domingo, 23 de dezembro de 2018

O OPÍPARO Natal


As autarquias gastam imenso dinheiro com enfeites de Natal e deixam os desabrigados a dormir na rua. Por exemplo, Lisboa gasta todos os anos mais de um milhão de euros, quantia que dava para abrigar/proteger, tirar da rua, definitivamente, todos os moradores de rua da cidade.

Há uma ideia generalizada de que o Natal é a comemoração do nascimento de Jesus. Desculpe estragar a festa, mas Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro nem há 2018 anos atrás. Então vejamos.

No tempo do Império Romano, havia uma festa dedicada a Saturno (deus grego Cronos/tempo e da agricultura), denominada de Saturnalia, marcando o solstício de inverno. Era uma data muito importante para os povos agrícolas, como o caso dos romanos. Uma festa popular, para agradar os deuses e pedir que o inverno fosse brando e o Sol retornasse ressuscitado, no início da Primavera, o renascimento da vida. O culto solar era celebrado nos dias 24 e 25 de Dezembro, data de nascimento da divindade. Era um período de suspensão do trabalho, de visitar parentes e amigos, de ser generoso, solidário, de oferecer prendas. Isso lembra o Natal, não?
No século IV, o politeísta imperador Constantino converte-se, oficializa o Cristianismo e nasce, assim, a Igreja Católica. Absorveu e ressignificou práticas pagãs diversas; neste caso, o festejo pagão da Saturnalia, transformando-o numa celebração cristã. O Papa Gregório XIII, no século XVI, com a criação do calendário gregoriano, fez o resto. A partir daí, o nascimento de Cristo (que não nasceu no dia 25 e ninguém sabe a data exata) começa a ser celebrado pelos cristãos.
Portanto, o Natal não existe, pelo menos não da forma como a maioria imagina – o nascimento do menino Jesus.
Em que se transformou, hoje, esta antiga data pagã?
Uma cultura do consumo. Capturada pelo comércio, a data é para vender coisas, na sua grande maioria supérfluas. Uma agressiva propaganda na televisão, jornais, revistas, na internet, provoca uma azáfama, planos, listas de compras, centros-comerciais lotados, lojas abarrotadas de gente, ávidas para comprar. As crianças de hoje, exageradamente mimadas, exigem e obtêm, um sem número de prendas. Às vezes, são tantas que não conseguem abri-las todas ou valorizam mais as embalagens do que os próprios brinquedos.
É a época dos políticos e governos, maioritariamente corruptos, que passam o ano a roubar e a esbanjar os impostos e, nesta data, mandam belas mensagens e participam em jantares junto com os pobres, com os sem abrigo, miseráveis estes que os próprios políticos e agentes do governo criaram (ou ajudaram a criar) ao desviar o dinheiro que poderia garantir a comida e o bem-estar deles o ano todo. É lógico que esta ‘solidariedade’ natalina dos políticos deve ser sempre acompanhada por uma ampla cobertura da imprensa.
É a época das pessoas famosas, do jet-set, atores/atrizes, jogadores de futebol, que passam o ano a ganhar milhões e a sonegar impostos (prejudicando os contribuintes e os mais pobres), aparecerem na TV em programas ‘beneficentes’ para dar a entender que são solidários. Ficam sempre bem vistos perante a sociedade.
As autarquias gastam imenso dinheiro com enfeites de Natal e deixam os desabrigados a dormir na rua. Por exemplo, Lisboa gasta todos os anos mais de um milhão de euros, quantia que dava para abrigar/proteger, tirar da rua, definitivamente, todos os moradores de rua da cidade.
Todos, decisores políticos ou não, deviam assistir o emocionante filme Cardboard Boxer (2016) para ter uma ideia da vida miserável destes excluídos da sociedade. Mas há outros marcantes filmes do género: deixem para lá o já cansativo Sozinho em Casa (1990), que repete todos os anos, e assistam The Saint of Fort Washington (1993), Accidental Friendship (2008), The Soloist (2009), Time Out of Mind (2014), alguns baseados em dramáticos factos reais e todos expondo, de maneira super realista, a extrema dureza da vida de uma pessoa sem um lar para chamar de seu e sem um Shelter (2014), um endereço fixo, para mandar uma carta ao Pai Natal.
O que podemos fazer então para celebrar o Natal? Simples: é ser (genuinamente) solidário com os mais necessitados e, seguindo os verdadeiros ensinamentos de Cristo, respeitar e amar uns aos outros. E, se pensarmos bem, por que é que temos de esperar pelo Natal para fazermos isso? Ah, e o mais importante de tudo: não precisamos de dizer a toda a gente e postar no Facebook as fotos da generosidade. Não se esqueçam da lição de Antoine Saint Exupéry, no Principezinho: “o essencial é invisível aos olhos”.
·         Donizete Rodrigues
Professor de Sociologia, Universidade da Beira Interior
(Observador)


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Os sinais do tempo


Ultimamente, tem-me ocorrido, com demasiada frequência, um pensamento que teima em ficar.
Será que estou a ficar velho? Será que já sou velho? Ou será que me sinto velho?
Há uns anos atrás, não vou dizer quantos, lembro-me de pensar que, uma pessoa com mais de cinquenta anos já era velha. Esta minha crença, baseava-se simplesmente nos queixumes que os ouvia dizer. – dói-me aqui, - dói-me ali, - já não consigo… - já não me lembro…
Hoje, que já os atingi e ultrapassei, tenho os mesmos queixumes e questiono-me se tinha ou tenho razão. Não quero acreditar e recuso-me a aceitar que tinha ou tenho razão. A verdade é que, sendo ou não velho, quer queira ou não acreditar e aceitar, os sinais do tempo já cá moram. Não me irritam as rugas na testa, aos cantos dos olhos, nas pálpebras, sobretudo inferiores, porque acho que já nasceram comigo, sempre me lembro delas, nem sequer a careca que também já tem uns anos, demasiados, mas enfim, também já faz parte da mobília. O que me está mesmo a começar a irritar e a convencer que, afinal tinha e tenho razão são as rugas e a pele mole no pescoço. Ainda não me habituei a esta imagem reflectida no espelho. O que me vale, é que acredito que ainda vou ter muitos, muitos mais anos, já não tantos quantos os que já vivi, mas ainda assim, bastantes, para me habituar e aceitar estes e novos sinais do tempo.
Acredito que, ser velho, há-de de certeza ser tão bom, quanto o ter sido novo, assim saiba aceitar e viver a vida de velho. De uma coisa tenho a certeza, estes anos que vivi, sendo bons, ou menos bons, já ninguém mos tira e é claro que, é bom ser velho, como foi bom ter sido novo.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Acartar e Aventar



