Todos se queixam que o ano de 2020 foi péssimo, um ano para esquecer. Sinceramente, retirando está "coisa" que nos tem incomodado com mais incidência desde março, e que fez que alguns não vejam nascer 2021, pessoalmente, incomodou-me pouco e não o considero o meu "pior ano". Felizmente acabo-o de perfeita saúde, bem como os familiares mais próximos. Não me restringiu nos meus movimentos, trouxe-me o meu filho e nora de Bruxelas, tive todos os filhos em casa no Natal e todos continuamos bem. Talvez porque estou agradecido à vida está me retribua/compense. Continuo a acreditar e a desejar como sempre faço, que 2021 seja melhor, mas como sempre digo, que no mínimo seja igual a 2020. Infelizmente, tenho consciência que nem todos partilham deste meu desejo. Mas como digo, pessoalmente, e aqui estarei a ser egoísta, não o considero o meu pior ano. Da minha parte obrigado 2020. Vem 2021! Aguardo-te com muita esperança e tranquiliza as nossas almas. Para todos, sem excepção, que 2021 se concretize nos vossos/nossos desejos.
Decidi criar este blog "Nem tanto à terra nem tanto ao mar" para iniciar o que me vai no pensamento. Não, não é engano, quero mesmo que se chame assim. Já sei que não se diz assim, mas eu digo como quero, ou não posso? Não? Mas afinal de quem é o blog? É meu, fui eu que o criei, ou foste tu? Esclarecidos? Sim? Ok! então vai chamar-se mesmo "Nem tanto à terra nem tanto ao mar" sim porque eu gosto de ser do contra, ou talvez não, a ver vamos.
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
Vozes de Burros não chegam ao Céu
Sou adaptativo aos
locais, às situações e às pessoas. Não fico “agarrado”. Penso que não sou
saudosista. Ontem, numa deslocação rápida à minha cidade de Elvas e porque
estava próximo, deu-me vontade de calcorrear os espaços que são “tão meus”. A estrada de Santa Rita, as
ruas do jardim municipal. Habituei-me a conhecê-lo. Nasci e morei numa das casas
que já não existem, onde hoje está uma magnífica moradia, por baixo do lagar de
Santa Rita. O conjunto de casas era designado por Santa Rita. O espaço
adjacente às casas pega com a quinta do Salvador e com o lagar de Santa Rita.
Em frente, ficava a quinta do Bispo, hoje não existente, apenas se mantém a
residência do poeta António Sardinha.
Não pude evitar ver o ribeiro, hoje não existente, que ladeava e atravessava a
estrada de Santa Rita. Vi o tanque rasteiro, de água cristalina, que escorria
da cascata da quinta do bispo, onde a minha mãe e irmãs, junto com as outras
vizinhas lavavam a roupa, há muitos anos já entaipado, ao mesmo tempo que entaiparam o ribeiro. Vi a roupa a corar ao sol. Vi os acampamentos de
ciganos, sempre havia ciganos nas margens do ribeiro. Ah! Não me venham com
essa da nova moda da xenofobia e do racismo. Cresci junto com ciganos, com
tendeiros, brinquei e briguei com eles e elas, vivíamos juntos. Fomos amigos. Vi-os
chegar e partir, raramente estavam mais que uma semana seguida, talvez para
darem lugar uns aos outros. Deslocavam-se em carroças puxadas por mulas e
machos e deixavam sempre impecavelmente limpo todo o espaço que utilizavam. Eram
bons vizinhos. Se para nós eles eram e são ciganos, para eles nós somos "gaios" acho que era este o termo que nos designava, já não me lembro com exactidão. Se alguém souber que o diga não me sinto ofendido por isso.
