quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

2021

 

Todos se queixam que o ano de 2020 foi péssimo, um ano para esquecer. Sinceramente, retirando está "coisa" que nos tem incomodado com mais incidência desde março, e que fez que alguns não vejam nascer 2021, pessoalmente, incomodou-me pouco e não o considero o meu "pior ano". Felizmente acabo-o de perfeita saúde, bem como os familiares mais próximos. Não me restringiu nos meus movimentos, trouxe-me o meu filho e nora de Bruxelas, tive todos os filhos em casa no Natal e todos continuamos bem. Talvez porque estou agradecido à vida está me retribua/compense. Continuo a acreditar e a desejar como sempre faço, que 2021 seja melhor, mas como sempre digo, que no mínimo seja igual a 2020. Infelizmente, tenho consciência que nem todos partilham deste meu desejo. Mas como digo, pessoalmente, e aqui estarei a ser egoísta, não o considero o meu pior ano. Da minha parte obrigado 2020. Vem 2021! Aguardo-te com muita esperança e tranquiliza as nossas almas. Para todos, sem excepção, que 2021 se concretize nos vossos/nossos desejos.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Vozes de Burros não chegam ao Céu



 

Sou adaptativo aos locais, às situações e às pessoas. Não fico “agarrado”. Penso que não sou saudosista. Ontem, numa deslocação rápida à minha cidade de Elvas e porque estava próximo, deu-me vontade de calcorrear os espaços que são “tão meus”. A estrada de Santa Rita, as ruas do jardim municipal. Habituei-me a conhecê-lo. Nasci e morei numa das casas que já não existem, onde hoje está uma magnífica moradia, por baixo do lagar de Santa Rita. O conjunto de casas era designado por Santa Rita. O espaço adjacente às casas pega com a quinta do Salvador e com o lagar de Santa Rita. Em frente, ficava a quinta do Bispo, hoje não existente, apenas se mantém a residência do poeta António Sardinha. Não pude evitar ver o ribeiro, hoje não existente, que ladeava e atravessava a estrada de Santa Rita. Vi o tanque rasteiro, de água cristalina, que escorria da cascata da quinta do bispo, onde a minha mãe e irmãs, junto com as outras vizinhas lavavam a roupa, há muitos anos já entaipado, ao mesmo tempo que entaiparam o ribeiro. Vi a roupa a corar ao sol. Vi os acampamentos de ciganos, sempre havia ciganos nas margens do ribeiro. Ah! Não me venham com essa da nova moda da xenofobia e do racismo. Cresci junto com ciganos, com tendeiros, brinquei e briguei com eles e elas, vivíamos juntos. Fomos amigos. Vi-os chegar e partir, raramente estavam mais que uma semana seguida, talvez para darem lugar uns aos outros. Deslocavam-se em carroças puxadas por mulas e machos e deixavam sempre impecavelmente limpo todo o espaço que utilizavam. Eram bons vizinhos. Se para nós eles eram e são ciganos, para eles nós somos "gaios" acho que era este o termo que nos designava, já não me lembro com exactidão. Se alguém souber que o diga não me sinto ofendido por isso.

Vi as manadas, de gado bravo, a subirem a estrada de Santa Rita, com os guias/avisadores à frente e à distância, a avisarem os residentes que a manada estava a chegar, que nos metessemos em casa. Eu espreitava do portão, uma e outra vez, as vacas ou os toiros chegavam-se lá, e apesar do portão estar fechado " oh pernas pra que te quero". Era um espectáculo sempre que uma manada de vacas ou um rebanho de ovelhas enchia aquela estrada, a avenida António Sardinha e as estradas por onde circulavam na deslocação de uma herdade para outra. 

Hoje, ao ver estas imagens sinto alguma nostalgia. Velhice deve ser. Vi os as fontes a jorrar água todo o ano e onde tantas e tantas vezes, fui encher os cântaros de barros e os baldes de zinco. Lembro-me dos baldes de zinco porque mesmo vazios pesavam pra c…

Não me lembro de baldes de plástico. Essa água servia para tudo, para beber, para fazer comida, para os animais, para regar as flores e a pequena horta que fazia. Adorava cavar a terra, semear as alfaces, as couves, as nabiças, os coentros a salsa, os espinafres…para tomar banho, uma vez por semana d’inverno, num enorme alguidar de zinco, ainda hoje o guardo...de verão tomava-se mais vezes, podia-se tomar banho de água fresca e se ela era fresca…. Sim, não havia água canalizada. Vi a minha infância, a adolescência e o jovem adulto. Era feliz e não sabia. Baah! Eu não sou saudosista, mas que bateu saudade, bateu!.   

Mas ia-lhes falar do jardim municipal.

Era um espaço meu também. Atravessava-o para ir para a escola primária. Escola de Santa Luzia, isto quando subia a estrada de Santa Rita. Amiúdes vezes, percorria o muro que separava a quinta do Salvador da minha casa que pegava pela parte de trás com o recreio da escola. Pode-se dizer que vivia na escola. Quase sempre era o primeiro a chegar ao edifício masculino, porque só havia dois, o masculino e o feminino e a cantina. Chegava antes dos contínuos, sim, era assim que eram chamados e por ser o primeiro e levar muito tempo à espera chamavam-me o “galo da madrugada”. Talvez por isso, ainda hoje, detesto chegar atrasado, detesto que esperem por mim e não suporto esperar pelos outros. Não tenho memória de alguma vez ter chegado atrasado onde quer que fosse.

Já me perdi de novo.

Voltemos ao jardim.

Ao bater com os olhos na parede com o gradeamento e os pesados portões, veio-me à memória, consequência de acumular anos, que há muitos e muitos anos, também aqui na cidade de Elvas houve umas “inteligências” que quiseram derrubar toda a “muralha” que circunda o jardim, defendendo que o espaço devia ser de acesso livre. Felizmente houve uns burros, também os há, que se opuseram e ganharam os burros à inteligência. Não pude deixar, de fazer a comparação, com a cidade na qual vivo actualmente, Portalegre. Os burros aqui não são ouvidos. Bom, se calhar têm razão, “vozes de burro não chegam ao céu”. Deve ser por isso que se vive no inferno.

