domingo, 22 de abril de 2018

Ética "versus" Moral

No decorrer desta semana, fomos invadidos por notícias, sobre os recebimentos em duplicado, por parte dos deputados das ilhas, dos pagamentos das viagens que nem sequer foram efectuadas. O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, puxou dos “galões” e veio em defesa dos seus “subordinados”, dizendo que, não houve nem nesta, nem noutras legislaturas, violações à lei e tão pouco aos princípios éticos. Não me dei ao trabalho de ir pesquisar a lei, admito a possibilidade de, poder não haver violação à lei, até porque, quem as faz, são eles mesmos, os deputados, logo “puxam as brasas às suas sardinhas”.
Para tentarmos perceber, se houve ou não, violação aos princípios éticos, temos de saber e perceber o que são – a palavra ética é proveniente do grego, “ethos”, que significa literalmente “morada”, “habitat”, “refúgio”, ou seja, o lugar onde as pessoas habitam. No entanto, para os filósofos, este termo refere-se a “condutas”, “modo de ser”, “carácter”, “índole”, “natureza”.
Neste sentido, pode-se considerar a ética, como um tipo de postura e que se refere a um modo de ser, à natureza da acção humana. Trata-se de uma maneira de lidar com as situações da vida e, do modo como estabelecemos relações com outra pessoa. Quais são as nossas responsabilidades pessoais, numa relação com o outro? Como lidamos com as outras pessoas em sociedade? Uma conduta ética pode ser um tipo de comportamento mediado por princípios e valores morais.
A palavra “ética”, também pode ser definida, como um conjunto de conhecimentos, extraídos da investigação do comportamento humano, na tentativa de explicar as regras morais, de forma racional e fundamentada. Neste sentido, trata-se de uma reflexão sobre a moral.
Desta maneira, pode-se afirmar que a ética, é a parte da filosofia que estuda a moral, pois reflecte e questiona sobre as regras morais.
Então o que é moral?
A palavra “moral” é originária do termo latino “Moralis”, que significa “relativo aos costumes”, isto é, aquilo que se consolidou, como sendo verdadeiro do ponto de vista da acção.
A moral pode ser definida como o conjunto de regras aplicadas no quotidiano e que são utilizadas constantemente por cada cidadão. Tais regras, orientam cada indivíduo que vive na sociedade, norteando os seus julgamentos sobre o que é certo ou errado, moral ou imoral, e as suas acções.
Desta maneira, a moral é fruto do padrão cultural vigente e, engloba as regras tidas como necessárias, para o bom convívio entre os membros que fazem parte de determinada sociedade.
A moral é formada pelos valores previamente estabelecidos pela própria sociedade e, os comportamentos socialmente aceites e passíveis de serem questionados pela ética.
Pode-se afirmar que, ao falarmos de moral, os julgamentos de certo ou errado dependerão do lugar onde se está.
Por fim, pode-se considerar que a ética engloba determinados tipos de comportamentos, sejam eles considerados correctos ou incorrectos; já a moral estabelece as regras que permitem determinar se o comportamento é correto ou não.
Se considerarmos o sentido prático, a finalidade da ética e da moral é bastante semelhante, pois ambas, são responsáveis por construir as bases que guiarão a conduta do homem, determinando o seu carácter e a sua forma de se comportar, em determinada sociedade.
Podemos então estabelecer como diferença entre ética e moral: a moral refere-se ao conjunto de normas e princípios que se baseiam na cultura e nos costumes de determinado grupo social, já a ética é o estudo e reflexão sobre a moral, que nos diz como viver em sociedade.
Dito de uma maneira mais fácil a moral aplica-se a um grupo, enquanto a ética pode ser questionada por um indivíduo.
Um quadro simples elucida-nos melhor


Ética

Moral
Definição
A ética é o estudo e a reflexão sobre a moral, das regras de conduta aplicadas a alguma organização ou sociedade. 
A moral refere-se às regras de conduta que são aplicados a determinado grupo, em determinada cultura. 
De onde vem
Individual. 
Sistema social.
Porque seguimos
Porque acreditamos que algo é certo ou errado.
Porque a sociedade diz que é a coisa certa a fazer. 
Flexibilidade
A ética é normalmente consistente, embora possa mudar caso as crenças de um indivíduo mudem ou dependendo de determinada situação.
A moral tende a ser consistente dentro de um determinado contexto, sendo aplicado da mesma forma a todos. Porém, ela pode variar de acordo com cada cultura ou grupo.
Excepções
Uma pessoa poderá ir contra a sua ética para se ajustar a um determinado princípio moral, como por exemplo, o código de conduta de sua profissão.
Uma pessoa que segue rigorosamente os princípios morais de uma sociedade pode não ter nenhuma ética. Da mesma forma, para manter sua integridade ética, ele pode violar os princípios morais dentro de um determinado sistema de regras.
Significado
Ética vem da palavra grega "ethos" que significa conduta, modo de ser.
Moral vem da palavra latina "moralis" que significa "costume".
Origem
Universal.
Cultural.
Tempo
Permanente.
Temporal.
Uso
Teórico.
Prático.
Exemplo
João teve uma atitude antiética ao furar a fila do banco. 
Em Portugal é imoral ter mais de uma esposa, enquanto em alguns países como a Nigéria é moralmente aceito. 


