Encontraram-se ao dobrar da esquina. Apesar de se conhecerem
há muito tempo, ultimamente, não tinham tido muitas oportunidades para
conversar. Percorreram o resto da rua que faltava, entraram no nº 3, e subiram
ao 5º andar dum prédio já meio morto, pelos anos que tinha. Do 5º andar, via-se
o rio, ao fundo, e os barcos que o atravessavam de uma margem à outra. Via-se o
movimento das pessoas nas ruas, os telhados vermelhos, e uma praça enorme, com
uma linda fonte e muitos pombos à sua volta. Diziam muitas vezes, umas ás
outras, que não trocariam esta rua, nem este andar, por nada deste mundo.
Trabalham num “atlier” de alta costura. A Joana é a
desenhadora, a Rita a Maria e a Inês são as costureiras. Cada uma foi para o
seu local de trabalho, e deram início ao mesmo. A Joana deu à Inês, por ser a
mais experiente no corte, um dos novos modelos que tinha desenhado. Enquanto a
Rita e a Maria cosiam os modelos já cortados, a Inês começou a cortar o novo
modelo. Estavam tão concentradas no seu trabalho, que nem se aperceberam da
conversa que a tesoura, a agulha, o dedal, e as linhas estabeleciam ente si. A
conversa era a de saber qual delas era mais importante na costura. A agulha
defendia que ela era a mais importante, porque sem ela as roupas não eram
cosidas, logo não eram roupas, a linha defendeu logo a sua posição, dizendo que
sem linhas que seria da agulha, so sabia era picar. O dedal, encostado ao dedo,
nem se atrevia a abrir a boca, com receio do que viesse a dizer, poder magoar
as suas amigas, e, estas ficarem zangadas com ele. A medo lá foi dizendo, bom
eu não sei se sou importante..., mas, se eu não proteger os dedos das nossas
amigas costureiras, qualquer dia elas não conseguem coser nada, de tantas
picadas da agulha. A agulha riu-se escondida, entre duas dobras de tecido. A
linha, não gostou que a agulha, se estivesse a rir do dedal, de vingança, deu
um nó em si própria, mesmo à ponta da agulha, obrigando-a a continuar enfiada,
na dobra do tecido, e assim provou uma vez mais, à agulha, que ela se quiser
manda na costura. A tesoura que se tinha mantido no silêncio, resolveu intervir
dizendo que, também ela era importante, porque se não fosse ela, a cortar os
tecidos e as linhas, os modelos também não existiam. Os outros olharam
desconfiados para ela e, exclamaram ao mesmo tempo, - querem lá ver uma tesoura abusadora a dár-se importância.
A tesoura que não gostou destas palavras, quis mostrar que tinha mesmo
importância na costura, sorrateiramente, escapou-se por entre as dobras do
tecido e, sem que nenhum dos outros objectos se tivesse apercebido, deu 2
cortes, um por baixo do outro. A Maria levantou do colo, o modelo que estava a
coser, esticou-o e deu um berro de espanto, como é que aquilo tinha acontecido,
dois cortes no modelo, e agora? o que dizia á joana. As linhas, a agulha, o
dedal e a tesoura assustaram-se com o grito da Maria, ficaram com remorsos, por
terem estragado o modelo, e pensarem que cada um deles é mais importante que o
outro. Concluiram que todos são importantes, quando se trabalha em conjunto, e
que ninguém, se deve dar mais importância que aquela que tem.
Miguel ângelo M. Santos - 8º A nº 23 (ano 2013) - Escola Secundária de S, Lourenço de Portalegre
Hoje frequenta o 12º na mesma escola
https://www.facebook.com/isidroantonio.santos
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