sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Compreender


O João e o Tiago encontraram-se no caminho para a escola. Faltam dez minutos, para o início da primeira aula do dia. Após um breve cumprimento, o João pergunta ao Tiago, se já tinha feito o texto desta semana, para ser entregue à professora de português, ao que este responde que ainda não, nem sabia por que ponta lhe havia de pegar. Compreender. Compreender o quê? pensou. Há tantas coisas para compreender. Compreender as atitudes dos pais. Compeender desde logo, as atitudes e comportamentos dos professores. Compreender os comportamentos dos amigos. Ah! e compreender, naturalmente, as nossas próprias atitudes e comportamentos.
Com estes pensamentos chegaram à escola, dirigindo-se de imediato para a sala de aula, pois esta estava prestes a começar.
O dia decorreu normalmente. Não voltaram a falar do assunto. Chegado a casa e depois de ter lanchado, o João, lá teve de voltar, a pensar no tema da semana.
Compreendermo-nos a nós próprios, pareceu-lhe ser o melhor ponto de partida, para podermos compreender os outros. Há tanta coisa que gostava de compreender e sobretudo aceitar. As decisões políticas por exemplo. Como compreender o que os politicos dizem, se hoje dizem o oposto, ao que já disseram. Se têm atitudes e comportamentos contrários, ao que prometeram. Confrontados com esses dizeres, simplesmente negam, ou a culpa é de todos nós, que interpretamos mal as suas palavras. Se se torna dificil compreender como se torna fácil aceitar?.
Neste mundo de incompreensíveis e de incompreendidos, como já diz o provérbio, “quem tem um olho é rei”, e,  eu não compreendo nada.


Miguel Santos nº23 - 8º A - 29/10/2013 - Escola Secundária de S. Lourenço de Portalegre - Hoje frequenta o 12º na mesma escola 

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

De trás para a frente e com rima

Sentei-me num “puff”, fechei os olhos, e tentei imaginar a viagem que iria fazer. Primeiro teria de definir de onde partiria, ocorreu-me logo, obviamente, da minha casa. O destino? onde a imaginação me levasse. O “puf” seria o meu meio de transporte, e imaginei-o como sendo o meu cavalo alado, como o unicórnio. Virei o “puf” de costas para o centro da sala, estiquei as pernas de frente para a janela, e saí disparado para uma viagem que imaginava longa. Percorri caminhos desconhecidos, flutuei sobre as nuvens, vi abismos, senti-me a cair de precipícios, mas, o meu cavalo alado estava lá, para me trazer de novo ao cimo.
Perdi-me, queria regressar, mas não sabia como. Quis fazer o caminho de trás para a frente, mas... não o tinha marcado. Como encontrá-lo?. Não tinha memória dele. Na tentativa de encontrar o caminho, dei voltas em círculos e senti-me puxado, com imensa força, para o centro da terra. Aterrei, bati com força, e acordei, estava deitado na minha cama.
Lembrei-me da viagem que tinha acabado de fazer, e percebi que, ainda me falta fazer muito caminho para a frente, afinal, apenas tenho treze anos. Percebi porque não encontrava o caminho de trás para a frente, porque ainda não o percorri, por isso, não tinha memória dele.
Uma vez, o meu pai perguntou-me se sabia, quando é que uma pessoa se acha velha. Disse-lhe que não sabia. Ele explicou-me que, quando uma pessoa já tem mais memória do tempo que viveu, e das coisas que fez ou deixou por fazer, do que aquelas que, pretende ainda vir a fazer, e a viver, então, essa pessoa está velha. Já não tem sonhos. Felizmente, hoje digo, é bom não fazer a viagem de trás para a frente, seja com rima ou sem rima.
Espero vir a fazer essa viagem de trás para a frente daqui a muitos anos.        



Miguel Santos - 8º A - Nº 23 - 2013 - Hoje é aluno do 12º na Escola Secundária de S. Lourenço de Portalegre                     

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Esquinas Planas

Subi a rua em sentido contrário ao que pretendia. Cruzei-me com várias pessoas, todas desconhecidas.
 Senti vontade de falar com alguém, mas, não encontrei uma pessoa conhecida. Claro que, isso não é motivo suficiente, sempre posso perguntar as horas, onde fica determinada rua, ou outra coisa qualquer.
A verdade é que não me senti, com o à vontade necessário, e suficiente, para iniciar uma conversa com desconhecidos. Ainda se fosse uma desconhecida, e da minha idade, tanto melhor, pensei.
Com este pensamento, continuei a andar. Cheguei ao cimo da rua. Fiquei parado por breves instantes, sem saber para que lado iria, se para a direita, se para a esquerda, ou se seguia em frente, continuando a caminhada, mas iniciando uma nova rua.
Nesta indecisão, reparei que à minha direita, a rua fazia uma esquina com uma montra enorme.
Esta, fazia um ângulo reto, cujos vidros, ocupavam a rua que acabara de subir, e uma outra que ficava à minha direita.
Resolvi então cortar à direita. Parei na esquina da montra, ou seja, precisamente na aresta,  que separa as duas faces da montra. Encostei o meu corpo à esquina da montra, de maneira a ficar com a aresta da montra precisamente a meio do meu corpo, levantei o meu braço direito, e, para minha surpresa vi refletido o meu corpo, no vidro que ficava à minha frente, funcionando este como um espelho. Em vez de um braço levantado tinha os dois.
Levantei também a perna direita, mantendo o braço levantado. Estão a ver a “cena”?, um braço e uma perna levantados, enquanto que a outra perna e o outro braço, se mantinham esticados ao longo do corpo, mas o que eu via refletido no vidro eram os dois braços e as duas pernas. Há pessoas a andar, algumas param, olham e sorriem, e eu penso, na figura ridicula que estou a fazer, mas que me diverte, e pelo olhar cúmplice que vejo no olhar das pessoas, elas de alguma forma também se divertem.
Já me esquecera da vontade que eu tinha de falar com alguêm. Continuei a brincadeira, levantar e baixar o braço e a perna ao mesmo tempo. Não imaginam como foi divertido, ver a imagem refletida no vidro da montra, como se estivesse a flutuar no espaço, sem tocar no chão. Foi divertidíssimo.
Não acreditam?. Façam a experiência, e vão ver como uma esquina plana, pode ser muito divertida.
  