Não fiquei feliz com o estado em que se encontra um espaço que é tão meu, que é tão nosso dos Elvenses.

A câmara do telemóvel filmou as imagens que vos deixo.   

Os meus olhos, da memória naturalmente, viram um jardim impecavelmente limpo. Vi as equipas de jardineiros, dos quais faziam parte o Sr Zé, o meu tio Lourenço, o meu tio Zé, o meu tio João e outros que já me esqueci o nome. Vi-os debruçados sobre os canteiros, canteiros que eram autênticas peças de arte.

Os da minha geração certamente lembram-se, todos os canteiro tinham uma moldura. Eram assim constituídos:

tinham uma moldura de areia, seguida de outra de relva e no centro as flores. Sempre havia flores, próprias de cada estação. Quem não se lembra da rua dos liláses e do seu cheiro inebriante.

O parque infantil, era cercado com uma sebe de bucho e a entrada era paga. Lembro-me dos cinco tostões. Havia um campo de patinagem, sempre cheio, um campo de barcos, as cadeiras de baloiço, a roda com os cavalos o escorrega, as argolas, a barra, o vai-e-vem, não sei se me esqueci de algum…

Hoje o parque infantil não é pago e é o que se vê. Não existe campo de patinagem. Na entrada norte, havia um imenso lago que deu lugar a um campo. O cinema ao ar livre deu, há já muitos anos, lugar aos campos de ténis. Junto à entrada sul onde eram os lavadouros, e que praticamente toda a cidade se deslocava para lavar a roupa, hoje, é o campo desportivo com um anfi-teatro.

Subi ao "pico", já fora do jardim, chamava-se assim porque nos picávamos devidos aos cardos e outras ervas, quando nos sentávamos no chão para ver os filmes de "cóbois" e os filmes melodramáticos indianos, num gigantesco "ecrám" por não queremos pagar bilhete. Mesmo neste local, imperava o respeito e o silêncio quando os filmes iniciavam. 

O gigantesco "ecrám" ficou lá, mesmo depois das alterações. Para memória futura... 

Não tenho nada contra estas alterações/melhorias, porque muitas das antes existente, por força dos modernismos, deixaram de fazer sentido. 

Já quanto ao estado de limpeza e conservação tenho muito a dizer. Os meus olhos, os da memória, nunca viram um jardim tão sujo e não me venham com a desculpa que as folhas caem, sempre caíram e nunca as vi no chão. Os canteiros tinham flores, sempre, em todas as estações. Hoje, as flores que os meus olhos viram foram as “azedas” e as ervas. Nem relva há, apenas erva.

Os lagos sempre tinham água, peixes e patos e eram limpos todas as semanas.

Quem não se lembra da rua das palmeiras? Hoje inexistentes, foi doença, certo, mas não podiam já terem sido substituídas?. O jardim municipal, o espaço que é tão meu, o espaço que é tão nosso, o espaço que é tão bonito merece um cuidado melhor.

O espaço envolvente do palácio da justiça que os meus olhos viram também era cuidado pelos mesmos jardineiros, Hoje, o que os meus olhos viram e a câmara regista para a posteridade é um espaço degradante, cheio de ervas.

Infelizmente, tenho de reconhecer que os espaços do jardim e do palácio da justiça, estão em pior estado de limpeza e conservação, comparados com os parques da corredoura e avenida da liberdade de Portalegre.

Tenho esperança que os burros de hoje, à semelhança dos burros de outrora, exijam a quem de direito, a dignificação de tão emblemáticos espaços numa cidade que é património mundial.

Desafio a quem tiver fotos dos tempos da memória que as publique seria “giro” todos recordarmos.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Pôs-se a jeito


Parece que ultimamente, bom não será tão ultimamente, mas de sempre…que o executivo camarário de Portalegre e mais concretamente a sua presidente se têm “posto a jeito” e vai daí é desancar nela…

A polémica mais recente é, ao que é dito, e comentado por estas páginas sociais e confirmado pelo próprio alvo da polémica, o facto da Sra presidente do executivo camarário, ter posto na rua um munícipe, aquando da sua interpelação, na reunião da câmara no dia 9 de dezembro e no tempo destinado aos munícipes.

Parece que a Sra presidente não gostou da interpelação e vai daí, chama de mentiroso o interpelante, pondo-o na rua, ou será que o convidou a sair? é que fará toda a diferença, digo eu, bom o certo é que o interpelante acatou a ordem ou aceitou o convite e saiu.

Esta história faz-me lembrar outras por mim vividas, quando a capacidade de argumentação do contraditório, ou a certeza da resposta, não é apanágio de certas mentes, o melhor mesmo, é mandar ou convidar, a calar e a sair. Já o rei dizia “por qué no te calhas?

Quero deixar claro que não concordo e censuro a atitude tida pela Sra presidente da câmara de Portalegre. Quero acreditar, e atrevo-me a afirmar que, tal atitude, não se deve de todo, a falta de educação e cultura democrática, mas sim a cansaço, por ser desancada a torto e a direito que o mesmo é dizer, por todos os que, quando lhes interessa e são atendidos nas suas solicitações, omitem e nada dizem, quando não são atendidos toca a desancar…coitada da Senhora nem sei como consegue andar e penso que já nem de muletas lá vai...

Ao que parece também, alguns membros do executivo que estiveram presentes, quer por direito próprio quer em representação de outros, insurgiram-se nas redes sociais do comportamento da Sra presidente. A minha pergunta é se na reunião disseram alguma coisa sobre este facto ou tomaram alguma atitude?

Após a notícia saída nas redes sociais, os comentadores do costume, nos quais me incluo, vão de tecer as suas opiniões, o que é legítimo, naturalmente.

Em alguma dessas opiniões, os opinantes, misturam a pessoa com os cargos que os alvos dos comentários desempenharam ou desempenham. Recuso-me terminantemente a misturar.

Se é certo que o interpelante na reunião da câmara é coronel da GNR, mesmo na reforma continua a sê-lo, foi comandante do Centro de Formação de Praças da GNR, o certo é que a sua interpelação à Sra presidente não foi enquanto coronel nem tão pouco enquanto comandante, mas sim enquanto dirigente associativo e cidadão.

