Sentei-me
num “puff”, fechei os olhos, e tentei imaginar a viagem que iria fazer.
Primeiro teria de definir de onde partiria, ocorreu-me logo, obviamente, da
minha casa. O destino? onde a imaginação me levasse. O “puf” seria o meu meio
de transporte, e imaginei-o como sendo o meu cavalo alado, como o unicórnio. Virei
o “puf” de costas para o centro da sala, estiquei as pernas de frente para a
janela, e saí disparado para uma viagem que imaginava longa. Percorri caminhos desconhecidos,
flutuei sobre as nuvens, vi abismos, senti-me a cair de precipícios, mas, o meu
cavalo alado estava lá, para me trazer de novo ao cimo.
Perdi-me,
queria regressar, mas não sabia como. Quis fazer o caminho de trás para a frente,
mas... não o tinha marcado. Como encontrá-lo?. Não tinha memória dele. Na
tentativa de encontrar o caminho, dei voltas em círculos e senti-me puxado, com
imensa força, para o centro da terra. Aterrei, bati com força, e acordei,
estava deitado na minha cama.
Lembrei-me
da viagem que tinha acabado de fazer, e percebi que, ainda me falta fazer muito
caminho para a frente, afinal, apenas tenho treze anos. Percebi porque não
encontrava o caminho de trás para a frente, porque ainda não o percorri, por
isso, não tinha memória dele.
Uma
vez, o meu pai perguntou-me se sabia, quando é que uma pessoa se acha velha.
Disse-lhe que não sabia. Ele explicou-me que, quando uma pessoa já tem mais
memória do tempo que viveu, e das coisas que fez ou deixou por fazer, do que
aquelas que, pretende ainda vir a fazer, e a viver, então, essa pessoa está
velha. Já não tem sonhos. Felizmente, hoje digo, é bom não fazer a viagem de trás para a frente, seja com rima ou
sem rima.
Espero
vir a fazer essa viagem de trás para a frente daqui a muitos anos.
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