Hoje li um “post” do meu amigo Manuel Isaac Correia, no Facebook, onde se insurge contra o tradutor, de um livro que leu, e que este utiliza a palavra acartar. O meu amigo, faz alguns considerandos sobre esta palavra, defendendo que a palavra está incorreta.
Não pretendo entrar em polémica com ele, nem com nenhum dos caríssimos amigos e amigas, que possam ler este este meu “devaneio”, até porque ele, e outros sabem muito mais que eu, nesta coisa da língua, não tenho quaisquer dúvidas é entendido na matéria e eu não. De qualquer modo, permito-me, e espero que que o caríssimo amigo também permita, e não fique "chateado" comigo. Não posso deixar de lhe fazer um reparo. O termo acartar é correto e usa-se bastante no Alentejo, e no sentido de carregar qualquer coisa, não sei se noutras regiões também, mas no Alentejo usa-se e muito. Basta ouvir as pessoas do povo, e estas, como bem sabemos também fazem a "língua", neste caso a língua portuguesa. Eu mesmo, enquanto miúdo e adolescente acartei muita água para regar as flores da minha mãe e minhas claro, porque eu gosto de flores. Acartar, é igual a acarretar e não no sentido ou sinónimo que o amigo defende. Este seu "post" fez-me lembrar uma palavra que eu amo Aventar e que eu penso, que também é uma palavra alentejaníssima. Qual é o alentejano que atira? nenhum, todos aventamos, mandamos ao vento,  existe uma poesia nesta palavra aventar = atirar ao vento que nos faz sonhar...e não atiramos às ventas, se bem que na interpretação de alguns, eu possa estar a “atirar” às ventas, a minha própria ignorância ou a ignorância de outros. Atirar é de tiro, e quando lançamos qualquer coisa ao vento não atiramos, mas sim lançamos ao vento, "aventamos". Este é apenas um exemplo mas há muitos mais. Por isso, eu acarto, tu acartas ele acarta...e, eu avento, tu aventas e ele aventa.

domingo, 29 de julho de 2018

Eis que a voz se levanta

Quando os corporativistas carregam os pares, passam a ser eles mesmos os burros.
Obrigado Exmo Sr. Tenente General Comandante Geral da Guarda Nacional Republicana.
Esta semana veio à luz do dia, um acórdão da Relação do Tribunal de Lisboa, sobre a litigância que opõe militares da Guarda Nacional Republicana e o juiz desembargador Joaquim Neto Moura.
Convenhamos que, é necessária, por parte dos militares, uma boa dose de coragem, uma perfeita noção do seu dever e aplicação da lei com equidade, a todos os cidadãos, não se deixando intimidar por ameaças vindas de quem quer que venham, nem que essas ameaças, sejam proferidas eventualmente de um Sr juiz.    
Já não era sem tempo, que a voz do responsável máximo no Comando, da mui prestigiosa instituição, que é a Guarda Nacional Republicana se levantasse e dissesse também, de sua justiça e mostrasse a sua indignação.
Este levantar de voz, fez-me lembrar as histórias que os camaradas mais velhos, faziam circular pelos mais novos, de um outro General, também Comandante Geral da Guarda Nacional Republicana, de seu nome, Manuel Carlos Pereira Alves Passos de Esmeriz, o tão conhecido “Asa Negra”. Estávamos nos finais da década de setenta, e inícios da de oitenta do século passado. Ainda foi meu Comandante Geral e ainda o conheci pessoalmente, embora duma forma muito fugaz, felizmente para mim. Não vou tecer elogios nem críticas a este Sr. Porque, pelo que diziam os meus camaradas, o seu trato para com os militares, quer fossem oficiais, sargentos ou praças, deixava sobretudo, pouco espaço a elogios. Era um homem autoritário e esse autoritarismo, revelava-se inclusive, no trato com os seus superiores que eram naturalmente os membros dos governos. O que se dizia era que, literalmente, ele dava murros na mesa, em discussões com os ministros, não esqueçamos que tinha passado, muito pouco tempo depois do vinte e cinco de abril de 1974, fazendo valer as suas ideias e palavras.
Já no decorrer da década de oitenta, começou a entrar-se numa descredibilização das Instituições, que nos acompanha até aos dias de hoje, com a subserviência e bajulação dos que deviam pautar pelo seu respeito.    
Até que enfim, que a voz do Comandante Geral da Guarda Nacional republicana se levanta e exige que respeitem os militares que fazem a Guarda Nacional Republicana, não no sentido corporativista, como parece ser o caso, dos Sr juízes da relação do tribunal de Lisboa.
Ainda vamos a tempo de salvar o respeito pelas pessoas, pelas instituições e pelo país se outras vozes se levantarem e exigirem esse mesmo respeito.