Não concordo em nada que se façam deduções que envolvam a GNR.

Ao ler essa publicação, fico com o “sabor” que a justeza das interpelações tem a ver com a condição social, económica e corporativista e que se o interpelante tivesse sido um munícipe desconhecido e mandado sair ou convidado a sair não teria havido caso.

Para mim, o respeito é devido à pessoa enquanto cidadão, independentemente da sua condição social e económica.

Enquanto não conseguirmos ver o outro como pessoa, dificilmente conseguiremos mudar esta sociedade.   

Com estas opiniões e comentários todos nos “pomos a jeito”. 

sábado, 5 de dezembro de 2020

"Estapafúrdice"

 

Ontem, dia quatro de dezembro, foi-nos dado a conhecer que a autarquia de Portalegre adjudicou à empresa “VIAEXTRA – Engenharia e Construções, Lda” a demolição do “monumento” de homenagem aos dadores de sangue.

Sobre o valor da empreitada nem me vou referir, certamente será o ajustado!!!??? E devem ter sido consultadas mais empresas.

Pelos vistos, agora é fácil chegar à conclusão que o monumento retira a visibilidade na circulação rodoviária. Ainda que sendo verdade, tal “invisibilidade”, do que me tenho apercebido, não tem provocado tantos acidentes quanto o do cruzamento de acesso à IP2, uns metros mais abaixo.

Se a memória não me engana, penso recordar-me que, há uns meses atrás e aqui sim, a memória falha, não me lembro com exactidão há quanto tempo e também não vou pesquisar porque não é disso que quero falar, mas referir agora e de passagem, porque me ocorreu, aquando de um acidente, penso que o último, com morte, a Sra Presidente da autarquia, Adelaide Teixeira, ter dito que a competência de alteração ao traçado rodoviário não é da da autarquia mas, do Instituto de Estradas de Portugal, ao qual já tinha solicitado por várias vezes a alteração ao traçado, responsabilizando-se que, se o Instituto não procedesse a essa alteração, no imediato, a própria Câmara assumiria tal encargo. “Promeeessas”!

Como estamos no Alentejo e “ainda por cima” em Portalegre onde “pareeece” que tudo é “leeeeento” ainda continuamos à espera que, mais uma pessoa ali morra, para se proceder a tal alteração. No meu entender bem mais necessária que a demolição a que se propõem.

Mas, retomando a estrada que quero me leve ao meu destino, continuo.

Penso saber, que toda a construção carece da autorização da Câmara, ainda por cima, sendo esta em espaço público. De tantos “engenheiros” que por aqui cirandam à data da apresentação do projecto, parece, nenhum ter reparado na volumetria da construção. Os “expert’s” só depois de ela concluída, perceberam que era “colossal” demais. Nas vistorias que devem ter feito, também não perceberam, os sinais que dava, da sua deficiente construção.

Porque finalmente chegaram a essa conclusão, deficiente construção, para mim o mal maior, que não abona em nada, uma das entradas na cidade.

Eu pessoalmente, gosto do monumento, representa aquilo que quer homenagear os DADORES DE SANGUE.

O que temos no monumento?

Um coração GIGANTE.

Há algum coração mais GIGANTE que o coração dos dadores de sangue? De certeza que não.

Teríamos água a sair daquele coração gigante que, se bem construído e a funcionar em pleno, na minha interpretação, seria o sangue de todos os que altruisticamente doam o seu sangue.

Sangue é vida =

Água é vida

Sinceramente, não estou preocupado com a sua volumetria, mas sim com a sua degradação.

Como condutor, cumpro as regras de trânsito e tomo as medidas de precaução devidas para que nada de “anormal” possa ocorrer. Se todos tivermos esses cuidados não é a sua volumetria, invisibilidade, que causa transtornos, mas sim a falta de cumprimento das regras de trânsito e a incivilidade.  

Por mim, o monumento devia ser recuperado e posto a funcionar.

Agora o “pau da bandeira”

Não sei, nem quero saber, de quem foi a ideia ESTAPAFÚRDIA de colocar o “pau da bandeira” para aí ser colocada a bandeira que foi utilizada no 10 de junho de 2019, em substituição do monumento  existente.

Porquê a minha indignação? Sim estou indignado!

Vou esclarecer:

De acordo com as Constituição da República Portuguesa são símbolos nacionais:

A Bandeira nacional;

O Hino Nacional

O Presidente da República.

Sou pré 25 de abril de 1974, ao invocar o pré, não é saudosismo, é RESPEITO pelo que aprendi, coisa que, parece alguns prés, não aprenderam ou já esqueceram e a maioria dos pós, infelizmente, não sabem o que isso é. Culpa nossa que não lhe soubemos transmitir.

Como símbolos nacionais que são, a bandeira, o hino e o presidente da república merecem todo o nosso respeito, aliás somos obrigados a respeitar.

Pois bem, não me parece que estejamos a respeitar um dos símbolos, neste caso a bandeira nacional, se a colocarmos no meio do nada.

Sem pretender dar lições de história, mas apenas recordar, que muitos morreram na defesa e na guarda deste símbolo maior que nos representa a todos.

Muitos, e eriçam-se-me os pelos, só de escrever isto, nem a sua sombra pisam.

Como é possível alguém ousar pensar e ainda por cima concretizar “viltrampear”, termo inventado agora,  a bandeira nacional expondo-a sem nenhum respeito.

Para que se saiba e de acordo com o regulamento de continência e honras militares, decreto lei 331/80 de 28 de agosto,

Art. 10.º - 1 - A Bandeira, o Estandarte e o Hino Nacionais, como símbolos da Pátria, estão acima de toda a hierarquia militar. Todos os militares têm, portanto, a obrigação de lhes fazer a continência, quando uniformizados, e de se descobrirem e perfilarem, quando em trajo civil, nas circunstâncias previstas nos artigos 52.º e 56.º

A exposição pública da bandeira, quando hasteada, obriga a determinados formalismos de “respeito”, deve ser içada às 8 horas e arriada à hora legal do pôr do sol. Não deve permanecer hasteada durante a noite e se tal vier a acontecer, deve ser arriada e içada conforme regulamento. Sempre que a Bandeira esteja içada, deverá ser iluminada por um projector ou por dois faróis de luz branca.