Ética = conduta, caracter, modo de ser
Moral = relativo aos costumes

Pelo que acabei de explicar, chego à triste conclusão que, os políticos em geral e os deputados em particular, com o seu “capataz” à cabeça, não têm noção do que é a moral e menos ainda do que é a ética. Bom! reflectindo melhor, se calhar até têm, senão vejamos, se moral é igual a costumes, poucos de nós temos dúvidas de quais são os seus costumes. E se ética é igual a conduta, todos nós também sabemos quais são as suas condutas. Em síntese, se receber em duplicado, por algo que não se fez ou utilizou não constitui violação às normas e costumes da sociedade portuguesa e se estes factos são a norma da nossa conduta, então todos os defensores que dizem que não houve e não há violação aos princípios éticos têm razão. Eu, por mim acho uma flagrante violação à moral e á ética. E você que teve a pachorra de ler e chegar ao fim o que acha?

domingo, 15 de abril de 2018

A Retórica da Guerra

“A guerra é o lugar onde jovens que não se conhecem e não se odeiam se matam entre si, por decisão de velhos que se conhecem, se odeiam mas não se matam”
Erich Hartmann

Após a retórica de ameaças, avanços e recuos, por parte dos Estados Unidos, e do seu mais que tudo, Donald Trump, de ataque às supostas instalações de fabricação e armazenamento de armas químicas na Síria e da consequente destruição dos misseis, por parte da Rússia, e também do seu mais que tudo, Vladimir Putin, mesmo antes de estes atingirem os seus objectivos, eis que o nundo acorda na madrugada de sexta feira 13 de abril, vá-se-lá saber porquê, sexta feita 13, com o ataque concertado, por parte de três países, Estados Unidos da América, Reino Unido e França, a um país soberano, quer se goste ou não, quer se queira ou não é um país soberano. Qualquer destes três países, Estados Unidos, Rússia e Síria são governados por loucos e nenhum deles é flor que se cheire, e parece que a loucura se está a espalhar também pelo Reino Unido e França. Estes loucos, que se julgam os donos do mundo, são-no, porque os outros, os deixam ser. Os outros, os que aqui considero não loucos, e que são todos os Chefes de Estados restantes no mundo inteiro o que fazem? Batem palmas ou não se pronunciam, ou deixam passar um ataque ilegal à luz dos tratados internacionais. Para que servem as Nações Unidas? – na minha definição, “Ninho de Urdidores”. Não nos esqueçamos que a última grande guerra começou sob a loucura de um lunático. Claro que nós sabemos o que são as Nações Unidas e quem manda lá, a propósito sabe que a Síria é um dos países fundadores, pois é..., mas continuemos, quando se entra numa escalada de ameaças, ou estas se cumprem, ou se não se cumprem, quem as pronuncia é descredibilizado. Naturalmente que o Donald Trump e seus seguidores, tinham de fazer alguma coisa para serem levados a sério. Recentemente, sob o mesmo argumento, utilização de agentes químicos, temos o caso o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha, sem que na verdade, ainda nada se tenha provado, se realmente foi usado um agente químico, qual, e por ordem de quem. Ainda todos nos lembramos da invasão a outro país soberano – Iraque, sob o pretexto de este possuir armas nucleares, o que logo após o ataque se veio a verificar e confirmar aquilo que eles, países invasores, sabiam não existir. Aqui e uma vez mais, quase todos os países e Portugal incluído facilitaram este ataque. O nosso então primeiro ministro, e depois presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, para além de nos ter mentido, enganou-nos, dizendo-nos que lhe tinham sido apresentadas provas. Na altura lembro-me de estar convicto que o Iraque não era possuidor de tais armas, como hoje estou convicto que as tropas de Bashar al-Assad não fizeram nenhum ataque à população da Síria com armas químicas. Não sei se as têm ou não, mas não acho provável que as tenham usado. Do meu ponto de vista, não fazia sentido que as usassem, quando se tem o controlo da situação em praticamente todo o país. Faz mais sentido que os Estados Unidos, apoiantes dos “rebeldes”, ao estarem a perder parte do território entretanto sob o seu controlo, tenham sentido a necessidade, de encetar, ou forjado o ataque químico, dizendo que este foi mandado efectuar por Bashar al-Assad. A ser verdade que as instalações ora destruídas, guardassem armas químicas, como é possível que, os inteligentes que mandaram efectuar esta destruição não avaliassem as consequências de tal destruição. Se eles queriam evitar a utilização de tais armas ao destruir as suas instalações não iriam utilizá-las por propagação, atingido o fim que queriam evitar? As notícias que nos chegam pelas nossas televisões são as de que os russos apenas se limitaram a monitorizarem o ataque. Outras noticias dizem-nos que foram neutralizados vários misseis pelas forças de Bashar al-Assad porque é que as televisões não noticiam esta neutralização? Ainda hoje, nas notícias da TVI, vi a reportagem do director de uma das instalações destruídas, junto da mesma o qual dizia que, se naquelas instalações houvesse armas químicas não poderiam estar ali, sem nenhuma protecção. Em que ficamos então, as instalações guardavam armas químicas ou não? Ou o director deste laboratório e os jornalistas que ali se encontravam são todos loucos e queriam morrer ali mesmo sob o efeito de tais armas em direto e a cores?
Por último, os Estados Unidos da América e todos os países produtores de armas, têm de as utilizar, sob pena, de estas ficarem sem efeito e obsoletas, e para isso, fazem a guerra nos paízes longe dos seus. Eles não querem acabar com o terrorismo, fazem o terrorismo. Eles fazem e promovem a guerra e o terrorismo para fazerem mais armas. Porque é que os loucos deste mundo, Estados Unidos, à cabeça não querem que outros países tenham as mesmas armas que eles?     