domingo, 15 de julho de 2018

Doideira, doidice e falta de bom senso

Há dois dias 13/07/2018 foi aprovada pelo parlamento com 109 votos a favor contra 106 a lei a que chamaram “lei da identidade de género” que permite que os cidadãos maiores de dezasseis anos mudem de sexo e nome do registo civil, ou seja no cartão de cidadão, apenas mediante requerimento e sem necessidade de recorrer a qualquer relatório médico. Entre os 16 e os 18 anos este procedimento terá de ser autorizado pelos representantes legais, “do mal o menos, como diria o outro”.
Não satisfeitos, pelo chumbo do presidente da república, a outra lei que intentaram, para mudança de sexo, a pessoas menores, estes dignos representantes do povo, não desistiram e vêm agora, com esta nova lei. Não sei quantas vezes a lei permite a mudança de género e de nome, será que hoje, um adolescente, homem, de 16 anos se levanta com a vontade de ser menina, então dirá, – pai, mãe assina aqui o papel pra ir ao registo mudar de género e passo a chamar-me Maria. – Sim porque hoje em dia, a maioria dos pais ou quem tem a sua representação legar, não tem coragem, atitude, competência e autoridade para dizer não. Contrariar o menino ou menina, é crime, de violência doméstica. Há que ter cuidado com isso, senão ainda corremos o risco de sermos nós a mudar de sexo, ainda nos capam no momento, porque o menino ou menina, não exercem violência doméstica sobre os pais. Bom, mas isto, é outra conversa e não me posso distrair. Amanhã o mesmo individuo que já não sabemos quem é, ou seja o seu género, levanta-se com a vontade de ser novamente menino/homem, e daí, vai ao registo civil novamente e muda de género e nome, e passa a chamar-se Manuel. E nós pais, representantes legais que fazemos? nada, obedecemos simplesmente.
Os meninos e meninas da minha geração fomos ensinados/educados que havia meninos e meninas, e digo havia, porque, parece que hoje já não há, são todos transgéneros. Mas ao que ia, isso significava que os meninos/homens e meninas/mulheres têm papéis diferentes no seio da família e na sociedade, ah! Sim, já sei,….blá…blá..blá… e que havia e, felizmente, há brinquedos próprios, repito próprios, para meninos e para meninas. É aqui, na minha modesta opinião, que se começa a formar a identidade do género. Somos nós, os que fomos ensinados/educados desta forma que, hoje permitimos, impulsionamos e geramos confusão nas mentes das crianças. Será que ainda vamos a tempo de corrigir a mão?
Estou convencido que sim, assim o queiramos e, não nos deixemos levar por “modernismos”.    
Doideiras, doidices, incompetência, lóbis, falta de vergonha e bom senso é o que é.
Uma pediatra norte americana veio insurgir-se e esclarecer alguns mitos e muita confusão. O sexo (género) biológico não é escolhido. O sexo é determinado na concepção, pelo nosso ADN e isso é marcado em todas as células do nosso corpo. A sexualidade humana é binária, ou você tem um cromossoma y normal e se desenvolve como homem, ou você não o tem e se desenvolve como mulher. Há pelo menos, 6500 diferenças genéticas entre homens e mulheres. Hormonas e cirurgias não podem, e não irão mudar isso. A “identidade” não é biológica é psicológica. Identidade tem a ver com pensar e sentir, - pensamentos e sentimentos, não são genéticos. Os nossos sentimentos e pensamentos, podem de facto estar certos ou errados. Se entrarmos no consultório do médico e dissermos que sou o Donald Trump, o médico vai-nos dizer que estamos delirando e receita-nos um antipsicótico. No entanto, se é mulher e lhe disser, - Eu sou um homem, - ele dirá - parabéns você é transgénero. Se disser,  – Dr quero matar-me, sou um deficiente preso num corpo normal, por favor remova a minha perna, seria certamente diagnosticada com transtorno de identidade, de integridade do corpo. Mas, se disser ao mesmo médico - sou um homem, agende uma mastectomia dupla, - ele irá fazê-la. De acordo com a maioria das principais organizações médicas se quiser cortar um braço ou uma perna saudável, você possui uma doença mental. Mas se quiser cortar seios saudáveis ou um pénis você é transgénero.
A pediatra norte americana, revela que ninguém nasce transgénero. Se a identidade de género fosse definida ainda no útero, gêmeos idênticos, teriam a mesma identidade de género em 100% dos casos. Isto não acontece. Este é um episódio real, e que porventura, já alguém viveu esta realidade. Um garoto, entre os três e cinco anos de idade, brincava cada vez mais com meninas e com brinquedos típicos de meninas e começou a dizer que era uma menina. Às vezes, a doença mental de um pai ou abuso infantil são factores, mas é mais comum que a criança esteja percebendo mal a informação e a dinâmica familiar e eternize uma falsa crença. Acompanhado por uma terapeuta ele e os pais, no meio de uma sessão, largou o caminhão e agarrou uma barbie, e disse – a mãe e o pai não gostam de mim quando sou um menino. A terapeuta descobriu que quando tinha três anos, a sua irmã deficiente nasceu. Ela exigia muito mais atenção e carinho dos pais. Ele interpretou isso mal como, o pai e a mãe amam meninas. Se eu quiser que eles me amem de novo, terei de ser uma menina. Com terapia familiar, consegue-se melhorar e alterar este estado. Hoje os pais, escutam algo bem diferente. Eles escuta – esse é o António de verdade, vocês devem mudar o nome dele e devem trata-lo como menina, senão, irá cometer suicídio. Ao chegar à puberdade ele receberia um bloqueador hormonal, para continuar a ser menina. Os especialistas não dizem que os bloqueadores nunca foram testados, ou que, quando os usam para tratar o cancro de próstata e problemas ginecológicos, eles causam problemas de memória. “Não precisamos de testes, precisamos retardar o seu desenvolvimento ou ele irá se matar”. Isto não é verdade, ao invés, quando reconhecidas em seu sexo biológico, através da puberdade natural, a grande maioria das crianças confusas quanto ao seu género se recuperam. Sim estamos castrando crianças e adolescentes confusas com seu género com bloqueadores de puberdade. Daí, nós esterilizarmos muitos deles, para sempre, incluindo hormonas de sexo oposto, são eles o estrogénio e a testosterona. Eles deixam as crianças com risco de doenças cardíacas, derrames, diabetes e cancro e os próprios problemas emocionais que os especialistas dizem prevenir. Atenção, se uma menina, que insiste que é homem, receber testosterona todo o dia, por um ano, ela precisará remover os seios aos 16 anos. A academia Americana de pediatria, publicou um relatório, pedindo que pediatras alertem os jovens sobre as tatuagens, pois elas são permanentes e podem deixar cicatrizes. Mas a mesma associação, apoia totalmente, que meninas de 16 anos removam ambos os seios, mesmo sem autorização dos pais, desde que ela insista ser um homem e tome diariamente testosterona durante um ano. Sejamos claros, doutrinar as crianças, a partir da pré-escola, com a mentira de que elas podem estar presas no corpo errado, destrói os fundamentos do teste da realidade de uma criança. Se uma criança não pode confiar na realidade do seu corpo físico, no que poderá confiar? Ideologia de transgénero em escolas é abuso psicológico e frequentemente resulta à castração química, esterilização e mutilação cirúrgica. Se isto não é abuso infantil, senhores e senhora então o que é? Deixe a sua opinião.  