Será que quem teve, repito, esta ideia estapafúrdia, pensou em tudo isto? A bandeira nacional não é apenas um pedaço de pano, eventualmente mandado fazer na China, é muito mais do que isso, somo nós. E eu exijo respeito.

Ainda mais, se ao que parece, vai ser colocada a bandeira que assinalou a comemoração do dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas a 10 de junho de 2019 na cidade de Portalegre, para enaltecer essa comemoração na cidade, considero uma infeliz escolha.

Porquanto:

- o(a) idiota estapafúrdio(a) pensou que a bandeira se vai deteriorar por força do vento, da chuva, do sol?

Ah! Existem mais bandeira que a podem substituir, pois mas já não será a mesma.

Se querem tanto preservar essa memória, para fazer história, não seria melhor ideia emoldurar essa bandeira e vir afazer parte de um qualquer museu?

Pensem nisto… ainda vão a tempo…

Ao que parece, querem substituir os “dadores de Sangue”, pelos “comemoradores” do 10 de junho de 2019 na cidade de Portalegre, então sugiro:

E que tal duas estátuas, da actual presidente de Câmara e do João Miguel Tavares, assim perpetuariam os que tudo prometeram e nada fizeram e os portalegrenses ausentes…

Depois não venham dizer que não dei boas ideias e não avisei da “estapafúrdice” de certas ideias.

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Quem não tem vergonha todo o mundo é seu


 Gosto de citar provérbios porque encerram o conhecimento e ensinamento de imensas gerações.

A citação deste provérbio, hoje, vem a propósito de, alegadamente, a senvergonhice ou como eu gosto de dizer a desenvergonhice, que nem sei se o termo é correcto, mas que todos(as) entendemos de algumas “porções de existência humana” como refere uma  respeitadíssima amiga  nas suas publicações.

 Faria no dia quinze de dezembro de 2020 precisamente nove anos de voluntariado, ininterruptos, numa Instituição de Solidariedade Social. Destes nove anos, cinco foram prestados como representante desta instituição, o que quer dizer com responsabilidades acrescidas.

Nunca antes tinha feito voluntariado. Sempre achei, e ainda estou convicto que o trabalho dá saúde. Com esta convicção, logo após a saída da minha vida profissional, ainda jovem!?, não me quis dar descanso. Tinha exemplos de companheiros, que deixada a vida activa profissional, e sem nada fazer, passados poucos tempos, estavam velhos, sombras deles próprios, quando ainda eram jovens e tinham muito para poder fazer e serem úteis.

Não permiti assemelhar-me a eles e ainda não me permito ser sombra de mim próprio, um dia, porque o tempo tudo nos traz, serei essa sombra que acredito ainda está longe.   

Com as minhas convicções, certas ou erradas e com o intuito de ser útil, por essa altura, ano 2011, desabafei com uma pessoa que muito estimava e considerava amiga e disse-lhe:

- Preciso de arranjar uma ocupação que me envolva física e mentalmente.

Respondeu-me ele,

 - porque não vai fazer voluntariado para…

Referindo o nome da instituição.

Confesso que nem sabia da existência dessa instituição em Portalegre, embora já existisse à cerca de cinco anos. À minha pergunta:  – Onde fica? Respondeu dizendo o local.

Passados dois ou três dias desta conversa, e ao passar pela porta da instituição dirigi-me à mesma. Recebeu-me um Sr simpático, pequenino e de barbas que também lá fazia voluntariado. Gostei dele logo no primeiro impacto, vá-se lá saber porquê, senti a tal “química”. Todos nós sentimos essa “química” de reciprocidade ou de rejeição, mesmo sem conhecermos minimamente a pessoa como era o caso. Disse-lhe ao que ia, a oferecer tempo e trabalho e se precisavam. Depois de me ouvir e ter feito uma breve apresentação da instituição, perguntou-me:

- qual é a sua disponibilidade?

-toda, de manhã e de tarde.

- o que gostava de fazer?

- O que houver para fazer.

- amanhã de manhã pelas dez horas pode cá estar?

- sim, estarei cá a essa hora.

E assim foi, no dia quinze de dezembro de 2011 às dez horas, apresentei-me no meu novo local de trabalho. A partir deste dia, passaram a ser todos os dias até vinte e três de Setembro de 2020. Infelizmente, convivi com este Sr. pouquíssimo tempo, apenas um mês, por infortúnio faleceu passados, sensivelmente dois meses depois de nos termos conhecido.  

Porque o Sr adoeceu logo no início de 2012 e era o que assegurava todo o serviço, quer o de escritório quer o de armazém e por ausência dos membros dos órgãos socais, e de outros voluntários, com excepção do presidente da direcção, tive de ser eu a dar continuidade e assegurar todo o serviço. Não me queixo e nunca me queixarei de todo este trabalho. De facto queria preencher o meu tempo e o trabalho de voluntariado quando vivido como eu o vivi não nos deixa tempo nem nos dá descanso. Comparo muitas vezes o tempo e o trabalho de voluntariado com o tempo e trabalho profissional e no meu caso não há comparação possível. No trabalho profissional depois do “toque de ordem” que o mesmo significa encerrar portas, só no outro dia voltava a pensar no mesmo. No trabalho de voluntário não há “toque de ordem”.

Tenho consciência que sempre desenvolvi o trabalho de voluntário e nos últimos cinco anos no de dirigente, tendo por base a defesa dos interesses da instituição. Tinha a convicção que o trabalho de voluntariado, até porque a lei assim o define era um trabalho não remunerado.

Renunciei ao cargo de dirigente da instituição, por não compactuar com a DESENVERGONHICE.

A minha convicção é deitada por terra quando, alegadamente, a DESENVERGONHICE de quem dirige instituições, se permite compactuar com a falta de carácter e idoneidade de “uma porção de existência humana “ tornando-se elas mesmo uma porção de …  

Com que moral ficam estas porções de … ao pagar, alegadamente, a uns e não a outros, um serviço, ou parte dele, prestado sob o regime de voluntariado?.

