quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Esquinas Planas

Subi a rua em sentido contrário ao que pretendia. Cruzei-me com várias pessoas, todas desconhecidas.
 Senti vontade de falar com alguém, mas, não encontrei uma pessoa conhecida. Claro que, isso não é motivo suficiente, sempre posso perguntar as horas, onde fica determinada rua, ou outra coisa qualquer.
A verdade é que não me senti, com o à vontade necessário, e suficiente, para iniciar uma conversa com desconhecidos. Ainda se fosse uma desconhecida, e da minha idade, tanto melhor, pensei.
Com este pensamento, continuei a andar. Cheguei ao cimo da rua. Fiquei parado por breves instantes, sem saber para que lado iria, se para a direita, se para a esquerda, ou se seguia em frente, continuando a caminhada, mas iniciando uma nova rua.
Nesta indecisão, reparei que à minha direita, a rua fazia uma esquina com uma montra enorme.
Esta, fazia um ângulo reto, cujos vidros, ocupavam a rua que acabara de subir, e uma outra que ficava à minha direita.
Resolvi então cortar à direita. Parei na esquina da montra, ou seja, precisamente na aresta,  que separa as duas faces da montra. Encostei o meu corpo à esquina da montra, de maneira a ficar com a aresta da montra precisamente a meio do meu corpo, levantei o meu braço direito, e, para minha surpresa vi refletido o meu corpo, no vidro que ficava à minha frente, funcionando este como um espelho. Em vez de um braço levantado tinha os dois.
Levantei também a perna direita, mantendo o braço levantado. Estão a ver a “cena”?, um braço e uma perna levantados, enquanto que a outra perna e o outro braço, se mantinham esticados ao longo do corpo, mas o que eu via refletido no vidro eram os dois braços e as duas pernas. Há pessoas a andar, algumas param, olham e sorriem, e eu penso, na figura ridicula que estou a fazer, mas que me diverte, e pelo olhar cúmplice que vejo no olhar das pessoas, elas de alguma forma também se divertem.
Já me esquecera da vontade que eu tinha de falar com alguêm. Continuei a brincadeira, levantar e baixar o braço e a perna ao mesmo tempo. Não imaginam como foi divertido, ver a imagem refletida no vidro da montra, como se estivesse a flutuar no espaço, sem tocar no chão. Foi divertidíssimo.
Não acreditam?. Façam a experiência, e vão ver como uma esquina plana, pode ser muito divertida.
  
Miguel Santos - nº 23 -8ºA - 22/10/2013 - Hoje frequenta o 12º na Escola Secundária de S. Lourenço de Portalegre

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