segunda-feira, 9 de julho de 2018

SYRAH - "A MINHA MENINA" - "A NOSSA MENINA

SYRAH - "A MINHA  MENINA" - "A NOSSA MENINA"
Esta é uma carta de pedido de desculpa e despedida. Conquistaste-me no primeiro encontro, quando te fui ver pela primeira vez, no já longínquo mês de agosto de 2006. Estavas junto com outra irmã, mas foste tu que te aproximaste da rede e me cumprimentaste. Suplicaste com esse teu olhar tímido que te trouxesse comigo. Pedi a opinião dos outros membro da família, houve sim(s) e não, ganhou a maioria, que o mesmo é dizer, os sim(s). O não nunca foi muito convicente. Trouxe-te comigo no dia 10 de agosto de 2006. Tinhas 8 meses de vida e farias por isso neste dia, 10 de agosto, 12 anos a viver em família. Todos nos apaixonámos por ti, mesmo quem não te queria receber. Passaste a ser a “nossa menina”, era assim que te tratávamos. -“Dá isso à menina”, -“a menina está a olhar para ti”, -“leva a menina à rua”…
Quando um de nós vinha da rua e, se entrava em casa, o primeiro membro da família, a cumprimentar era a “menina”, não davas outras hipóteses, eras também tu, a primeira a aproximar-se e, a cumprimentar-me, a cumprimentar-nos. A “menina” era sempre a primeira e estava sempre em primeiro lugar. Era a “menina” que me obrigava a levantar cedo, para a levar à rua. Nunca soube se era eu que passeava a menina, se era a menina que me passeava a mim. Era a “menina” que, condicionava o nosso horário de saídas e regresso a casa, tínhamos de levar a “menina” à rua, foram 12 anos. Hoje, dia 9 de julho de 2018 pelas 14h30, tive de tomar uma decisão dolorosa, de te deixar partir para outra dimensão. Doeu muito, dói muito e vai doer por uns dias até que me habitue à tua ausência e à falta do teu cumprimento. A tua “mãe”, já não te vai dar de manhã, como sempre fazia, a bolacha de que tanto gostavas e, quando ela não se levantava logo a ias chamar. A minha alma sangra e os meus olhos choram, de dor e tristeza, por te saber ausente. Penso que tomei a decisão certa, sabes que já pouco mais havia a fazer, infelizmente, o quisto de que eras portadora, crescia todos os dias, a um ritmo astronomicamente galopante, mesmo sob medicação. Podias estar mais uns dias connosco, não sei quantos, mas o incómodo e provável dor, de desceres e subires as escadas e até o andar na rua já eram um sacrifício para ti. Tinhas imensas dificuldades, em te deitares e te levantares, era também doloroso para nós vermos-te nesse estado. O quisto, infelizmente, não era operável, sabes disso, ouviste a tua médica dizê-lo. Tinha que tomar uma decisão ou continuava a ver as tuas condições de vida a degradarem-se e com sofrimento, ou te deixava partir. Já tinha pensado nessa hipótese, e pensava que era mais fácil tomar a decisão, mas não foi nada fácil. Hesitei, a minha cabeça explodia de sensações e sentimentos. Há decisões dolorosas, muito dolorosas mesmo, mas crê tomei-a em teu nome, e a pensar em ti, o que seria melhor para ti, e acredito ou quero acreditar, que esta era a decisão a tomar. Foi uma decisão a três de te deixarmos partir. E não foi fácil para nenhum de nós. Os teus outros dois “irmãos”, só já vão saber que tu partiste. No momento em que escrevo esta carta, já não estás connosco fisicamente, mas estás no nosso pensamento, no nosso coração, e na nossa recordação. Vamos recordar-te sempre. Eras linda, inteligente, obediente e cativante e foi um gosto enorme, termos vivido contigo estes 12 anos, todos debaixo do mesmo teto, e inclusive algumas vezes no nosso quarto, especialmente nos dias de trovoada, sempre foste muito medricas e eramos nós que te tínhamos de fazer companhia a ti e não tu a nós. Detestavas não ter companhia e agora nós detestamos sentir a tua ausência. Completarias 13 anos no dia 9 de dezembro, uma respeitável idade para uma menina. Hoje às 19h30, como todos os dias, já não vou contigo à rua, mas tu vais sair para o mundo. O nó na garganta e as lagrimas nos olhos continuam, mas vai passar, tem de passar, porque tu continuarás a fazer parte da minha vida.
Peço-te desculpa SYRA se tomámos a decisão errada e ainda querias estar um pouco de mais tempo connosco. Até sempre SYRAH.    

sábado, 5 de maio de 2018

Há pessoas que me chateiam


Já estou naquela idade, digamos que, na de sopas e descanso. Mas, a teimosia de pensar que ainda sou novo, e que ainda tenho muito para dar, levam-me a querer fazer ainda, muito mais por mim e pelos outros. Estou a dizer que continuo a trabalhar, não renumerado, talvez porque, acredito convictamente que o trabalho dá saúde, ou pelo vício ou gosto de trabalhar, ou porque nunca soube o que foi o desemprego. Tiveste sorte. Dirão alguns. Contraponho, tive e ainda tenho querer e crer, porque sei que ainda quero, como sempre quis, trabalhar, e porque creio que, isso me faz bem. Podia se quisesse, não trabalhar, felizmente, tenho uma situação financeira estável e o necessário para ter vida familiar confortável, sem sobressaltos. Sorte? Não tive, nem sorte nem azar. Tive e tenho uma vida onde aproveitei as oportunidades, onde aprendi com os erros, com as adversidades e com os sucessos, pensando em mim e nos outros. Tive e tenho uma vida de trabalho, podia estar ociosamente no sofá, numa mesa de café, numa esquina de rua, mas não, logo que o “patrão”, que me pagava pelo trabalho que desenvolvia, e que sois todos vós, me mandou para casa para descansar, porque entendeu que, já tinha dado o meu contributo para a sociedade, eu que sou teimoso e tenho vontade própria, disse não. Quero e vou continuar a fazer aquilo que sempre fiz, trabalhar, nem que seja de graça. Sim, graça, porque estou agradecido ter encontrado um trabalho que me dá imenso gozo realizar. Um trabalho que me envolve literalmente vinte e quatro hora por dia, não me dá descanso, nem a dormir, acordo e sonho alto com preocupações derivadas deste meu trabalho. Ainda assim, gosto e continuo. A recompensa vem, quando, uma “multidão” de gente nos agradece e reconhece, o trabalho que desenvolvemos. Para mim é mais importante o reconhecimento, do que o agradecimento. Tem acontecido isso, durante esta semana, o reconhecimento de um trabalho válido e bem organizado. Naturalmente que há os “senãos”, há os que estão sempre do lado do contra, os que não contribuem em nada, mas acham sempre que fazem muito, os que desejam e profetizam que as coisas, os trabalhos, corram mal, os mal dizentes, os hipócritas, os egoístas e por aí afora. A esses respondo com a força do querer e crer no trabalho. Chateiam-me todos estes, os ociosos que querem tudo mas não fazem nada, nem para eles mesmos, esperam que os outros façam por eles e para eles, porque eles têm direitos, têm direito aos subsídios, abonos e por aí, que somos nós que pagamos, têm direito a tomar refeições, mas que não querem confeccionar, culpa minha e tua que gostas de trabalhar, que os viciaste nestes direitos. Culpa minha e tua, que trabalhas, e não exigimos o cumprimento dos deveres. Chateiam-me os críticos que nada fazem, nem apresentam soluções de melhorias. Chateiam-me os "tristes" que só se lamentam. Chateiam-me os negativistas, os que só vêm tudo escuro, a esses aconselho que acendam uma luz, talvez consigam ver alguma coisa. Chateiam-me os que não são agradecidos à vida. Dizem que não há trabalho, que não têm vida. Claro que não há trabalho, nem há vida, porque não querem. Culpa minha e tua que achamos que os direitos são só deles, nós só temos deveres, obrigações, obrigação de lhes darmos ociosamente boa vida, enquanto nós trabalhamos para eles. Quando é que nós damos o murro na mesa e dizemos, basta, eu também tenho direitos, venham fazer aquilo que eu faço, trabalhem nem que seja de graça e certamente encontrarão um trabalho que os satisfaça e pelo qual serão recompensados.