Com que moral ficam estas porções de … ao mentirem, alegadamente, a outras instituições, dizendo que determinados procedimentos foram feitos, bem sabendo que tais procedimentos ainda não foram concluídos?.    

Entristece-me reconhecer que pessoas que eu considerava, estimava e respeitava, alegadamente, se transformem em “porções de…”   

Entristece-me reconhecer que a instituição pela qual dei muito do meu tempo, trabalho e saber, alegadamente, tenha ou venha a ter à sua frente “PORÇÕES DE EXISTÊNCIA HUMANA”.  

Como diz o provérbio:

QUEM NÃO TEM VERGONHA TODO O MUNDO É SEU

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Ciclos

 

Todos nós sabemos que a vida é um ciclo e feita de ciclos. Temos o ciclo da infância e dentro deste, outros ciclos, da amamentação, da aprendizagem, das birras enfim por aí afora. Depois vem o ciclo da adolescência do qual faz parte, a puberdade, com tudo o que ela nos traz, continuam as birras, as exigências, o posso, o quero, o eu é que sei… segue-se o ciclo da fase adulta, maduro, neste ciclo já não há birras, já não há exigências, já não há o posso, já não há o quero, já não há o sei, este ciclo é uma maravilha, passa a haver só condescendência, altruísmo, compreensão. Deixamos tudo para e por conta dos outros “Peace and love”.

Os que me acompanham, gritam-me ao lado.

- Oh, não!

- Eu continuo a ter birras, e que birras!  

- Eu continuo a exigir e principalmente de mim.

- Eu continuo a querer, e quero cada vez mais, não facilito, não compactuo com o que não é justo e correto, não me conformo com o facilitismo …

- Não deixo para e por conta dos outros, deixo para mim e por conta de mim.

As vozes que me gritam ao lado, parece que vêm de dentro de mim, da minha alma, do meu sentir, parafraseando um pouco uma querida amiga que gosta muito de utilizar “os sentires”.

Neste ciclo de adulto, quase quase, a abrir as portas do forno eléctrico, para a eternidade, de adulto inconformado, birrento, prepotente, mas, também de adulto responsável, uno, com carácter acaba de abrir a porta da antecâmara que o mantinha prisioneiro.

Uma “prisão” de nove anos, dos quais, os últimos cinco, de quase claustrofobia.

Foram anos intensos de “Dádiva e de partilha”, nos quais investiu muito do seu tempo, do seu saber, da sua voluntariedade, do seu querer e do seu crer. Neste fechar e abrir de porta sente-se realizado, e, sereno com o seu sentir. Outros se sintam tão felizes e serenos.

Outros ciclos e outras portas se irão abrir antes que a porta definitiva se feche.


domingo, 6 de setembro de 2020

Ensaio sobre a surdez e sobre a cegueira

 

Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.

(José Saramago)

Se podes ouvir, ouve. Se ouves, escuta.

(isidro Santos)

Esclarecimento

O texto que se segue não é uma tentativa de plagiar os autores de “Ensaio sobre a cegueira” do prémio Nobel – José Saramago e tão pouco outros autores que escreveram os “Ensaios sobre a Surdez” – José António Arruda e o maestro António Vitorino de Almeida, longe de mim, pretender equiparar-me, a tão nobres autores.

Após as “férias” prolongados devido à pandemia e ao medo intrínseco, ainda latente, de se ficar infectado com o covid 19 e cumpridas todas as medidas de desinfecção dos locais, distanciamento de no mínimo dois metros, gel desinfectante à entrada do recinto e utilização de “açaimo humano”, reuniram-se no dia três de Setembro, numa sala suficientemente grande, umas treze ou catorze pessoas.

A reunião era para se esclarecer e ser-se esclarecido sobre alguns temas que se consideravam importantes a serem apresentados.

Comparemos esta reunião com uma sala de aula. O professor deu início à aula, entrando num tema não previsto no sumário, tornou-se chata, incómoda e desinteressante para alguns dos alunos, fazendo com que estes não ouvissem, apesar de terem ouvidos, e perdessem a atenção. Verdade que o professor conduziu erradamente esta primeira aula. No decorrer da “lição” tendo tido a percepção de que estava a perder a aula e se tinha desviado do sumário, fez uma tentativa de introdução do tema previsto, mas logo se ouviu uma voz como que acabada de acordar,

 - não, se é para falar de assuntos pessoais eu saio.

Seguiu-se o burburinho típico dos alunos, cábulas, que logo aderem a este tipo de iniciativa. Ela ouviu mas não escutou, e fez com que todos os outros lhe seguissem o caminho. O professor insistiu e voltou a introduzir o tema, dirigindo uma pergunta a uma das “alunas”. Silêncio, esta “aluna” não deve ter ouvido nem escutado, talvez porque não lhe interessava a pergunta ou não sabia responder. Os outros cochichavam para distrair o professor. Dando-se conta que estava a perder a aula, o professor retomou o tema inicial. Fez a sua exposição, e quando concluiu a lição apresentando a solução, eis que, uma aluna, atira uma “bola” para o meio da sala, como sugestão de solução do problema. Se durante a lição o professor expôs o problema, no final apresentou a solução. Esta aluna estava a dormir certamente, porque se estivesse acordada, teria ouvido e escutado a solução. Porque nenhum dos alunos, à excepção de um ou dois, ouviu a solução, agarraram-se à bola e todos diziam,

 - a bola é minha,

- a bola é minha,

- a bola é minha…

o professor não concordando com a “bola” atirada, a custo, ainda disse,

- não, essa proposta não é válida eu já apresentei a solução.

Porque o que os alunos queriam era divertirem-se embora estivéssemos na primeira aula depois da pandemia, mandaram calar o professor, dizendo,

- ou jogas o nosso jogo ou ficas sozinho.

O professor que não é daqueles que se intimida na primeira “ameaça” ainda insistiu,

- esse não é o meu jogo, eu não vou jogar esse jogo.

Não adiantou nada, os alunos, sendo a quase totalidade alunas, à excepção de um aluno, nem deixaram o professor terminar a aula, levantaram-se e começaram a sair da sala, convencidas que a proposta era a solução para o problema, nem se despedirem – até à próxima aula. Tendo a capacidade de olhar não viram que em vez de uma proposta de solução fizeram uma proposta de problema, e por não terem visto não repararam nos danos colaterais que a proposta vai provocar.

