segunda-feira, 1 de março de 2021

Racista e Xenófobo! Eu?

 

Em que ficamos há raça ou não há raça? Confuso?

Os novos “modeladores” de pensamento

Nasci pobre e continuo pobre.

Nasci branco e de famílias brancas e continuo branco.

Frequentei escolas públicas de brancos, porque as frequentei em Portugal, onde a maioria da população era branca.

Casei com uma mulher branca e de famílias brancas e tive três filhos brancos. Um deles, já casou com uma mulher branca e de famílias brancas, embora não portuguesas. Ainda não tenho netos brancos, mas espero e desejo vir a tê-los.

Quando frequentei a escola pública de brancos, foi-me ensinado e assim aprendi, que os nativos de áfrica eram pretos e tinham o cabelo encaracolado, assim sem mais. Que os nativos da américa do sul, Brasil, por ter sido uma colónia portuguesa eram os índios e eram vermelhos. Os nativos da ásia eram amarelos. Os nativos da europa eram brancos. 

Não vou discutir se os brancos são mesmo brancos ou se são rosa. Se os pretos são mesmo pretos ou se são castanhos. Se os índios são mesmo vermelhos ou… a mim nunca me pareceram vermelhos, talvez porque nunca tenha visto um verdadeiro índio ao vivo e a cores. Se os asiáticos são mesmo amarelos ou…

O que sei é que assim nos era ensinado, hoje não sei como se ensina, e não havia discussão, talvez porque a palavra do professor era lei, talvez porque não havia pretos, não havia vermelhos, não havia amarelos nas salas de aula.

Quer queiramos ou não, a cor da pele é uma característica física que nos distingue, entra pelos olhos adentro de qualquer um de nós.

Porque é que eu sou racista e xenófobo só porque sendo branco digo ele(a) é preta, vermelha ou amarela. Não consigo entender.

Porque é que eu sou racista e xenófobo só porque sendo inteligente digo ele(a) é burra. Não consigo entender.

Porque é que sou racista e xenófobo só porque sendo bonito digo ele(a) é feia. Não consigo entender.

Porque é que sou racista e xenófobo só porque sendo magro digo ele(a) é gorda. Não consigo entender.

E podia continuar a lista seria interminável.

Ah! Pois claro! Porque o eu ser inteligente, ser bonito, ser magro é uma característica minha e eu sou livre de me caracterizar como bem entender. Já não sou livre para caracterizar os outros, isso já é ser racista e xenófobo. Pois claro.

Para lembrar ou fazer aprender os burros de hoje que se acham sabedores, os verdadeiros racistas e xenófobos e os actuais moldadores de consciências e fazedores de alteração da história fiquem sabendo, que o ser humano é o único ser vivo na terra que classifica tudo. Para os distinguir, no que são distintos e para os igualar no que são iguais. É racista e xenófobo por natureza e inteligência. Eu e tu, branco, preto, vermelho, ou amarelo somos racistas e xenófobos.

Assim, criou aquilo a que chamou classificações taxonómicas da vida.

Claro que não vou entrar numa “aula” de ciências porque para além de extensa, esse não é o objectivo e porque não tenho gabarito para tal. Apenas lembrar os que se esqueceram ou nunca chegaram a aprender.

Reino: a mais ampla das classificações taxonómicas tradicionais. Separa os seres vivos em categorias mais gerais e inclusivas – Amimalia, Platae, Bacteria.

Filo: Agrupamento amplo que divide os membros de um reino em categorias de acordo com certas semelhanças estruturais e genéticas mais gerais. – Chordata, Magnoliophyta, Proteobacteria.

Classe: Agrupamento médio que divide os membros de um filo em categorias mais específicas de acordo com plano corporal, ancestralidade comum etc. – Mammalia, Magnoliopsida, Gamma, Proteobacteria.

Ordem: Agrupamento que divide os membros de uma classe em subgrupos, cujos integrantes apresentam características específicas e definitivas e têm ancestrais em comum. O nome geral de um grupo de animais vem da sua ordem. Por exemplo: os membros da ordem dos Primatas são conhecidos como “macacos” – Primates, Rosales, Enterobacteriales.

Família: Agrupamento relativamente específico que divide os membros de uma ordem em conjuntos lógicos de organismos relacionados uns aos outros. Na nomenclatura em latim, os nomes das famílias costumam terminar em “ae” – Hominidae, Rosaceae, Enterobacteriaceae.

Género: Agrupamento específico que divide os membros de uma família em subgrupos compactos de organismos bem parecidos. Quase todos os membros de um género são descendentes directos de um único ancestral comum. O nome deles compõe a primeira parte do nome científico de um organismo e sempre é escrito em itálico e com a inicial maiúscula. – Homo, Rubus, Escherichia.

Espécie: A classificação mais específica de todas. Refere-se a um grupo delimitado e exacto de organismos, que são idênticos em termos de morfologia. Somente membros de uma mesma espécie são capazes de procriarem. O nome deles compõe a segunda parte do nome científico de um organismo e sempre é escrito em itálico e com inicial minúscula – sapiens, rosifolius, coli

Perante esta extensa exposição, o ser humano é um animal como todos sabemos, logo pertence ao reino Amimalia. Ao filo Chordata. À classe Mammalia (mamífero). À ordem Primates (Primatas). À família Hominidae. Ao género Homo. À espécie sapiens.

Diz-nos a ciência que os indivíduos da mesma espécie têm aparência semelhante e podem cruzar e procriar somente com indivíduos da mesma espécie. A ciência diz-nos mais, diz-nos que mesmo pertencendo à mesma espécie, dois animais podem ter aparências distintas e dão como exemplo: o Chihuahua e o golden retriever são bem diferentes um do outro, mas ainda pertencentes à mesma espécie.

As espécies ainda podem ser divididas em sub-espécies ou raças e por isso os Chihuahua e os golden retriever são de raças diferentes. O sapiens que tudo classifica, não teve a coragem de se “raçar” a si próprio, mal a meu ver, mas quem sou eu para fazer tal afirmação. É por demais evidente que o sapiens também tem raça, goste-se ou não. Queira aceitar-se ou não. Porque o sapiens não teve essa coragem logo cientificamente a raça não existe, vou centrar-me apenas na espécie. Diz-nos a ciência que mesmo pertencendo à mesma espécie dois animais podem ter aparências distintas.

É disto mesmo que se trata, dois animais pertencendo à mesma espécie “sapienspodem ter e têm aparências diferentes. Uns são brancos com olhos azuis e cabelos loiros. Outros são brancos com olhos castanhos, pretos ou o que seja. Outros são pretos com olhos azuis e cabelo em carapinha. Outos são pretos com olhos castanhos e cabelo em carapinha, Outros são vermelhos com cabelo preto luzidio. Outros são amarelos com os olhos em bico.

Só porque eu faço salientar uma destas aparências quando me refiro a um individuo desta espécie e refiro preto estou a ser racista e xenófobo. Um preto referir-se a mim como branco já não é racista nem xenófobo, está a lutar pelos seus direitos. Se eu disser que um Islandês é branco de olhos azuis já não sou nem racista nem xenófobo. 

Com tudo isto, há uma dúvida que me assalta o pensamento. Se a classificação taxonómicas do sapiens (seres humanos) termina na espécie não a levando até à sub-espécie ou raça porque é que eu sou racista se me fico na espécie.

(vou voltar a este assunto na próxima publicação)


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