domingo, 22 de abril de 2018

Ética "versus" Moral

No decorrer desta semana, fomos invadidos por notícias, sobre os recebimentos em duplicado, por parte dos deputados das ilhas, dos pagamentos das viagens que nem sequer foram efectuadas. O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, puxou dos “galões” e veio em defesa dos seus “subordinados”, dizendo que, não houve nem nesta, nem noutras legislaturas, violações à lei e tão pouco aos princípios éticos. Não me dei ao trabalho de ir pesquisar a lei, admito a possibilidade de, poder não haver violação à lei, até porque, quem as faz, são eles mesmos, os deputados, logo “puxam as brasas às suas sardinhas”.
Para tentarmos perceber, se houve ou não, violação aos princípios éticos, temos de saber e perceber o que são – a palavra ética é proveniente do grego, “ethos”, que significa literalmente “morada”, “habitat”, “refúgio”, ou seja, o lugar onde as pessoas habitam. No entanto, para os filósofos, este termo refere-se a “condutas”, “modo de ser”, “carácter”, “índole”, “natureza”.
Neste sentido, pode-se considerar a ética, como um tipo de postura e que se refere a um modo de ser, à natureza da acção humana. Trata-se de uma maneira de lidar com as situações da vida e, do modo como estabelecemos relações com outra pessoa. Quais são as nossas responsabilidades pessoais, numa relação com o outro? Como lidamos com as outras pessoas em sociedade? Uma conduta ética pode ser um tipo de comportamento mediado por princípios e valores morais.
A palavra “ética”, também pode ser definida, como um conjunto de conhecimentos, extraídos da investigação do comportamento humano, na tentativa de explicar as regras morais, de forma racional e fundamentada. Neste sentido, trata-se de uma reflexão sobre a moral.
Desta maneira, pode-se afirmar que a ética, é a parte da filosofia que estuda a moral, pois reflecte e questiona sobre as regras morais.
Então o que é moral?
A palavra “moral” é originária do termo latino “Moralis”, que significa “relativo aos costumes”, isto é, aquilo que se consolidou, como sendo verdadeiro do ponto de vista da acção.
A moral pode ser definida como o conjunto de regras aplicadas no quotidiano e que são utilizadas constantemente por cada cidadão. Tais regras, orientam cada indivíduo que vive na sociedade, norteando os seus julgamentos sobre o que é certo ou errado, moral ou imoral, e as suas acções.
Desta maneira, a moral é fruto do padrão cultural vigente e, engloba as regras tidas como necessárias, para o bom convívio entre os membros que fazem parte de determinada sociedade.
A moral é formada pelos valores previamente estabelecidos pela própria sociedade e, os comportamentos socialmente aceites e passíveis de serem questionados pela ética.
Pode-se afirmar que, ao falarmos de moral, os julgamentos de certo ou errado dependerão do lugar onde se está.
Por fim, pode-se considerar que a ética engloba determinados tipos de comportamentos, sejam eles considerados correctos ou incorrectos; já a moral estabelece as regras que permitem determinar se o comportamento é correto ou não.
Se considerarmos o sentido prático, a finalidade da ética e da moral é bastante semelhante, pois ambas, são responsáveis por construir as bases que guiarão a conduta do homem, determinando o seu carácter e a sua forma de se comportar, em determinada sociedade.
Podemos então estabelecer como diferença entre ética e moral: a moral refere-se ao conjunto de normas e princípios que se baseiam na cultura e nos costumes de determinado grupo social, já a ética é o estudo e reflexão sobre a moral, que nos diz como viver em sociedade.
Dito de uma maneira mais fácil a moral aplica-se a um grupo, enquanto a ética pode ser questionada por um indivíduo.
Um quadro simples elucida-nos melhor


Ética

Moral
Definição
A ética é o estudo e a reflexão sobre a moral, das regras de conduta aplicadas a alguma organização ou sociedade. 
A moral refere-se às regras de conduta que são aplicados a determinado grupo, em determinada cultura. 
De onde vem
Individual. 
Sistema social.
Porque seguimos
Porque acreditamos que algo é certo ou errado.
Porque a sociedade diz que é a coisa certa a fazer. 
Flexibilidade
A ética é normalmente consistente, embora possa mudar caso as crenças de um indivíduo mudem ou dependendo de determinada situação.
A moral tende a ser consistente dentro de um determinado contexto, sendo aplicado da mesma forma a todos. Porém, ela pode variar de acordo com cada cultura ou grupo.
Excepções
Uma pessoa poderá ir contra a sua ética para se ajustar a um determinado princípio moral, como por exemplo, o código de conduta de sua profissão.
Uma pessoa que segue rigorosamente os princípios morais de uma sociedade pode não ter nenhuma ética. Da mesma forma, para manter sua integridade ética, ele pode violar os princípios morais dentro de um determinado sistema de regras.
Significado
Ética vem da palavra grega "ethos" que significa conduta, modo de ser.
Moral vem da palavra latina "moralis" que significa "costume".
Origem
Universal.
Cultural.
Tempo
Permanente.
Temporal.
Uso
Teórico.
Prático.
Exemplo
João teve uma atitude antiética ao furar a fila do banco. 
Em Portugal é imoral ter mais de uma esposa, enquanto em alguns países como a Nigéria é moralmente aceito. 


Ética = conduta, caracter, modo de ser
Moral = relativo aos costumes

Pelo que acabei de explicar, chego à triste conclusão que, os políticos em geral e os deputados em particular, com o seu “capataz” à cabeça, não têm noção do que é a moral e menos ainda do que é a ética. Bom! reflectindo melhor, se calhar até têm, senão vejamos, se moral é igual a costumes, poucos de nós temos dúvidas de quais são os seus costumes. E se ética é igual a conduta, todos nós também sabemos quais são as suas condutas. Em síntese, se receber em duplicado, por algo que não se fez ou utilizou não constitui violação às normas e costumes da sociedade portuguesa e se estes factos são a norma da nossa conduta, então todos os defensores que dizem que não houve e não há violação aos princípios éticos têm razão. Eu, por mim acho uma flagrante violação à moral e á ética. E você que teve a pachorra de ler e chegar ao fim o que acha?

domingo, 15 de abril de 2018

A Retórica da Guerra

“A guerra é o lugar onde jovens que não se conhecem e não se odeiam se matam entre si, por decisão de velhos que se conhecem, se odeiam mas não se matam”
Erich Hartmann