Porque tendo a capacidade de ouvir, não ouviram nada do que foi a lição e como não ouviram não escutaram os apelos incessantes do professor.

Esta é uma história real, não fictícia. Aos verdadeiros professores, porque eu não o sou, desejo sinceramente um óptimo início do ano lectivo com os desejos que não haja nenhuma “bola” em plena sala de português, matemática, história ou a que seja. Aos alunos que não se esqueçam que os jogos e as bolas são para se jogarem nos recreios ou nas aulas de educação física.  

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Serviços de Proximidade



SERVIÇOS D PROXIMIDADE!!!!

Estou irritado! tenho dito. Alguém me consegue explicar de maneira que, um que já foi loiro e que agora, para além de ser careca, é russo, entenda esta noção dos serviços públicos de proximidade. Os "mandam chuvas" dos serviços públicos, de não sei de onde... entendem que a proximidade de um bom serviço público está ao alcance de um número de telefone, como se toda a gente fosse obrigada a ter um telefone. Vai daí para seres atendido num serviço público liga para o numero X que, na maioria das vezes é de valor acrescentado, roubalheira digo eu. Discamos o número, roubam-nos dinheiro, roubam-nos tempo, ao fim de largos minutos ouvimos uma voz de máquina que nos diz "que o tempo de espera da sua chamada é superior ao previsto, pelo que deve voltar a ligar mais tarde" e cai a chamada.

Se somos teimosos e insistente voltamos a ligar como nos é "educadamente" solicitado pela tal voz e volta tudo a acontecer de novo, voltamos a esperar imensos minutos, voltam-nos a roubar dinheiro, voltam-nos a roubar tempo e volta a cair a chamada. PORRAAAA que estes serviços públicos são uma MERDA não há maneira de o dizer de uma forma educada como a tal voz e só me apetece mesmo e mandá-los a todos, os tais "mandam Chuvas", pró raios que os partam ou em vocabulário ainda mais vernáculo vão pro "Caralho" isto é só para os mandar para um lugar mais elevado, para ver se do cimo do caralho, conseguem enxergar melhor e ver o péssimo serviço público que prestam. Estou cansado, de caminhar para o serviço de finanças de Portalegre, estou cansado de ligar para o dito cujo do número, estou cansado que uma voz me diga que o tempo de espera é superior ao desejado. O serviço de proximidade dos serviços públicos é quando eles querem e às horas que querem e não, quando um simples pagador, tem tempo e disponibilidade para se dirigir a um serviço público. Quando os serviços particulares já estão a funcionar de portas abertas, com cautelas, claro, como se impõe, porque raio os serviços públicos, alguns infelizmente, teimam em manter as portas fechadas e só ao alcance de um número de telefone? Que raio, quando é que somo nós a mandar abrir as portas, e fazer entender a esta gente que eles são apenas nossos funcionários… Como eu tenho saudades do meu tempo de serviço de proximidade.

domingo, 14 de junho de 2020

CERTO E ERRADO - CERTEZA E DÚVIDA

Para quem tem tantas certezas e convicções, a dúvida instala-se, e torna-se certeza
(Isidro Santos)

Não acredito na reencarnação, mas já acreditei. Por tudo o que nos acontece no dia-a-dia, ainda há muitos momentos que duvido no que acredito. Desde que me lembro de ser pessoa, quero dizer, desde que penso por mim e não através dos outros e que tomo decisões por mim e não pelos outros ou pelos que os outros pensam, sempre tentei passar a ideia das minhas certezas e convicções, defendendo-as com base na minha informação e conhecimento na altura, e na capacidade de argumentação, até que alguém me prove que estou errado.
Não aceito, nunca aceitei, que quem quer que seja, interfira nas minhas opiniões e convicções e tente impedir-me do que quer que seja, só porque pensa e tem convicções diferentes da minha. Aconteceu esta semana, uma suposta amiga, retirou-me a amizade virtual e suponho que a amizade pessoal, a avaliar pelas considerações que faz sobre a minha pessoa. Desistiu de ser associada duma instituição porque não concorda que eu tenha “motivações políticas” e represente uma instituição. Esclareci a ex-amiga que eu não tenho motivações políticas, tenho simplesmente opiniões, enquanto cidadão, que admito possam estar erradas. Já num passado recente, de setembro do ano passado até então, outras pessoas tentaram impedir-me de ter as minhas opiniões e manifestá-las publicamente. Não sou, nunca fui hipócrita, digo o que penso e penso o que digo, quer isso seja ou não do agrado dos outros.
Naturalmente que, embora ninguém me tenha demonstrado a eventualidade de estar errado, faz com que eu pare, oiça e pense e sobretudo, duvide se estou certo ou errado? Para quem tem tantas certezas e convicções a dúvida instala-se, e torna-se certeza. Ao tornar-se dúvida e certeza, provoca o incêndio no nosso eu, transformando-nos em nada ou quase nada, em cinza. Como a fénix, prefiro continuar a pensar como penso, e agir como ajo.
Penso que só devo ser a reencarnação, de algum espírito inconformado e provocador.
Não sei se é do meu espírito, se do espírito reencarnado, admito que gosto de provocar um pouco.
Provocar as ideias pré-estabelecidas e preconceituosas.
Provocar os acontecimentos.
Provocar o “status quo”.
Provocar a discussão.
Provocar a liberdade.
Provocar o incómodo.
Provocar…

