Subi
a rua em sentido contrário ao que pretendia. Cruzei-me com várias pessoas,
todas desconhecidas.
Senti vontade de falar com alguém, mas, não
encontrei uma pessoa conhecida. Claro que, isso não é motivo suficiente, sempre
posso perguntar as horas, onde fica determinada rua, ou outra coisa qualquer.
A
verdade é que não me senti, com o à vontade necessário, e suficiente, para iniciar
uma conversa com desconhecidos. Ainda se fosse uma desconhecida, e da minha
idade, tanto melhor, pensei.
Com
este pensamento, continuei a andar. Cheguei ao cimo da rua. Fiquei parado por
breves instantes, sem saber para que lado iria, se para a direita, se para a
esquerda, ou se seguia em frente, continuando a caminhada, mas iniciando uma
nova rua.
Nesta
indecisão, reparei que à minha direita, a rua fazia uma esquina com uma montra
enorme.
Esta,
fazia um ângulo reto, cujos vidros, ocupavam a rua que acabara de subir, e uma
outra que ficava à minha direita.
Resolvi
então cortar à direita. Parei na esquina da montra, ou seja, precisamente na
aresta, que separa as duas faces da
montra. Encostei o meu corpo à esquina da montra, de maneira a ficar com a aresta
da montra precisamente a meio do meu corpo, levantei o meu braço direito, e,
para minha surpresa vi refletido o meu corpo, no vidro que ficava à minha
frente, funcionando este como um espelho. Em vez de um braço levantado tinha os
dois.
Levantei
também a perna direita, mantendo o braço levantado. Estão a ver a “cena”?, um
braço e uma perna levantados, enquanto que a outra perna e o outro braço, se
mantinham esticados ao longo do corpo, mas o que eu via refletido no vidro eram
os dois braços e as duas pernas. Há pessoas a andar, algumas param, olham e
sorriem, e eu penso, na figura ridicula que estou a fazer, mas que me diverte,
e pelo olhar cúmplice que vejo no olhar das pessoas, elas de alguma forma
também se divertem.
Já me
esquecera da vontade que eu tinha de falar com alguêm. Continuei a brincadeira,
levantar e baixar o braço e a perna ao mesmo tempo. Não imaginam como foi
divertido, ver a imagem refletida no vidro da montra, como se estivesse a
flutuar no espaço, sem tocar no chão. Foi divertidíssimo.
Não
acreditam?. Façam a experiência, e vão ver como uma esquina plana, pode ser
muito divertida.
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