sexta-feira, 30 de março de 2018

O "Deus" Maior e o o "deus" menor

A Imagem não é minha, mas fica, como ponto de partida e de reflexão. No tempo de Páscoa onde todos, ou quase todos, desejamos Páscoa Feliz, em nome de um Deus que, se quer justo e se sabe justo, a imagem sugere-nos que se faça uma reflexão sobre a justeza que apregoamos em nome de Deus. É esta a justiça de Deus? É isto que Ele quer para os seus filhos e para todos os irmãos? Não é de agora, mas sim de todos os tempos que, uns, em nome desse Deus, que é pai, escravizam, subjugam, exploram e fazem passar fome aqueles que ainda acreditam, ou querem acreditar nas virtudes desse Deus. Que filhos de Deus são estes que, só vêm o seu umbigo, fingindo, ou fechando os olhos para os umbigos dos outros. Ou melhor, os umbigos dos outros só servem para lhes darem maiores riquezas, sumptuosidade e, alimentarem a sua própria ganância. Deus não é isto. Isto é o poder dos homens em nome de Deus. Aprendi, que Deus criou o homem, à sua imagem e semelhança. Hoje, no privilégio dos meus quase sessenta anos, tenho sérias dúvidas que assim tenha sido, ou seja. A imagem que eu faço de Deus, é a de um ser “perfeito” com todas as significações e palavras, que possamos juntar a perfeito. Ora, o homem pelo contrário, é um ser imperfeito, com defeitos, maldade, violento e tudo o mais que possamos imaginar e juntar a imperfeito. Então a minha dúvida é, como é que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança? Das duas “três”, ou Deus não é perfeito, ou o homem não foi criado por Si, à sua imagem e semelhança, ou se enganou na forma. Então, a minha conclusão, é que, se Deus criou o homem à sua imagem e semelhança temos de acreditar que cada um de nós é um “deus” criado à imagem e semelhança de um Deus maior. Talvez assim, não precisássemos de tantos “encaminhadores” para Deus, porque já o somos. Acredito que o mundo terreno, porque o outro tenho sérias dúvidas que exista, seria bem mais virtuoso e justo. É neste mundo terreno que, nós vimos, assistimos e praticamos toda a maldade e injustiça. Se já levamos tanta prática de maldade, para o “outro mundo”, o que nos faz acreditar, que lá seremos diferentes, para melhor? Que hoje, amanhã e depois sejam sempre dias de, “Feliz Páscoa”.   

domingo, 18 de março de 2018

A Nostalgia


Como sói dizer-se, fui nascido e criado, na sempre bela cidade de Elvas, mais concretamente, em Santa Rita, numa casa velha, tosca e bela, como diz o poeta José Régio, como se fora feita, para eu morar nela, e morei até aos vinte 23 anos. Naquele tempo eram sete famílias que moravam naquele conjunto de casas. A mim bastava-me saltar o muro, que separava a minha casa, do recreio da escola primária de Santa Luzia. Lembro-me bem, era sempre o primeiro a chegar à escola, mesmo antes dos contínuos, era assim que se chamava aos agora auxiliares de acção educativa. Era mesmo chamado por estes de o “galo da madrugada”, talvez venha daí este meu “péssimo hábito” de detestar chegar atrasado ao quer que seja. Lembro-me da Carlota, da Teresa, do António Brissos, do Zé Manel, da Jerónima, do Chico, da Joana, do João, do Arsénio, do Henrique, do Dinis e do Zé, dos meus primos, Celeste, Júlio e Ana Maria, Lembro-me de uma casa pequena, mas sempre cheia de gente, sempre cabia mais um. Lembro-me dos paladares da comida da minha mãe, que todos apreciavam muito. Lembro-me dos natais e da fogueira, das cantigas ao Deus menino. Lembro-me dos acampamentos dos ciganos, com os quais brincávamos e brigávamos. Lembro-me do ribeiro que atravessava a quinta do Bispo e corria ao longo da estrada. Do tanque que aproveitava a água vinda da cascata da mesma quinta e onde as mães e irmãs mais velhas lavavam a roupa. Lembro-me dos “cavalos” a correrem no esgoto, tapado, que atravessa o terreno. Era assim que chamávamos às pedras que rebolavam no esgoto, quando chovia muito e este enchia. Lembro-me de apanhar rãs nas fontes e no ribeiro. Lembro-me de apanhar caracóis nos muros velhos das quintas do Bispo e do Salvador. Lembro-me de apanhar erva para dar às galinhas e aos coelhos. Lembro-me do projecto que iria ligar o bairro de Santa Luzia ao Bairro da Piedade. Lembro-me das marcas que deixaram nas paredes a assinalar por onde passaria a estrada. Lembro-me de a minha mãe dizer que aquilo nunca seria feito. Lembro-me de passear por aqueles campos com o meu “Rusty” um setter inglês, o melhor cão que já tive. Lembro-me do canavial que ladeava o ribeiro. Lembro-me da “bebedeira” que apanhei aos sete/oito anos provocada por um maço de tabaco “mata ratos”. Serviu de lição, talvez por isso não apanhei o vício de fumar, nem de me embebedar, aliás aquela foi a minha única “bebedeira”. Belos tempos, sim belos tempos. Há vinte anos que deixei de morar em Elvas, embora vá com regularidade, partia-se-me a alma cada vez que ia ver aquele conjunto de casa abandonadas. No final do ano de 2017 um amigo residente em Elvas, mas a trabalhar em Portalegre disse-me -  tem de ir ver a moradia que estão a fazer no sitio onde morou. Não resisti, e fui quase de propósito a Elvas para ver a casa. Gostei, claro que gostei de ver, que aquele espaço, voltou a ter vida. Estive ali algum tempo, só, a rever mentalmente como era aquele espaço e como é agora. Fiquei muito contente de continuar a ver o chafariz na parede da nova casa. Aos novos proprietários desejo a maior felicidade e não esqueçam esse espaço já teve muitas histórias de vida.   