segunda-feira, 8 de junho de 2020

PAPAGAIOS

Uma amiga “virtual” do facebook , embora também nos conheçamos pessoalmente, o que nos torna “amigos” para além do virtual fez uma publicação, há poucas horas, na sua página. Para além de concordar com tudo o que diz, a primeira palavra que me veio à ideia foi “PAPAGAIOS”.
Papagaios porquê?
Pensei, o que é que os papagaios fazem? Para além de outras coisas menos essenciais, o que achamos atractivo e nos chama a atenção nos papagaios, é a sua capacidade de imitar a voz humana.
Porque é que eles conseguem imitar a voz humana? Porque conseguem controlar a siringe que é o órgão presente em todos os pássaros, equivalente às cordas vocais, conjugada com a anatomia do bico, da língua e do palato.
O facto de os papagaios terem capacidade intelectual, faz que sejam capazes de descodificar e memorizar novos sons.
Ou seja, os papagaios, apesar de segundo alguns estudos científicos terem capacidade intelectual, eles apenas repetem por imitação e memorização aquilo que lhes é ensinado. Não têm noção do que dizem, porque o dizem e menos ainda se o estão a dizer correctamente, repetem… repetem… repetem para que nós, que não somos papagaios os oiçamos. E nós ouvimos, porque lhes achamos imensa piada…
Papagaio que se preze, para justificar a ração diária que recebe e o investimento com o seu custo, tem de imitar a voz do dono e repetir o que lhe é ensinado, sob pena de ser retirado do poleiro.
Por outro lado temos os papagaios de papel, sem qualquer capacidade de imitação e de voar por si só. Resta-lhes a habilidade do dono e a força do vento para os fazer levantar do chão.
O “post” da minha amiga, fez-me lembrar a semelhança que existe entre estes papagaios, animais e de papel, e os papagaios humanos. Estes últimos, são em tudo idênticos aos anteriores, têm capacidade intelectual mas não têm noção do que dizem e porque o dizem, apenas repetem… repetem… e repetem... enquanto tiverem audiência e receberem a ração diária, porque foi isso que lhes foi ensinado, apenas devem repetir e os de papel, que sem a mão habilidosa do dono, não se levantariam do chão..
Se no princípio, até achamos imensa piada ao que é repetido, com o tempo e por força da repetição, começamos a achar cansativo e só desejamos que se calem…fez-me lembrar uma outra expressão pronunciada por um rei “porque no te calhas”.
Papagaios humanos repetidores, no mínimo, aprendam outra cantilena para nos entusiasmar de novo.  

domingo, 31 de maio de 2020

IRMÃOS


Há dias para tudo. Assinalo apenas alguns dos relacionados com a família. Dia do pai, dia da mãe, dia dos avós, dia dos namorados, dia da mulher, dia do homem, dia dos tios, dia dos filhos, dia do filho do meio, e até o dia mundial da estupidez e hoje o dia dos irmãos.
Muito sinceramente, não entendo para que servem todos estes dias marcados no calendário. Na maioria, nem sabemos quando eles acontecem, senão, uma aposta, sem ir ver ao Google ou outro motor de busca que hoje sabem tudo, quando se comemora o dia dos tios?
Hoje falo sobre o dia dos irmãos, sou do tempo, ou no meu tempo, adoro estas expressões, de termos irmãos. Ah! Irmãos de pai e mãe. Os nossos pais, podiam não ter tempo para nos criarem, podiam não ter dinheiro para nos alimentar convenientemente, mas arranjavam tempo, o que fosse para fazerem filhos, por falta de televisão dizemos nós hoje. Fosse como fosse ou porque fosse, constituíam família, tinham filhos e havia irmãos.
Hoje não há famílias como a que eu fui criado e educado, ou há muito poucas, infelizmente. Famílias onde os avós viviam com os filhos e os netos. Famílias onde os avós e os pais morriam em casa. Famílias onde os irmãos, os tios e os primos se relacionavam.
Hoje há famílias monoparentais, famílias desestruturadas como é usual dizer-se. Não há filhos, ou quando os há é apenas um, logo não há irmãos, não há tios tão pouco primos.
Não! Há filhos do pai, filhos da mãe, sem outras conotações, são mesmo e só filhos da mãe, mas isso não os torna irmãos.
Porque hoje é dia dos irmãos, seria de prever que os irmãos fizessem alguma coisa para serem irmãos. Fizessem mais do que eu estou a fazer, para além de debitar palavras escritas. Se juntassem em família ou no mínimo que se dignassem a fazer uma chamada telefónica, hoje é tão fácil, e desejassem um bom dia a esse irmão. Quantos de nós o fizemos? Você já o fez? Ainda vai a tempo. Não diga que não tem tempo. Ah! Claro! está à espera que ele/ela o faça primeiro. É sempre o outro, nunca somos nós.
O tempo não perdoa. Somos nós que perdoamos. Faça-o se acha que há alguma coisa a ultrapassar, não fique à espera que seja o outro a perdoar, para que, definitivamente seja irmão, independentemente de ser irmão de pai e mãe, ser de pai ou ser de mãe, afinal todos somos irmão ou não é assim?

quarta-feira, 27 de maio de 2020

POIS É


Gosto de pensar que sou único em muitas coisas, embora nos raros momentos de lucidez, perceba que sou a repetição de todos os outros.
(Isidro Santos) 



A igualdade da desigualdade ou a desigualdade da igualdade, nem sei como defini-la dada a confusão que na minha cabeça vai. Por ventura, sinais da minha demência, a que devo estar atento, se conseguir claro, já que a demência a isso não nos deixa.