Vi as manadas, de gado bravo, a subirem a estrada de Santa Rita, com os guias/avisadores à frente e à distância, a avisarem os residentes que a manada estava a chegar, que nos metessemos em casa. Eu espreitava do portão, uma e outra vez, as vacas ou os toiros chegavam-se lá, e apesar do portão estar fechado " oh pernas pra que te quero". Era um espectáculo sempre que uma manada de vacas ou um rebanho de ovelhas enchia aquela estrada, a avenida António Sardinha e as estradas por onde circulavam na deslocação de uma herdade para outra.
Hoje, ao ver estas
imagens sinto alguma nostalgia. Velhice deve ser. Vi os as fontes a jorrar água todo o ano e onde tantas e tantas vezes, fui encher os cântaros de barros
e os baldes de zinco. Lembro-me dos baldes de zinco porque mesmo vazios pesavam
pra c…
Não me lembro de baldes
de plástico. Essa água servia para tudo, para beber, para fazer comida, para os
animais, para regar as flores e a pequena horta que fazia. Adorava cavar a
terra, semear as alfaces, as couves, as nabiças, os coentros a salsa, os
espinafres…para tomar banho, uma vez por
semana d’inverno, num enorme alguidar de zinco, ainda hoje o guardo...de verão tomava-se mais vezes, podia-se tomar banho de
água fresca e se ela era fresca…. Sim, não havia água canalizada. Vi a minha
infância, a adolescência e o jovem adulto. Era feliz e não sabia. Baah! Eu não sou saudosista, mas que bateu
saudade, bateu!.
Mas ia-lhes falar do
jardim municipal.
Era um espaço meu
também. Atravessava-o para ir para a escola primária. Escola de Santa Luzia, isto
quando subia a estrada de Santa Rita. Amiúdes vezes, percorria o muro que
separava a quinta do Salvador da minha casa que pegava pela parte de trás com o
recreio da escola. Pode-se dizer que vivia na escola. Quase sempre era o
primeiro a chegar ao edifício masculino, porque só havia dois, o masculino e o
feminino e a cantina. Chegava antes dos contínuos, sim, era assim que eram
chamados e por ser o primeiro e levar muito tempo à espera chamavam-me o “galo da madrugada”. Talvez por isso,
ainda hoje, detesto chegar atrasado, detesto que esperem por mim e não suporto
esperar pelos outros. Não tenho memória de alguma vez ter chegado atrasado onde
quer que fosse.
Já me perdi de novo.
Voltemos ao jardim.
Ao bater com os olhos
na parede com o gradeamento e os pesados portões, veio-me à memória,
consequência de acumular anos, que há muitos e muitos anos, também aqui na
cidade de Elvas houve umas “inteligências”
que quiseram derrubar toda a “muralha”
que circunda o jardim, defendendo que o espaço devia ser de acesso livre.
Felizmente houve uns burros, também os há, que se opuseram e ganharam os burros à inteligência. Não pude deixar, de fazer
a comparação, com a cidade na qual vivo actualmente, Portalegre. Os burros aqui
não são ouvidos. Bom, se calhar têm razão, “vozes
de burro não chegam ao céu”. Deve ser por isso que se vive no inferno.
Não fiquei feliz com o
estado em que se encontra um espaço que é tão meu, que é tão nosso dos Elvenses.
A câmara do telemóvel
filmou as imagens que vos deixo.
Os meus olhos, da
memória naturalmente, viram um jardim impecavelmente limpo. Vi as equipas de
jardineiros, dos quais faziam parte o Sr Zé, o meu tio Lourenço, o meu tio Zé,
o meu tio João e outros que já me esqueci o nome. Vi-os debruçados sobre os
canteiros, canteiros que eram autênticas peças de arte.
Os da minha geração
certamente lembram-se, todos os canteiro tinham uma moldura. Eram assim
constituídos:
tinham uma moldura de
areia, seguida de outra de relva e no centro as flores. Sempre havia flores,
próprias de cada estação. Quem não se lembra da rua dos liláses e do seu cheiro
inebriante.