sábado, 10 de março de 2018

Os pseudo doutores ou serão pseudo burros

Não precisamos recuar muito em tempo, basta recuarmos quarenta ou cinquenta anos, para constatarmos que os engenheiros e os doutores, os que o eram, eram-no de verdade. Também, basta-nos recuarmos o mesmo tempo, para constatarmos que, os que não o eram, não tinham vergonha disso. Hoje, todos são ou querem ser engenheiros/doutores, e se não têm o canudo, para o serem, eles mesmos os criam, que o mesmo é dizer os falsificam, muitas vezes com o patrocínio daqueles que, deviam zelar e respeitar este grau académico. Tudo vale porque ser doutor dá prestígio e dinheiro. Infelizmente, abundam, no nosso meio politico, imensos pseudo doutores, pseudo-engenheiros. Ao que foi imensamente noticiado, eventualmente, tivemos um primeiro ministro pseudo-engenheiro. Agora acabámos de ter outro primeiro ministro, eventualmente, pseudo doutor catedrático, e, como se isto fosse pouco, acabam, reparem, eu acabei de escrever acabam, os do PSD, por ter um secretário geral, pseudo doutorando. A minha dúvida é se todas estas personagem são pseudo-engenheiros/ doutores ou se serão na realidade pseudo burros. Os burros que me desculpem, os verdadeiros burros, os animais de quatro patas, estes não têm culpa nehuma dos pseudos. Continuando, pseudo significa entre outros, FALSO, será que estes pseudos de que vos falo são mesmo burros? Hummm!!!. Acho que não, o que eles querem mesmo é fazer-nos de burros. E nós somos pseudo, ou somos mesmo?
São estes pseudos, leia-se FALSOS cidadãos, leia-se políticos que nos querem fazer acreditar neles. Tenham ÉTICA, tenham VERGONHA nesses focinhos, repito FOCINHOS, porque o que fazem é foçar na merda que vocês cagam.
E nós? Se não somos pseudos, e também não somos burros, porque não reagimos, e mandamos para o CURRAl todos os pseudo-engenheiros/doutores? 

sexta-feira, 2 de março de 2018

Aquela maça azul

Era uma pequena aldeia, com pouco mais de trezentos habitantes,situada num pequeno vale, duma terra distante. À sua volta tinha um enorme terreno comunitário. As hortas eram o sustento da aldeia. Para além do cultivo dos terrenos, criavam-se animais, porcos, galinhas, coelhos, algumas vacas, cabras e ovelhas, que depois eram mortos para a alimentação da população. Alí não havia supermercados nem “shoping(s)”. O comércio era feito entre trocas de produtos, todos se sentiam felizes e realizados. O dinheiro? nem sabiam o que isso era.
Na aldeia também existiam muitas árvores de frutos, das quais algumas eram macieiras. De dez em dez anos aparecia uma maçã azul, numa das macieiras, sem que ninguém soubesse explicar o fenómeno do aparecimento daquela maçã. Nos anos do aparecimento da maçã azul realizava-se um festival, a que chamavam “Festival da maçã azul”. Só no festival é que podia ser colhida, mas, ninguém a podia comer. O chefe tinha-lhes dito que, se alguém a colhesse antes do festival, algo de terrível aconteceria na aldeia.
Muitos acreditavam que aquela maçã daria poderes mágicos, a quem a comesse, mas, ninguém se atrevia a colhê-la antes do festival, e muito menos a comê-la.
Chegado o dia do festival, os habitantes colheram a maçã, e, como em todos os anos meteram-na em cima de uma pequena jangada e deixaram-na ir rio abaixo. Acreditavam que, com esta pequena cerimónia, todos os males da aldeia desapareciam. A maça representava todas as doenças, e todos os males que, deste modo eram transportados para fora da aldeia.
Passados mais dez anos, um habitante jovem, teria uns seis anos, e que desconhecia que nao podia colher a maçã, ao vê-la não resistiu e colheu-a, levou-a para casa e mostrou-a aos pais. Estes, ao verem a maçã azul, nas mãos do filho, ficaram muitos aflitos, e sem saber o que fazer decidiram ir falar com o chefe da aldeia. O Chefe disse-lhe que iria pensar no que se teria de fazer, para evitar que algo de terrível acontecesse na aldeia. No dia seguinte todas as maçãs, de todas as macieiras, estavam azuis. Claro que culparam a criança pelo que estava a acontecer. Todos os habitantes, e até os pais quiseram matá-la, e fazer dela um sacrifício. O Chefe não aceitou isso. Os pais, com medo que algo de mais terrível acontecesse a todos os habitantes da aldeia, decidiram pôr termo à vida do filho oferecendo-o em sacrificio. O chefe da aldeia, ao saber disso, decidiu, apesar de ser tarde demais, contar a verdade aos habitantes. Era ele que pintava as maçãs de azul, para que a aldeia tivesse uma festa, e se divertisse. Nunca pensou, que a profecia, de que algo de terrível aconteceria na aldeia, aconteceu mesmo.
Não podia continuar como chefe da aldeia. Quando acabou de explicar isso aos habitantes, construiu uma jangada, meteu-se em cima dela, e foi rio abaixo, como iam as maçãs de dez em dez anos. O que lhe aconteceu não sabemos, mas como as maças, quando íam rio abaixo, simbolizavam os males a saírem da aldeia, deste modo também ele simbolizava o mal maior a ir embora.

Miguel Santos - 8º A - Nº 23 - 19/11/2013 - Escola Secundária de S. Lourenço