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O assunto de que vou falar já é “velho” tem perto de um mês. Mas,
porque ainda continua a dar que falar, quer nas redes sociais, quer nos meios
de comunicação oficiais, também eu, hoje, decidi falar sobre ele.
Como é sabido, no dia oito de outubro foi eleito um “trans” como “miss” Portugal. As
regras do jogo, alteradas, permitem que
eles concorram. Concorreu e ganhou.
O assunto, melhor, o tema que me leva a escrever, nem são
tanto as regras do concurso, deste ou d’outros, mas antes, o que está por
detrás ou por “defrente” conforme as opções de cada um.
Eu sou pré vinte de abril de mil novecentos e setenta e
quatro. Neste tempo, eu, porque não tinha ainda assim tanta vivência, nem tinha
a noção, que não podíamos pensar, menos ainda que, não podíamos manifestar a
nossa opinião, fosse no que fosses, desde que essa opinião não estivesse
conforme os ditames do governo/estado.
O estado encarregava-se de ter controladores/bufos que
denunciavam quem “mijasse” fora do penico.
Hoje, todos nós somos controladores/bufos, não sei se do
governo se do quê, mas que somos isso somos.
Para além da muita polémica gerada da eleição do “trans” como miss Portugal, o que me
preocupa e provoca alguma indigestão não são os trans ou o quer que seja, é o
facto de quererem obrigar-me a pensar e
a ter o máximo cuidado com o que digo ou escrevo, especialmente se isso for
contra a “suposta” maioria de hoje em dia.
Não! recuso-me a ter
que seguir a cartilha, se essa cartilha não estiver de acordo com o que penso e
sinto.
No dia vinte e seis de outubro o José Alberto Carvalho e o
Miguel Sousa Tavares, jornalista e comentador da TVI, manifestaram uma opinião
sobre esta eleição, perguntando-se mutuamente se algum deles casaria com o “trans”, tendo ambos dito que não.
Esta manifestação de opinião foi a pólvora que incendiou as
redes sociais e os fulminou, como se eles não tivessem direito a pensar e
manifestarem esse pensamento, mesmo que essa opinião vá de encontro à opinião
da “suposta” maioria.
Nesta matéria penso igual
a eles.
Numa época em que tanto se critica e criminaliza o “bullying”,
comportamento violento e intimidatório que se exerce de maneira verbal, física ou
psicológica, o que é que a suposta maioria fez em relação às opiniões
manifestadas.
Na minha modesta opinião, “Bullying Social”, concordam ou estarei errado?
O facto de existir uma suposta maioria que condiciona, ou quer
condicionar os nossos pensamentos, comportamentos, opiniões, acções e omissões,
não significa que tenham a maioria de
razão. Direi mesmo que na maioria estarão errados.
Foi confrangedor ver ontem, o José Alberto Carvalho pedir
desculpa, por ter direito a ter opinião.
Ensinaram-me a pedir desculpa, sempre que, sem intenção, ofendamos ou magoemos de algum modo outrem ou estejamos errados.
Não tenho nenhum problema em pedir desculpa dentro destas premissas,
mas recuso-me a pedir desculpa, se não reconheço que estou enganado, ou que de
algum modo magoei alguém.
Certo que, a verdade, a maioria das vezes magoa. Mas então, a
solução é mentir? Omitir, esconder,
olhar para o lado?
O José Alberto Carvalho pediu desculpa por algo que
verdadeiramente não sente, não sentiu ter ofendido alguém, não sentiu ter
magoado alguém, apenas o fez porque a isso foi obrigado.
Quando um jornalista é obrigado, nestas condições, a pedir
desculpa, mal vai a coisa…
Tenho a certeza que há uma maioria maior, e, passo o
pleonasmo, que a “suposta maioria”, que pensa como eu, como o José Alberto
Carvalho o Miguel Sousa Tavares e outros, mas que, para parecer bem, preferem esconder os seus valores, princípios, ensinamentos e
opiniões, deixando instalar novos valores e princípios que, ao contrário do que
propagandeiam destruirão a humanidade.
Na próxima quinta-feira, dia dois de novembro cabe a vez ao
Miguel Sousa Tavares, estou curioso de ver o que vai dizer.
Cabe a cada um de nós, começar
a lutar por este BULLYING SOCIAL/LEGAL em que todos temos de pensar e agir
do mesmo modo. Este comportamento faz-me lembrar um filme, que vi há muitos
anos, cujo nome não me lembro, onde todos eram autómatos, só obedeciam a um ser.
Felizmente que, mesmo nos autómatos, houve um “mal programado” que desobedeceu eliminando
o SER CRIADOR, esse sim mal programado.
Confio que de entre todos nós, apareça um autómato
desprogramado.
Recuso-me a ser AUTÓMATO enquanto tiver capacidade para pensar.
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