O parque infantil, era
cercado com uma sebe de bucho e a entrada era paga. Lembro-me dos cinco tostões. Havia um campo de
patinagem, sempre cheio, um campo de barcos, as cadeiras de baloiço, a roda com
os cavalos o escorrega, as argolas, a barra, o vai-e-vem, não sei se me esqueci
de algum…
Hoje o parque infantil
não é pago e é o que se vê. Não existe campo de patinagem. Na entrada norte,
havia um imenso lago que deu lugar a um campo. O cinema ao ar livre deu, há já
muitos anos, lugar aos campos de ténis. Junto à entrada sul onde eram os
lavadouros, e que praticamente toda a cidade se deslocava para lavar a roupa,
hoje, é o campo desportivo com um anfi-teatro.
Subi ao "pico", já fora do jardim, chamava-se assim porque nos picávamos devidos aos cardos e outras ervas, quando nos sentávamos no chão para ver os filmes de "cóbois" e os filmes melodramáticos indianos, num gigantesco "ecrám" por não queremos pagar bilhete. Mesmo neste local, imperava o respeito e o silêncio quando os filmes iniciavam.
O gigantesco "ecrám" ficou lá, mesmo depois das alterações. Para memória futura...
Não tenho nada contra
estas alterações/melhorias, porque muitas das antes existente, por força dos
modernismos, deixaram de fazer sentido.
Já quanto ao estado de
limpeza e conservação tenho muito a dizer. Os meus olhos, os da memória, nunca
viram um jardim tão sujo e não me
venham com a desculpa que as folhas caem, sempre caíram e nunca as vi no chão.
Os canteiros tinham flores, sempre, em todas as estações. Hoje, as flores que
os meus olhos viram foram as “azedas”
e as ervas. Nem relva há, apenas erva.
Os lagos sempre tinham água, peixes e patos e eram limpos todas as semanas.
Quem não se lembra da
rua das palmeiras? Hoje inexistentes, foi doença, certo, mas não podiam já
terem sido substituídas?. O jardim municipal, o espaço que é tão meu, o espaço
que é tão nosso, o espaço que é tão bonito merece um cuidado melhor.
O espaço envolvente do
palácio da justiça que os meus olhos viram também era cuidado pelos mesmos
jardineiros, Hoje, o que os meus olhos viram e a câmara regista para a
posteridade é um espaço degradante, cheio de ervas.
Infelizmente, tenho de reconhecer que os espaços do jardim e do palácio da justiça, estão em pior estado de limpeza e conservação, comparados com os parques da corredoura e avenida da liberdade de Portalegre.
Tenho esperança que os burros de hoje, à semelhança dos burros de
outrora, exijam a quem de direito, a dignificação de tão emblemáticos
espaços numa cidade que é património mundial.
Desafio a quem tiver
fotos dos tempos da memória que as publique seria “giro” todos recordarmos.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Pôs-se a jeito
Parece que ultimamente,
bom não será tão ultimamente, mas de sempre…que o executivo camarário de
Portalegre e mais concretamente a sua presidente se têm “posto a jeito” e vai
daí é desancar nela…
A polémica mais recente
é, ao que é dito, e comentado por estas páginas sociais e confirmado pelo
próprio alvo da polémica, o facto da Sra presidente do executivo camarário, ter
posto na rua um munícipe, aquando da sua interpelação, na reunião da câmara no
dia 9 de dezembro e no tempo destinado aos munícipes.
Parece que a Sra
presidente não gostou da interpelação e vai daí, chama de mentiroso o
interpelante, pondo-o na rua, ou será
que o convidou a sair? é que fará toda a diferença, digo eu, bom o certo é
que o interpelante acatou a ordem ou aceitou o convite e saiu.
Esta história faz-me
lembrar outras por mim vividas, quando a capacidade de argumentação do
contraditório, ou a certeza da resposta, não é apanágio de certas mentes, o
melhor mesmo, é mandar ou convidar, a calar e a sair. Já o rei dizia “por qué no te calhas?