Após a retórica de ameaças, avanços e recuos, por parte dos Estados Unidos, e do seu mais que tudo, Donald Trump, de ataque às supostas instalações de fabricação e armazenamento de armas químicas na Síria e da consequente destruição dos misseis, por parte da Rússia, e também do seu mais que tudo, Vladimir Putin, mesmo antes de estes atingirem os seus objectivos, eis que o nundo acorda na madrugada de sexta feira 13 de abril, vá-se-lá saber porquê, sexta feita 13, com o ataque concertado, por parte de três países, Estados Unidos da América, Reino Unido e França, a um país soberano, quer se goste ou não, quer se queira ou não é um país soberano. Qualquer destes três países, Estados Unidos, Rússia e Síria são governados por loucos e nenhum deles é flor que se cheire, e parece que a loucura se está a espalhar também pelo Reino Unido e França. Estes loucos, que se julgam os donos do mundo, são-no, porque os outros, os deixam ser. Os outros, os que aqui considero não loucos, e que são todos os Chefes de Estados restantes no mundo inteiro o que fazem? Batem palmas ou não se pronunciam, ou deixam passar um ataque ilegal à luz dos tratados internacionais. Para que servem as Nações Unidas? – na minha definição, “Ninho de Urdidores”. Não nos esqueçamos que a última grande guerra começou sob a loucura de um lunático. Claro que nós sabemos o que são as Nações Unidas e quem manda lá, a propósito sabe que a Síria é um dos países fundadores, pois é..., mas continuemos, quando se entra numa escalada de ameaças, ou estas se cumprem, ou se não se cumprem, quem as pronuncia é descredibilizado. Naturalmente que o Donald Trump e seus seguidores, tinham de fazer alguma coisa para serem levados a sério. Recentemente, sob o mesmo argumento, utilização de agentes químicos, temos o caso o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha, sem que na verdade, ainda nada se tenha provado, se realmente foi usado um agente químico, qual, e por ordem de quem. Ainda todos nos lembramos da invasão a outro país soberano – Iraque, sob o pretexto de este possuir armas nucleares, o que logo após o ataque se veio a verificar e confirmar aquilo que eles, países invasores, sabiam não existir. Aqui e uma vez mais, quase todos os países e Portugal incluído facilitaram este ataque. O nosso então primeiro ministro, e depois presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, para além de nos ter mentido, enganou-nos, dizendo-nos que lhe tinham sido apresentadas provas. Na altura lembro-me de estar convicto que o Iraque não era possuidor de tais armas, como hoje estou convicto que as tropas de Bashar al-Assad não fizeram nenhum ataque à população da Síria com armas químicas. Não sei se as têm ou não, mas não acho provável que as tenham usado. Do meu ponto de vista, não fazia sentido que as usassem, quando se tem o controlo da situação em praticamente todo o país. Faz mais sentido que os Estados Unidos, apoiantes dos “rebeldes”, ao estarem a perder parte do território entretanto sob o seu controlo, tenham sentido a necessidade, de encetar, ou forjado o ataque químico, dizendo que este foi mandado efectuar por Bashar al-Assad. A ser verdade que as instalações ora destruídas, guardassem armas químicas, como é possível que, os inteligentes que mandaram efectuar esta destruição não avaliassem as consequências de tal destruição. Se eles queriam evitar a utilização de tais armas ao destruir as suas instalações não iriam utilizá-las por propagação, atingido o fim que queriam evitar? As notícias que nos chegam pelas nossas televisões são as de que os russos apenas se limitaram a monitorizarem o ataque. Outras noticias dizem-nos que foram neutralizados vários misseis pelas forças de Bashar al-Assad porque é que as televisões não noticiam esta neutralização? Ainda hoje, nas notícias da TVI, vi a reportagem do director de uma das instalações destruídas, junto da mesma o qual dizia que, se naquelas instalações houvesse armas químicas não poderiam estar ali, sem nenhuma protecção. Em que ficamos então, as instalações guardavam armas químicas ou não? Ou o director deste laboratório e os jornalistas que ali se encontravam são todos loucos e queriam morrer ali mesmo sob o efeito de tais armas em direto e a cores?
Por último, os Estados Unidos da América e todos os países produtores de armas, têm de as utilizar, sob pena, de estas ficarem sem efeito e obsoletas, e para isso, fazem a guerra nos paízes longe dos seus. Eles não querem acabar com o terrorismo, fazem o terrorismo. Eles fazem e promovem a guerra e o terrorismo para fazerem mais armas. Porque é que os loucos deste mundo, Estados Unidos, à cabeça não querem que outros países tenham as mesmas armas que eles?     

domingo, 8 de abril de 2018

O "pecado" vindo de cima

Recentemente, foram noticiados que eu me lembre, dois casos de padres católicos que, engravidaram as suas paroquianas e, em consequência, estas deram à luz os seus bebés. Até aqui nada de novo, já que os bebés, resultaram do cruzamento, repito, cruzamento de um homem e uma mulher. Ou há amor nesta relação? Não é de agora, lembro-me que, quando era criança haver um padre, que por sinal, foi meu professor de religião e moral, que visitava regularmente, uma paroquiana que, por sinal, também era professora na mesma escola. Toda a comunidade sabia que o padre, e a professora eram amantes, e dizia-se até que tinham um filho que eu conheci, já que estudávamos na mesma escola e éramos da mesma turma. Este colega vivia com o padre a quem chamava tio.
Bom! Há quem defenda que, o celibato dos padres é uma disciplina, que vem desde a sua origem, ou seja, desde a época apostólica. Outros que se iniciou com o concílio de Trento. Outros ainda, que é uma invenção medieval do Concílio de Latrão. Para o caso, e do meu ponto de vista, pouco importa a sua origem. O que importa é que o celibato dos padres católicos, está fixado num Cânon, para além, de terem assumido o compromisso, com a igreja, que são todos os cristãos católicos, e com o seu Bispo a absterem-se de ter práticas sexuais. A questão aqui, e para mim, nem sequer é a de achar se os padres, devem, ou não, praticar o celibato, isso é assunto deles, mas deixa de ser assunto só deles, e passa a ser assunto de todos nós quando prevaricam, e violam às escondidas, ou não, os cânon que eles juram obedecer, ou seja as regras da própria igreja. Onde está o moral? Do meu ponto de vista, o pior é que a hierarquia da igreja, os bispos, pactuam com estas violações da lei da igreja. Fornicaste? tens filhos? tudo bem, qual é o problema? Nenhum. Tens é de optar, se queres continuar como padre e continuar a pregar o moral e bons costumes, mesmo que tu não os pratiques, só tens é de abandonar a mulher e o/a filho/a que geraste. Ah! Mas tens de assegurar as condições, de subsistência dessa criança. Pura hipocrisia. Onde fica a família que a igreja e os padres tanto defendem? Bom! Não são só os padres que defendem a família, eu também defendo. Senhores cardeais, senhores bispos, senhores padres deixem-se de hipocrisias. Modernizem-se. Os tempos do século XXI não são os tempos dos séculos I, nem II e por aí afora. Aceitem as novas propostas/discussões do actual papa, sobre esta e outas matérias. Deixem que o celibato dos padres, em vez de uma obrigação, seja uma opção de escolha livre, de cada um. Muito provavelmente haveria mais padres católicos. São estas hipocrisias, dos padres, e aqui incluo os bispos, que me deixam um sentimento, cada vez mais acentuado, de afastamento da igreja. É com este moral, que não deixam comungar um novo casal que se voltou a casar legalmente, só porque um dia, se casou por igreja, e esta não separa, o que Deus juntou, mas eles comungam todos os dias, fornicando com mulheres que não desposaram, nem legalmente, nem à luz da igreja, que o mesmo é dizer, do seu ponto de vista à luz de Deus. Haja paciência. Muito mais há para dizer, mas para já fico-me por aqui. Reflitam senhores Bispos.