No embalo e nos solavancos desta quietude aparente, a minha demência levou-me a sobrevoar, planando, a demência dos demais.
Observei lá do alto, que felizmente, não sou o único demente. Devia dizer, para satisfação de todos os outros, que infelizmente sou o único, mas nestas coisas da demência, mesmo não tendo consciência de tal, quem quer estar só?
Gosto de pensar que sou único em muitas coisas, embora nos raros momentos de lucidez, perceba que sou a repetição de todos os outros.
A minha demência leva-me a observar lá do alto, sim, porque a demência eleva-nos, põe-nos acima de tudo e de todos, ia dizer que não nos deixa ver nada, mas não, deixa-nos ver tudo o que a lucidez nos esconde. Deixa-nos ver a demência daqueles que temos como lúcidos.
Ontem, dia vinte e seis de maio de dois mil e vinte, o órgão de soberania – Presidente da República – Professor Marcelo Rebelo de Sousa promulgou o diploma da assembleia da república sobre a proibição de festivais e espetáculos de natureza análoga até 30 de setembro, mas com reparos sobre “a garantia do princípio da igualdade”.
A minha demência, não me deixa lucidez suficiente, para me focar nos considerandos de Sua Exª o Presidente da República de tão lúcidos que são. “São areia demais para a minha demência”.
A minha demência, lá do alto, só me deixa observar, se não seria muito mais simples e fácil, para a compreensão dos demais dementes, se é que os há, para além de mim, que o principio de igualdade seja aplicável a todos por igual, sem excepções…Ah! Não! Claro!, não há igualdade naquilo que é desigual. Uma “actividade política”, só porque há uns dementes, que se julgam lúcidos e têm esse direito, como eu tenho o direito de me sentir demente, fazem uns discursos, para ludibriar todas as mentes dementes e que de tanta insistência, já não conseguem atingir a lucidez. Não importa se nessa “actividade política, há ou não actividade cultural de bandas e outras. Isto não é igual, logo o princípio não se aplica.
A minha demência, não consegue compreender, menos ainda aceitar, que haja alunos que não podem fazer exames de melhoria de nota. Que haja pais e filhos que já não se vêm, a não ser por vídeo-chamada, e não se abraçam há já imenso tempo continuem impedidos de o fazer.
Claro que a minha demência, quando faz o supremo esforço, na tentativa de atingir alguma lucidez, compreende que o vírus COVID 19, dadas as suas mutações já deve ter-se “INTELIGÊNCIADO” e já deve ir no COVID 20 ou 21.
Vai daí, só seleciona, os locais, escolas, creches, infantários, ATL, lares de idosos e os mutante que se encontram na demência para se multiplicar ou dividir, depende do ângulo de visão, para fazer com que estes se “INTELIGENCIEM”  e atinjam a lucidez. Os outros locais, “RECINTOS DE CULTO”, sejam eles quias forem, não os vou citar porque a minha demência não consegue lembrar-se deles, mas certamente que, a lucidez destes, sabem a quem me refiro, o VÍRUS da inteligência e lucidez já está instalado.
A minha demência, leva-me a desafiar todos os outros dementes, promotores de actividade cultural que nas datas que tinham previstas, ou com os ajustamentos necessários, convidem outro demente, desde já ofereço-me, para rezar o terço, para dizer uma balelas de engana povo, que o mesmo é dizer, continuem dementes e assim em vez de um espectáculo cultural, como se estes não sejam necessários, teremos um espectáculo de caris religioso ou político e a igualdade será igual.         
  

domingo, 10 de maio de 2020

ELES PODEM TUDO...ELES PODEM TUDO...


“UMA ORDEM E UMA CONTRA ORDEM É UMA AUTÊNTICA DESORDEM”

Como é sabido, após a Organização Mundial de Saúde ter declarado o Covid 19 como pandemia, Sua exª o Presidente da República declarou o estado de emergência renovando-o por três vezes.
A Direcção Geral de Saúde emitiu diversas informações e orientações sobre esta matéria.
O Conselho de ministros decretou, por Decreto-Lei entenda-se, os comportamentos a ter por todos nós, enquanto esta situação se mantiver e/ou não forem alterados, por decreto-lei a normalização dos comportamentos a ter novamente.
Na minha vida profissional havia uma expressão que se empregava muitas vezes, “mande quem pode, obedeça quem deve”. Naturalmente, sempre houve "desobedientes" e que na sua tentativa de não fazer nada, logo perguntavam - Onde é que isso está escrito? Quase sempre a "ordem" estava escrita e ainda que não estivesse, se legítima, legal e da competência de quem a dava era para cumprir, sob pena de incorrer no crime de desobediência. Leu bem CRIME Nem toda a ordem tem de estar escrita. 
Muito tempo antes de conhecer esta expressão, já a tinha interiorizado na minha cabeça e no meu coração. Não basta interioriza-la num dos sítios, isto é tão válido para esta situação em concreto, como para qualquer outra situação que vivamos, sob pena de virmos a falhar todos os objectivos que nos propusermos alcançar. É necessário interiorizarmos na cabeça, na razão, e no coração, no sentir. A cabeça pensa e o coração sente.
Todos nós sabíamos e sabemos, os das minha geração, quem manda numa família, numa sala de aula, numa escola, no local de trabalho, em geral na sociedade e digo manda e não digo mandava, porque os da minha geração ainda continuamos a mandar, numa família, não vou discutir se é o pai ou a mãe, se ambos, se a avó ou o avó, se o cão ou o gato, ou o periquito, nós sabíamos quem mandava e não era relógio de repetição. Dizia uma vez e estava dito.
Infelizmente, hoje não se sabe quem manda e muito menos quem deve obedecer. Todos acham que todos mandam, mas já não acham que todos devem obedecer. Eu que sou um bocado lento no raciocínio, deve ser por ser alentejano, fico perplexo, se todos mandam todos deviam obedecer, ou não é assim? Se ninguém obedece como é que há alguém que manda?
Julgava saber que uma Lei, no sentido lato, e a lei é escrita, nem há o subterfúgio de perguntar onde é que está escrita, era o mando de “alguém” e se é mando, todos a quem lhes é dirigido este “mando” devem obedecer, sob pena de cometerem um CRIME ou contra-ordenação. Pois, parece que tenho andado enganado e pior que isso a enganar aqueles que tenho tentado que interiorizem a disciplina do mando e da obediência. Na sociedade em que vivemos já não manda quem pode e em consequência já não obedece quem deve. A esta conclusão cheguei pelo que se viveu na Assembleia da República no passado dia 25 de abril. Se isto não tivesse sido suficiente, para me convencer, voltaram a mostrar-me que é mesmo assim com os acontecimentos do dia 1 de maio. Ah! Para acabarem definitivamente com as minhas dúvidas, toma lá mais uma demonstração, na “grande realização politico-cultural dede 1976” de que “JÁ NÃO HÁ QUEM MANDE” porque “JÁ NÃO HÁ QUEM OBEDEÇA.
Sinal dos tempos.
Toda esta situação e a expressão “mande que pode obedeça quem deve” fez-me lembrar uma outra, que só a ouvi a uma única pessoa, mas reiteradamente, ao saudoso Militar da GNR, de seu nome, José Gordo, mas que faz todo o sentido.
“UMA ORDEM E UMA CONTRA ORDEM É UMA AUTÊNTICA DESORDEM”