Quero deixar claro que
não concordo e censuro a atitude tida pela Sra presidente da câmara de
Portalegre. Quero acreditar, e atrevo-me a afirmar que, tal atitude, não se
deve de todo, a falta de educação e cultura democrática, mas sim a cansaço, por
ser desancada a torto e a direito
que o mesmo é dizer, por todos os que, quando lhes interessa e são atendidos
nas suas solicitações, omitem e nada dizem, quando não são atendidos toca a
desancar…coitada da Senhora nem sei como
consegue andar e penso que já nem de muletas lá vai...
Ao que parece também,
alguns membros do executivo que estiveram presentes, quer por direito próprio
quer em representação de outros, insurgiram-se nas redes sociais do comportamento da Sra presidente. A minha pergunta é se na reunião disseram
alguma coisa sobre este facto ou tomaram alguma atitude?
Após a notícia saída nas
redes sociais, os comentadores do costume, nos quais me incluo, vão de tecer as
suas opiniões, o que é legítimo, naturalmente.
Em alguma dessas
opiniões, os opinantes, misturam a pessoa com os cargos que os alvos dos
comentários desempenharam ou desempenham. Recuso-me terminantemente a misturar.
Se é certo que o interpelante
na reunião da câmara é coronel da GNR, mesmo na reforma continua a sê-lo, foi
comandante do Centro de Formação de Praças da GNR, o certo é que a sua
interpelação à Sra presidente não foi enquanto coronel nem tão pouco enquanto
comandante, mas sim enquanto dirigente
associativo e cidadão.
Não
concordo em nada que se façam deduções que envolvam a GNR.
Ao ler essa publicação, fico com o “sabor” que a justeza das interpelações tem a ver com a condição social, económica e corporativista e que se o interpelante tivesse sido um munícipe desconhecido e mandado sair ou convidado a sair não teria havido caso.
Para mim, o respeito é devido à pessoa enquanto cidadão,
independentemente da sua condição social e económica.
Enquanto não
conseguirmos ver o outro como pessoa,
dificilmente conseguiremos mudar esta sociedade.
sábado, 5 de dezembro de 2020
"Estapafúrdice"
Ontem, dia quatro de
dezembro, foi-nos dado a conhecer que a autarquia de Portalegre adjudicou à
empresa “VIAEXTRA – Engenharia e Construções, Lda” a demolição do “monumento”
de homenagem aos dadores de sangue.
Sobre o valor da
empreitada nem me vou referir, certamente será o ajustado!!!??? E devem ter
sido consultadas mais empresas.
Pelos vistos, agora é
fácil chegar à conclusão que o monumento retira a visibilidade na circulação
rodoviária. Ainda que sendo verdade, tal “invisibilidade”, do que me tenho
apercebido, não tem provocado tantos acidentes quanto o do cruzamento de acesso
à IP2, uns metros mais abaixo.
Se a memória não me
engana, penso recordar-me que, há uns meses atrás e aqui sim, a memória falha,
não me lembro com exactidão há quanto tempo e também não vou pesquisar porque
não é disso que quero falar, mas referir agora e de passagem, porque me
ocorreu, aquando de um acidente, penso que o último, com morte, a Sra
Presidente da autarquia, Adelaide Teixeira, ter dito que a competência de alteração
ao traçado rodoviário não é da da autarquia mas, do Instituto de
Estradas de Portugal, ao qual já tinha solicitado por várias vezes a alteração
ao traçado, responsabilizando-se que,
se o Instituto não procedesse a essa alteração, no imediato, a própria Câmara
assumiria tal encargo. “Promeeessas”!
Como estamos no Alentejo
e “ainda por cima” em Portalegre onde “pareeece”
que tudo é “leeeeento” ainda continuamos
à espera que, mais uma pessoa ali morra,
para se proceder a tal alteração. No meu entender bem mais necessária que a
demolição a que se propõem.
