quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

De trás para a frente e com rima

Sentei-me num “puff”, fechei os olhos, e tentei imaginar a viagem que iria fazer. Primeiro teria de definir de onde partiria, ocorreu-me logo, obviamente, da minha casa. O destino? onde a imaginação me levasse. O “puf” seria o meu meio de transporte, e imaginei-o como sendo o meu cavalo alado, como o unicórnio. Virei o “puf” de costas para o centro da sala, estiquei as pernas de frente para a janela, e saí disparado para uma viagem que imaginava longa. Percorri caminhos desconhecidos, flutuei sobre as nuvens, vi abismos, senti-me a cair de precipícios, mas, o meu cavalo alado estava lá, para me trazer de novo ao cimo.
Perdi-me, queria regressar, mas não sabia como. Quis fazer o caminho de trás para a frente, mas... não o tinha marcado. Como encontrá-lo?. Não tinha memória dele. Na tentativa de encontrar o caminho, dei voltas em círculos e senti-me puxado, com imensa força, para o centro da terra. Aterrei, bati com força, e acordei, estava deitado na minha cama.
Lembrei-me da viagem que tinha acabado de fazer, e percebi que, ainda me falta fazer muito caminho para a frente, afinal, apenas tenho treze anos. Percebi porque não encontrava o caminho de trás para a frente, porque ainda não o percorri, por isso, não tinha memória dele.
Uma vez, o meu pai perguntou-me se sabia, quando é que uma pessoa se acha velha. Disse-lhe que não sabia. Ele explicou-me que, quando uma pessoa já tem mais memória do tempo que viveu, e das coisas que fez ou deixou por fazer, do que aquelas que, pretende ainda vir a fazer, e a viver, então, essa pessoa está velha. Já não tem sonhos. Felizmente, hoje digo, é bom não fazer a viagem de trás para a frente, seja com rima ou sem rima.
Espero vir a fazer essa viagem de trás para a frente daqui a muitos anos.        



Miguel Santos - 8º A - Nº 23 - 2013 - Hoje é aluno do 12º na Escola Secundária de S. Lourenço de Portalegre                     

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