Miguel Santos - nº 23 -8ºA - 22/10/2013 - Hoje frequenta o 12º na Escola Secundária de S. Lourenço de Portalegre

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Apanha que é ladrão


Certamente, todos os que pertencem à minha geração, alguma vez na sua infância, ouviram contar histórias, onde era dita e repetida vezes sem conta, a expressão, “Apanha que é ladrão”.
Esta expressão, veio-me à memória ao ouvir uma noticia, agora mesmo, na TVI e certamente também referida em outras estações televisivas e rádios. Eu repito a expressão, “apanha que é ladrão”, a questão está em saber quem é o ladrão?
Para tentarmos identificar quem é o ladrão, ou quem são os ladrões, temos de saber qual foi, ou é a notícia. A notícia é esta, A CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, está escrita em maiúsculas, precisamente para ficar bem visível, e, talvez já como pista de quem poderá ser o provável ladrão, ou ladrões. Então não é que, a CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, um banco com dinheiros públicos, que o mesmo é dizer dinheiro de todos nós, se prepara para gatunar uma vez mais, a partir de maio, aqueles que nada têm, que o mesmo é dizer míseras reformas. Mas afinal os bancos não servem para nós depositarmos o dinheiro que conseguimos, e poder levantá-lo quando quisermos e sem custos? O negócio dos bancos não é, emprestarem dinheiro, àqueles que a eles socorrem, e aí sim, se pagarem os juros e comissões que eles mesmo nos impõem. Sim porque nós só assinamos, numa outra expressão que eu adoro “nem tossimos nem mugimos”.
Os valores destes juros, para eles, já não chegam, porque outros gatunos, (os que receberam) com o aval de gatunos maiores, concederam empréstimos avultadíssimos, sem nenhumas garantias, e simplesmente gatunaram, os valores que são de todos nós. O que se fez e faz, a esses gatunos? Nada, alguns até foram premiados, com comendas, prémios e por aí afora.
Depois vem o mais alto magistrado da nação, é nação? tenho as minhas dúvidas, pelo menos, avaliando pelo conceito que tenho de nação, mas, como dizia, o mais alto magistrado da nação vem dizer que é justa esta gatunagem. Todos nós sabemos que, o gatuno, é aquele que na minha geração pilhava galinhas e que por esse gesto ía parar à prisão. Hoje os gatunos não pilham galinhas, pilham galinheiros inteiros e por esse gesto até são louvados, e, são tidos como bons gestores, e na opinião douta, do mais alto magistrado da nação, é uma prática justa. Haja pachorra. Eu quero ser gatuno.  

O Regresso

Quando pensamos no título ficamos a pensar de onde o autor vai regressar, ou para onde é que vai regressar. Se pensarmos na primeira opção, o autor pode regressar de um qualquer pais, das férias, do trabalho, temos inúmeras opções. Se pensarmos na segunda opção, se o autor for uma criança, vai poder regressar para a escola, ou, para outra actividade em que esteja a participar. Se o autor for um adulto, e estiver emigrado, pode regressar para a sua terra natal. Mas, tudo isto, são apenas exemplos. Agora vamos aos factos, o autor (eu) é uma criança, e vai regressar à escola.
Quando regressamos à escola, regressamos também aos amigos, aos professores, à matéria, aos trabalhos de casa, e muito mais coisas. Por mais que digamos que podiamos ter mais um mês de férias, e que não temos saudades da escola e de aturar os professores, é mentira,  porque, passado um mês de férias, o que mais queremos é voltar para a escola. O unico problema é que, assim que regressamos, ficamos logo cansados e queremos voltar a ter férias. Por mais que nos digam que temos que ir à escola para ficarmos mais espertos, e arranjarmos emprego quando formos mais velhos, nós continuaremos sempre a achar aquilo uma seca, e vamos continuar sempre a achar isso, mesmo quando formos mais velhos e vejamos que eles tinham razão. Quando estamos na escola, temos que estar com atenção porque depois vamos ter testes de avaliação, e temos que tirar boas notas. Mas, é só nos primeiros dias que estamos preocupados, (depende do aluno). Quando chega a véspera do teste é que são elas, porque temos que estudar todas as matérias que demos para trás, mas, como a vontade de estudar não é muita, vamos para o computador. Chega o dia do teste e anda-se com o livro nas mãos para estudar, o que não costuma dar muitos bons resultados. Em conclusão os pais, os professores e as pessoas mais velhas têm sempre razão, quando nos dizem que temos de estudar diariamente. Afinal, todos eles, já passaram pelo mesmo e sabem do que falam.  

Miguel Santos Nº23 - 8ºA (2013)  - Escola Secundária de S. Lourenço de Portalegre - Hoje frequenta o 12º ano