Mas, retomando a
estrada que quero me leve ao meu destino, continuo.
Penso saber, que toda a
construção carece da autorização da Câmara, ainda por cima, sendo esta em
espaço público. De tantos “engenheiros”
que por aqui cirandam à data da apresentação do projecto, parece, nenhum ter
reparado na volumetria da construção. Os “expert’s” só depois de ela concluída,
perceberam que era “colossal” demais.
Nas vistorias que devem ter feito, também não perceberam, os sinais que dava,
da sua deficiente construção.
Porque finalmente
chegaram a essa conclusão, deficiente construção, para mim o mal maior, que não
abona em nada, uma das entradas na
cidade.
Eu pessoalmente, gosto
do monumento, representa aquilo que quer homenagear os DADORES DE SANGUE.
O que temos no
monumento?
Um
coração GIGANTE.
Há algum coração mais
GIGANTE que o coração dos dadores de sangue? De certeza que não.
Teríamos água a sair
daquele coração gigante que, se bem construído e a funcionar em pleno, na minha
interpretação, seria o sangue de todos os que altruisticamente doam o seu
sangue.
Sangue
é vida =
Água
é vida
Sinceramente, não estou
preocupado com a sua volumetria, mas sim com a sua degradação.
Como condutor, cumpro
as regras de trânsito e tomo as medidas de precaução devidas para que nada de “anormal”
possa ocorrer. Se todos tivermos esses cuidados não é a sua volumetria,
invisibilidade, que causa transtornos, mas
sim a falta de cumprimento das regras de trânsito e a incivilidade.
Por mim, o monumento
devia ser recuperado e posto a funcionar.
Agora o “pau da bandeira”
Não sei, nem quero
saber, de quem foi a ideia ESTAPAFÚRDIA
de colocar o “pau da bandeira” para aí ser colocada a bandeira que foi
utilizada no 10 de junho de 2019, em substituição do monumento existente.
Porquê a minha
indignação? Sim estou indignado!
Vou esclarecer:
De acordo com as
Constituição da República Portuguesa são símbolos nacionais:
A
Bandeira nacional;
O
Hino Nacional
O
Presidente da República.
Sou pré 25 de abril de 1974, ao invocar o pré, não é saudosismo, é RESPEITO
pelo que aprendi, coisa que, parece alguns prés, não aprenderam ou já
esqueceram e a maioria dos pós, infelizmente,
não sabem o que isso é. Culpa nossa que não lhe soubemos transmitir.
Como símbolos nacionais
que são, a bandeira, o hino e o presidente da república merecem todo o nosso
respeito, aliás somos obrigados a respeitar.
Pois bem, não me parece
que estejamos a respeitar um dos símbolos, neste caso a bandeira nacional, se a
colocarmos no meio do nada.
Sem pretender dar
lições de história, mas apenas recordar, que muitos morreram na defesa e na guarda deste símbolo maior que nos
representa a todos.
Muitos, e eriçam-se-me
os pelos, só de escrever isto, nem a sua sombra
pisam.
Como é possível alguém
ousar pensar e ainda por cima concretizar “viltrampear”,
termo inventado agora, a bandeira
nacional expondo-a sem nenhum respeito.
Para que se saiba e de
acordo com o regulamento de continência e honras militares, decreto lei 331/80
de 28 de agosto,
Art. 10.º
- 1 - A Bandeira, o Estandarte e o Hino Nacionais, como símbolos da Pátria,
estão acima de toda a hierarquia militar. Todos os militares têm, portanto, a
obrigação de lhes fazer a continência, quando uniformizados, e de se
descobrirem e perfilarem, quando em trajo civil, nas circunstâncias previstas
nos artigos 52.º e 56.º
A
exposição pública da bandeira, quando hasteada, obriga a determinados
formalismos de “respeito”, deve ser içada às 8 horas e arriada à hora legal do pôr
do sol. Não deve permanecer hasteada durante a noite e se tal vier a acontecer,
deve ser arriada e içada conforme regulamento. Sempre que a Bandeira esteja
içada, deverá ser iluminada por um
projector ou por dois faróis de luz branca.