sexta-feira, 30 de março de 2018

O "Deus" Maior e o o "deus" menor

A Imagem não é minha, mas fica, como ponto de partida e de reflexão. No tempo de Páscoa onde todos, ou quase todos, desejamos Páscoa Feliz, em nome de um Deus que, se quer justo e se sabe justo, a imagem sugere-nos que se faça uma reflexão sobre a justeza que apregoamos em nome de Deus. É esta a justiça de Deus? É isto que Ele quer para os seus filhos e para todos os irmãos? Não é de agora, mas sim de todos os tempos que, uns, em nome desse Deus, que é pai, escravizam, subjugam, exploram e fazem passar fome aqueles que ainda acreditam, ou querem acreditar nas virtudes desse Deus. Que filhos de Deus são estes que, só vêm o seu umbigo, fingindo, ou fechando os olhos para os umbigos dos outros. Ou melhor, os umbigos dos outros só servem para lhes darem maiores riquezas, sumptuosidade e, alimentarem a sua própria ganância. Deus não é isto. Isto é o poder dos homens em nome de Deus. Aprendi, que Deus criou o homem, à sua imagem e semelhança. Hoje, no privilégio dos meus quase sessenta anos, tenho sérias dúvidas que assim tenha sido, ou seja. A imagem que eu faço de Deus, é a de um ser “perfeito” com todas as significações e palavras, que possamos juntar a perfeito. Ora, o homem pelo contrário, é um ser imperfeito, com defeitos, maldade, violento e tudo o mais que possamos imaginar e juntar a imperfeito. Então a minha dúvida é, como é que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança? Das duas “três”, ou Deus não é perfeito, ou o homem não foi criado por Si, à sua imagem e semelhança, ou se enganou na forma. Então, a minha conclusão, é que, se Deus criou o homem à sua imagem e semelhança temos de acreditar que cada um de nós é um “deus” criado à imagem e semelhança de um Deus maior. Talvez assim, não precisássemos de tantos “encaminhadores” para Deus, porque já o somos. Acredito que o mundo terreno, porque o outro tenho sérias dúvidas que exista, seria bem mais virtuoso e justo. É neste mundo terreno que, nós vimos, assistimos e praticamos toda a maldade e injustiça. Se já levamos tanta prática de maldade, para o “outro mundo”, o que nos faz acreditar, que lá seremos diferentes, para melhor? Que hoje, amanhã e depois sejam sempre dias de, “Feliz Páscoa”.   

domingo, 18 de março de 2018

A Nostalgia


Como sói dizer-se, fui nascido e criado, na sempre bela cidade de Elvas, mais concretamente, em Santa Rita, numa casa velha, tosca e bela, como diz o poeta José Régio, como se fora feita, para eu morar nela, e morei até aos vinte 23 anos. Naquele tempo eram sete famílias que moravam naquele conjunto de casas. A mim bastava-me saltar o muro, que separava a minha casa, do recreio da escola primária de Santa Luzia. Lembro-me bem, era sempre o primeiro a chegar à escola, mesmo antes dos contínuos, era assim que se chamava aos agora auxiliares de acção educativa. Era mesmo chamado por estes de o “galo da madrugada”, talvez venha daí este meu “péssimo hábito” de detestar chegar atrasado ao quer que seja. Lembro-me da Carlota, da Teresa, do António Brissos, do Zé Manel, da Jerónima, do Chico, da Joana, do João, do Arsénio, do Henrique, do Dinis e do Zé, dos meus primos, Celeste, Júlio e Ana Maria, Lembro-me de uma casa pequena, mas sempre cheia de gente, sempre cabia mais um. Lembro-me dos paladares da comida da minha mãe, que todos apreciavam muito. Lembro-me dos natais e da fogueira, das cantigas ao Deus menino. Lembro-me dos acampamentos dos ciganos, com os quais brincávamos e brigávamos. Lembro-me do ribeiro que atravessava a quinta do Bispo e corria ao longo da estrada. Do tanque que aproveitava a água vinda da cascata da mesma quinta e onde as mães e irmãs mais velhas lavavam a roupa. Lembro-me dos “cavalos” a correrem no esgoto, tapado, que atravessa o terreno. Era assim que chamávamos às pedras que rebolavam no esgoto, quando chovia muito e este enchia. Lembro-me de apanhar rãs nas fontes e no ribeiro. Lembro-me de apanhar caracóis nos muros velhos das quintas do Bispo e do Salvador. Lembro-me de apanhar erva para dar às galinhas e aos coelhos. Lembro-me do projecto que iria ligar o bairro de Santa Luzia ao Bairro da Piedade. Lembro-me das marcas que deixaram nas paredes a assinalar por onde passaria a estrada. Lembro-me de a minha mãe dizer que aquilo nunca seria feito. Lembro-me de passear por aqueles campos com o meu “Rusty” um setter inglês, o melhor cão que já tive. Lembro-me do canavial que ladeava o ribeiro. Lembro-me da “bebedeira” que apanhei aos sete/oito anos provocada por um maço de tabaco “mata ratos”. Serviu de lição, talvez por isso não apanhei o vício de fumar, nem de me embebedar, aliás aquela foi a minha única “bebedeira”. Belos tempos, sim belos tempos. Há vinte anos que deixei de morar em Elvas, embora vá com regularidade, partia-se-me a alma cada vez que ia ver aquele conjunto de casa abandonadas. No final do ano de 2017 um amigo residente em Elvas, mas a trabalhar em Portalegre disse-me -  tem de ir ver a moradia que estão a fazer no sitio onde morou. Não resisti, e fui quase de propósito a Elvas para ver a casa. Gostei, claro que gostei de ver, que aquele espaço, voltou a ter vida. Estive ali algum tempo, só, a rever mentalmente como era aquele espaço e como é agora. Fiquei muito contente de continuar a ver o chafariz na parede da nova casa. Aos novos proprietários desejo a maior felicidade e não esqueçam esse espaço já teve muitas histórias de vida.   