domingo, 8 de abril de 2018

O "pecado" vindo de cima

Recentemente, foram noticiados que eu me lembre, dois casos de padres católicos que, engravidaram as suas paroquianas e, em consequência, estas deram à luz os seus bebés. Até aqui nada de novo, já que os bebés, resultaram do cruzamento, repito, cruzamento de um homem e uma mulher. Ou há amor nesta relação? Não é de agora, lembro-me que, quando era criança haver um padre, que por sinal, foi meu professor de religião e moral, que visitava regularmente, uma paroquiana que, por sinal, também era professora na mesma escola. Toda a comunidade sabia que o padre, e a professora eram amantes, e dizia-se até que tinham um filho que eu conheci, já que estudávamos na mesma escola e éramos da mesma turma. Este colega vivia com o padre a quem chamava tio.
Bom! Há quem defenda que, o celibato dos padres é uma disciplina, que vem desde a sua origem, ou seja, desde a época apostólica. Outros que se iniciou com o concílio de Trento. Outros ainda, que é uma invenção medieval do Concílio de Latrão. Para o caso, e do meu ponto de vista, pouco importa a sua origem. O que importa é que o celibato dos padres católicos, está fixado num Cânon, para além, de terem assumido o compromisso, com a igreja, que são todos os cristãos católicos, e com o seu Bispo a absterem-se de ter práticas sexuais. A questão aqui, e para mim, nem sequer é a de achar se os padres, devem, ou não, praticar o celibato, isso é assunto deles, mas deixa de ser assunto só deles, e passa a ser assunto de todos nós quando prevaricam, e violam às escondidas, ou não, os cânon que eles juram obedecer, ou seja as regras da própria igreja. Onde está o moral? Do meu ponto de vista, o pior é que a hierarquia da igreja, os bispos, pactuam com estas violações da lei da igreja. Fornicaste? tens filhos? tudo bem, qual é o problema? Nenhum. Tens é de optar, se queres continuar como padre e continuar a pregar o moral e bons costumes, mesmo que tu não os pratiques, só tens é de abandonar a mulher e o/a filho/a que geraste. Ah! Mas tens de assegurar as condições, de subsistência dessa criança. Pura hipocrisia. Onde fica a família que a igreja e os padres tanto defendem? Bom! Não são só os padres que defendem a família, eu também defendo. Senhores cardeais, senhores bispos, senhores padres deixem-se de hipocrisias. Modernizem-se. Os tempos do século XXI não são os tempos dos séculos I, nem II e por aí afora. Aceitem as novas propostas/discussões do actual papa, sobre esta e outas matérias. Deixem que o celibato dos padres, em vez de uma obrigação, seja uma opção de escolha livre, de cada um. Muito provavelmente haveria mais padres católicos. São estas hipocrisias, dos padres, e aqui incluo os bispos, que me deixam um sentimento, cada vez mais acentuado, de afastamento da igreja. É com este moral, que não deixam comungar um novo casal que se voltou a casar legalmente, só porque um dia, se casou por igreja, e esta não separa, o que Deus juntou, mas eles comungam todos os dias, fornicando com mulheres que não desposaram, nem legalmente, nem à luz da igreja, que o mesmo é dizer, do seu ponto de vista à luz de Deus. Haja paciência. Muito mais há para dizer, mas para já fico-me por aqui. Reflitam senhores Bispos.