Será que
quem teve, repito, esta ideia estapafúrdia, pensou em tudo isto? A bandeira
nacional não é apenas um pedaço de pano,
eventualmente mandado fazer na China, é muito mais do que isso, somo nós. E eu exijo respeito.
Ainda
mais, se ao que parece, vai ser colocada a bandeira que assinalou a comemoração
do dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas a 10 de junho de
2019 na cidade de Portalegre, para enaltecer essa comemoração na cidade,
considero uma infeliz escolha.
Porquanto:
- o(a) idiota
estapafúrdio(a) pensou que a bandeira se vai deteriorar por força do vento, da
chuva, do sol?
Ah! Existem
mais bandeira que a podem substituir, pois mas já não será a mesma.
Se querem
tanto preservar essa memória, para fazer história, não seria melhor ideia
emoldurar essa bandeira e vir afazer parte de um qualquer museu?
Pensem
nisto… ainda vão a tempo…
Ao que
parece, querem substituir os “dadores de Sangue”, pelos “comemoradores” do 10 de junho de 2019 na cidade de Portalegre,
então sugiro:
E que tal
duas estátuas, da actual presidente de Câmara e do João Miguel Tavares, assim perpetuariam
os que tudo prometeram e nada fizeram e os portalegrenses ausentes…
Depois não venham dizer que não dei boas ideias e não avisei da “estapafúrdice” de certas ideias.
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
Quem não tem vergonha todo o mundo é seu
Gosto de citar provérbios porque encerram o conhecimento e ensinamento de imensas gerações.
A citação deste
provérbio, hoje, vem a propósito de, alegadamente, a senvergonhice ou como eu gosto de dizer a desenvergonhice, que nem sei se o termo é correcto, mas que
todos(as) entendemos de algumas “porções de existência humana” como refere uma respeitadíssima amiga nas suas publicações.
Faria no dia quinze de dezembro de 2020
precisamente nove anos de voluntariado, ininterruptos, numa Instituição de
Solidariedade Social. Destes nove anos, cinco foram prestados como
representante desta instituição, o que quer dizer com responsabilidades
acrescidas.
Nunca antes tinha feito
voluntariado. Sempre achei, e ainda estou convicto que o trabalho dá saúde. Com
esta convicção, logo após a saída da minha vida profissional, ainda jovem!?,
não me quis dar descanso. Tinha exemplos de companheiros, que deixada a vida
activa profissional, e sem nada fazer, passados poucos tempos, estavam velhos, sombras
deles próprios, quando ainda eram jovens e tinham muito para poder fazer e serem
úteis.
Não permiti
assemelhar-me a eles e ainda não me permito ser sombra de mim próprio, um dia,
porque o tempo tudo nos traz, serei essa sombra que acredito ainda está longe.
Com as minhas
convicções, certas ou erradas e com o intuito de ser útil, por essa altura, ano
2011, desabafei com uma pessoa que muito estimava e considerava amiga e
disse-lhe:
- Preciso de arranjar
uma ocupação que me envolva física e mentalmente.
Respondeu-me ele,
- porque não vai fazer voluntariado para…
Referindo o nome da
instituição.
Confesso que nem sabia
da existência dessa instituição em Portalegre, embora já existisse à cerca de
cinco anos. À minha pergunta: – Onde fica?
Respondeu dizendo o local.
Passados dois ou três
dias desta conversa, e ao passar pela porta da instituição dirigi-me à mesma.
Recebeu-me um Sr simpático, pequenino e de barbas que também lá fazia voluntariado.
