, porcos, galinhas, coelhos, algumas
vacas, cabras e ovelhas, que depois eram mortos para a alimentação da
população. Alí não havia supermercados nem “shoping(s)”. O comércio era feito
entre trocas de produtos, todos se sentiam felizes e realizados. O dinheiro? nem
sabiam o que isso era.
Na aldeia também existiam muitas árvores de frutos,
das quais algumas eram macieiras. De dez em dez anos aparecia uma maçã azul,
numa das macieiras, sem que ninguém soubesse explicar o fenómeno do aparecimento
daquela maçã. Nos anos do aparecimento da maçã azul realizava-se um festival, a
que chamavam “Festival da maçã azul”. Só no festival é que podia ser colhida,
mas, ninguém a podia comer. O chefe tinha-lhes dito que, se alguém a colhesse
antes do festival, algo de terrível aconteceria na aldeia.
Muitos acreditavam que aquela maçã daria poderes mágicos,
a quem a comesse, mas, ninguém se atrevia a colhê-la antes do festival, e muito
menos a comê-la.
Chegado o dia do festival, os habitantes colheram a
maçã, e, como em todos os anos meteram-na em cima de uma pequena jangada e deixaram-na
ir rio abaixo. Acreditavam que, com esta pequena cerimónia, todos os males da
aldeia desapareciam. A maça representava todas as doenças, e todos os males que,
deste modo eram transportados para fora da aldeia.
Passados mais dez anos, um habitante jovem, teria uns
seis anos, e que desconhecia que nao podia colher a maçã, ao vê-la não resistiu
e colheu-a, levou-a para casa e mostrou-a aos pais. Estes, ao verem a maçã azul,
nas mãos do filho, ficaram muitos aflitos, e sem saber o que fazer decidiram ir
falar com o chefe da aldeia. O Chefe disse-lhe que iria pensar no que se teria
de fazer, para evitar que algo de terrível acontecesse na aldeia. No dia
seguinte todas as maçãs, de todas as macieiras, estavam azuis. Claro que
culparam a criança pelo que estava a acontecer. Todos os habitantes, e até os
pais quiseram matá-la, e fazer dela um sacrifício. O Chefe não aceitou isso. Os
pais, com medo que algo de mais terrível acontecesse a todos os habitantes da
aldeia, decidiram pôr termo à vida do filho oferecendo-o em sacrificio. O chefe
da aldeia, ao saber disso, decidiu, apesar de ser tarde demais, contar a
verdade aos habitantes. Era ele que pintava as maçãs de azul, para que a aldeia
tivesse uma festa, e se divertisse. Nunca pensou, que a profecia, de que algo
de terrível aconteceria na aldeia, aconteceu mesmo.
Não podia continuar como chefe da aldeia. Quando
acabou de explicar isso aos habitantes, construiu uma jangada, meteu-se em cima
dela, e foi rio abaixo, como iam as maçãs de dez em dez anos. O que lhe
aconteceu não sabemos, mas como as maças, quando íam rio abaixo, simbolizavam
os males a saírem da aldeia, deste modo também ele simbolizava o mal maior a ir
embora.
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