Casa onde não há pão,
todos ralham e ninguém tem razão
Este provérbio vem a propósito do que se está a passar no
país e em especial na sequência da entrevista do CEMGFA, almirante Silva
Ribeiro ao Público e à Rádio Renascença.
Queixou-se o almirante, da falta de seis mil efectivos nas
forças armadas e dizia ele, “na minha
opinião, coloca em perigo a
segurança das instalações e meios militares e põe em risco missões, quer em
Portugal quer no estrangeiro”.
Pois bem, de imediato
assaltaram-me ao pensamento algumas dúvidas:
- Tem o almirante CEMGFA direito, nestas
matérias, a ter uma opinião?
- Tem o almirante CEMGFA direito,
a exprimir essa opinião, numa entrevista, sem que antes a tenha manifestado,
por escrito, ao(s) seu(s) superior(es) hierárquico(s)?
- Mediu ele a consequência dos
seus actos (entrevista)?
A estas dúvidas, o meu
intelecto, que é limitado, e em nada comparável ao de tão ilustres protagonistas,
tentou responder.
Na minha modesta opinião, e sim,
é apenas uma opinião, o Sr almirante Silva Ribeiro CEMGFA, não tem direito a
opinar, porque nestas e noutras matérias, relevantes para o país, os responsáveis não têm direito a opinar. Têm
o DEVER de demonstrar por estudos
feitos, que lhes é impossível desempenhar com eficácia e eficiência as suas
missões. Tal não ficou demonstrado, limitando-se a dar uma opinião, como se
fosse um Zé ninguém, como eu, sem quaisquer responsabilidades.
Pelos vistos, não transmitiu ao
ministro da defesa essa sua opinião, ou se transmitiu, não a demonstrou com
estudos que provem a sua razão (opinião), daí o ministro ter sido apanhado de
surpresa e ter reagido da forma que reagiu, mas, à frente falarei sobre esta
reacção. Enquanto as pessoas com responsabilidades no país, não tomarem
consciência que não têm direito a ter uma opinião, mas sim, têm o dever de
zelar pelo cumprimento do que lhes está incumbido, “não passaremos da cepa torta”
O CEMGFA, terá consciência, tem
de ter, que ao dizer, e ao saber antecipadamente, porque pertence ao sistema,
que a falta de efectivos põe em perigo a segurança das instalações militares e
põe em risco as missões, tem de ter consequências. Uma delas é a exigência do
aumento de efectivos, para aceitação do cargo, ou a redução das missões. O que
fez ele e fizeram os outros? Aceitam os cargos, não fazem exigências, e se
fazem, porque não obrigam o seu cumprimento no tempo determinado? e continuam a
fingir que está tudo bem?
Vou contar, uma breve história,
de entre muitas, dos meus tempos de militar, e de formador na GNR. Numa
determinada ocasião a DI (Direcção de Instrução) entregou-me 500 testes, ou
mais, já não sei precisar, para classificar e que os teria de entregar, classificados
naturalmente, passadas quarenta e oito horas. Considerei, naturalmente que, o
que me estavam a exigir, era um completo absurdo, porque ninguém conseguiria
com honestidade e rigor cumprir tal missão. De imediato fiz uma conta muito
simples, demonstrado que cada teste levaria no mínimo entre dez a quinze
minutos a corrigir (classificar), não eram testes de cruz, eram escritos, em
muitos deles tínhamos de estar a decifrar a caligrafia, mas adiante, expliquei
X teste vezes y (10 minutos) dá Z minutos/horas/dias. Foi como se tivesse caído
o Santo e a Trindade, e disseram-me – Ah! Mas você faz essas contas todas para
corrigir meia dúzia de testes. Expliquei-lhe que me obrigaram a fazê-las,
porque o que me estavam a pedir, exigir, era impossível concretizar, logo eu
não aceitava aquele prazo. Perante a evidência, demonstrada, tiveram de
aumentar o prazo de entrega.
Isto tudo, para dizer que a opinião não basta, eu não disse: - acho
que não vou conseguir corrigir todos os testes nesse tempo. Demonstrei que não ia
conseguir e recusei entrar no fingimento.
Se o Sr almirante e demais chefes
militares, não conseguem cumprir o que lhe está incumbido, simplesmente não
aceitem. Se ninguém aceitar, quem os incumbe de tais responsabilidades, terão
de “rever a matéria”.
A reacção do ministro foi a de
assinalar a porta de saída ao Sr almirante. Este e os demais que vão fazer? Saem
ou ficam? E os que se seguirem aceitam nas mesmas condições? Não Sr(s), têm uma
palavra a dizer é só, a de demonstrarem, ou não, que o que lhes é pedido,
nestas condições, é impossível concretizar com honestidade e rigor.
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