sábado, 10 de março de 2018

Os pseudo doutores ou serão pseudo burros

Não precisamos recuar muito em tempo, basta recuarmos quarenta ou cinquenta anos, para constatarmos que os engenheiros e os doutores, os que o eram, eram-no de verdade. Também, basta-nos recuarmos o mesmo tempo, para constatarmos que, os que não o eram, não tinham vergonha disso. Hoje, todos são ou querem ser engenheiros/doutores, e se não têm o canudo, para o serem, eles mesmos os criam, que o mesmo é dizer os falsificam, muitas vezes com o patrocínio daqueles que, deviam zelar e respeitar este grau académico. Tudo vale porque ser doutor dá prestígio e dinheiro. Infelizmente, abundam, no nosso meio politico, imensos pseudo doutores, pseudo-engenheiros. Ao que foi imensamente noticiado, eventualmente, tivemos um primeiro ministro pseudo-engenheiro. Agora acabámos de ter outro primeiro ministro, eventualmente, pseudo doutor catedrático, e, como se isto fosse pouco, acabam, reparem, eu acabei de escrever acabam, os do PSD, por ter um secretário geral, pseudo doutorando. A minha dúvida é se todas estas personagem são pseudo-engenheiros/ doutores ou se serão na realidade pseudo burros. Os burros que me desculpem, os verdadeiros burros, os animais de quatro patas, estes não têm culpa nehuma dos pseudos. Continuando, pseudo significa entre outros, FALSO, será que estes pseudos de que vos falo são mesmo burros? Hummm!!!. Acho que não, o que eles querem mesmo é fazer-nos de burros. E nós somos pseudo, ou somos mesmo?
São estes pseudos, leia-se FALSOS cidadãos, leia-se políticos que nos querem fazer acreditar neles. Tenham ÉTICA, tenham VERGONHA nesses focinhos, repito FOCINHOS, porque o que fazem é foçar na merda que vocês cagam.
E nós? Se não somos pseudos, e também não somos burros, porque não reagimos, e mandamos para o CURRAl todos os pseudo-engenheiros/doutores? 

sexta-feira, 2 de março de 2018

Aquela maça azul

Era uma pequena aldeia, com pouco mais de trezentos habitantes,situada num pequeno vale, duma terra distante. À sua volta tinha um enorme terreno comunitário. As hortas eram o sustento da aldeia. Para além do cultivo dos terrenos, criavam-se animais, porcos, galinhas, coelhos, algumas vacas, cabras e ovelhas, que depois eram mortos para a alimentação da população. Alí não havia supermercados nem “shoping(s)”. O comércio era feito entre trocas de produtos, todos se sentiam felizes e realizados. O dinheiro? nem sabiam o que isso era.
Na aldeia também existiam muitas árvores de frutos, das quais algumas eram macieiras. De dez em dez anos aparecia uma maçã azul, numa das macieiras, sem que ninguém soubesse explicar o fenómeno do aparecimento daquela maçã. Nos anos do aparecimento da maçã azul realizava-se um festival, a que chamavam “Festival da maçã azul”. Só no festival é que podia ser colhida, mas, ninguém a podia comer. O chefe tinha-lhes dito que, se alguém a colhesse antes do festival, algo de terrível aconteceria na aldeia.
Muitos acreditavam que aquela maçã daria poderes mágicos, a quem a comesse, mas, ninguém se atrevia a colhê-la antes do festival, e muito menos a comê-la.
Chegado o dia do festival, os habitantes colheram a maçã, e, como em todos os anos meteram-na em cima de uma pequena jangada e deixaram-na ir rio abaixo. Acreditavam que, com esta pequena cerimónia, todos os males da aldeia desapareciam. A maça representava todas as doenças, e todos os males que, deste modo eram transportados para fora da aldeia.
Passados mais dez anos, um habitante jovem, teria uns seis anos, e que desconhecia que nao podia colher a maçã, ao vê-la não resistiu e colheu-a, levou-a para casa e mostrou-a aos pais. Estes, ao verem a maçã azul, nas mãos do filho, ficaram muitos aflitos, e sem saber o que fazer decidiram ir falar com o chefe da aldeia. O Chefe disse-lhe que iria pensar no que se teria de fazer, para evitar que algo de terrível acontecesse na aldeia. No dia seguinte todas as maçãs, de todas as macieiras, estavam azuis. Claro que culparam a criança pelo que estava a acontecer. Todos os habitantes, e até os pais quiseram matá-la, e fazer dela um sacrifício. O Chefe não aceitou isso. Os pais, com medo que algo de mais terrível acontecesse a todos os habitantes da aldeia, decidiram pôr termo à vida do filho oferecendo-o em sacrificio. O chefe da aldeia, ao saber disso, decidiu, apesar de ser tarde demais, contar a verdade aos habitantes. Era ele que pintava as maçãs de azul, para que a aldeia tivesse uma festa, e se divertisse. Nunca pensou, que a profecia, de que algo de terrível aconteceria na aldeia, aconteceu mesmo.
Não podia continuar como chefe da aldeia. Quando acabou de explicar isso aos habitantes, construiu uma jangada, meteu-se em cima dela, e foi rio abaixo, como iam as maçãs de dez em dez anos. O que lhe aconteceu não sabemos, mas como as maças, quando íam rio abaixo, simbolizavam os males a saírem da aldeia, deste modo também ele simbolizava o mal maior a ir embora.

Miguel Santos - 8º A - Nº 23 - 19/11/2013 - Escola Secundária de S. Lourenço                         

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Compreender


O João e o Tiago encontraram-se no caminho para a escola. Faltam dez minutos, para o início da primeira aula do dia. Após um breve cumprimento, o João pergunta ao Tiago, se já tinha feito o texto desta semana, para ser entregue à professora de português, ao que este responde que ainda não, nem sabia por que ponta lhe havia de pegar. Compreender. Compreender o quê? pensou. Há tantas coisas para compreender. Compreender as atitudes dos pais. Compeender desde logo, as atitudes e comportamentos dos professores. Compreender os comportamentos dos amigos. Ah! e compreender, naturalmente, as nossas próprias atitudes e comportamentos.
Com estes pensamentos chegaram à escola, dirigindo-se de imediato para a sala de aula, pois esta estava prestes a começar.
O dia decorreu normalmente. Não voltaram a falar do assunto. Chegado a casa e depois de ter lanchado, o João, lá teve de voltar, a pensar no tema da semana.
Compreendermo-nos a nós próprios, pareceu-lhe ser o melhor ponto de partida, para podermos compreender os outros. Há tanta coisa que gostava de compreender e sobretudo aceitar. As decisões políticas por exemplo. Como compreender o que os politicos dizem, se hoje dizem o oposto, ao que já disseram. Se têm atitudes e comportamentos contrários, ao que prometeram. Confrontados com esses dizeres, simplesmente negam, ou a culpa é de todos nós, que interpretamos mal as suas palavras. Se se torna dificil compreender como se torna fácil aceitar?.
Neste mundo de incompreensíveis e de incompreendidos, como já diz o provérbio, “quem tem um olho é rei”, e,  eu não compreendo nada.


Miguel Santos nº23 - 8º A - 29/10/2013 - Escola Secundária de S. Lourenço de Portalegre - Hoje frequenta o 12º na mesma escola