Gostei dele logo no primeiro impacto, vá-se lá saber porquê, senti a tal “química”.
Todos nós sentimos essa “química” de reciprocidade ou de rejeição, mesmo sem
conhecermos minimamente a pessoa como era o caso. Disse-lhe ao que ia, a
oferecer tempo e trabalho e se precisavam. Depois de me ouvir e ter feito uma
breve apresentação da instituição, perguntou-me:
- qual é a sua
disponibilidade?
-toda, de manhã e de
tarde.
- o que gostava de
fazer?
- O que houver para
fazer.
- amanhã de manhã pelas
dez horas pode cá estar?
- sim, estarei cá a
essa hora.
E assim foi, no dia
quinze de dezembro de 2011 às dez horas, apresentei-me no meu novo local de
trabalho. A partir deste dia, passaram a ser todos os dias até vinte e três de Setembro
de 2020. Infelizmente, convivi com este Sr. pouquíssimo tempo, apenas um mês,
por infortúnio faleceu passados, sensivelmente dois meses depois de nos termos
conhecido.
Porque o Sr adoeceu
logo no início de 2012 e era o que assegurava todo o serviço, quer o de
escritório quer o de armazém e por ausência dos membros dos órgãos socais, e de
outros voluntários, com excepção do presidente da direcção, tive de ser eu a dar
continuidade e assegurar todo o serviço. Não me queixo e nunca me queixarei de
todo este trabalho. De facto queria preencher o meu tempo e o trabalho de
voluntariado quando vivido como eu o vivi não nos deixa tempo nem nos dá
descanso. Comparo muitas vezes o tempo e o trabalho de voluntariado com o tempo
e trabalho profissional e no meu caso não há comparação possível. No trabalho
profissional depois do “toque de ordem” que o mesmo significa encerrar portas,
só no outro dia voltava a pensar no mesmo. No trabalho de voluntário não há “toque
de ordem”.
Tenho consciência que
sempre desenvolvi o trabalho de voluntário e nos últimos cinco anos no de dirigente,
tendo por base a defesa dos interesses da instituição. Tinha a convicção que o
trabalho de voluntariado, até porque a lei assim o define era um trabalho não
remunerado.
Renunciei ao cargo de
dirigente da instituição, por não compactuar
com a DESENVERGONHICE.
A minha convicção é
deitada por terra quando, alegadamente, a DESENVERGONHICE de quem dirige
instituições, se permite compactuar com a falta de carácter e idoneidade de “uma
porção de existência humana “ tornando-se elas mesmo uma porção de …
Com que moral ficam
estas porções de … ao pagar, alegadamente, a uns e não a outros, um serviço, ou
parte dele, prestado sob o regime de voluntariado?.
Com que moral ficam
estas porções de … ao mentirem, alegadamente, a outras instituições, dizendo
que determinados procedimentos foram feitos, bem sabendo que tais procedimentos
ainda não foram concluídos?.
Entristece-me reconhecer
que pessoas que eu considerava, estimava e respeitava, alegadamente, se
transformem em “porções de…”
Entristece-me
reconhecer que a instituição pela qual dei muito do meu tempo, trabalho e saber,
alegadamente, tenha ou venha a ter à sua frente “PORÇÕES DE EXISTÊNCIA HUMANA”.
Como diz o provérbio:
QUEM NÃO TEM
VERGONHA TODO O MUNDO É SEU
quarta-feira, 23 de setembro de 2020
Ciclos
Os que me acompanham,
gritam-me ao lado.
- Oh, não!
- Eu continuo a ter
birras, e que birras!
- Eu continuo a exigir
e principalmente de mim.
- Eu continuo a querer, e quero cada vez mais, não facilito, não compactuo com o que não é justo e correto, não me conformo com o facilitismo …
- Não deixo para e por
conta dos outros, deixo para mim e por conta de mim.
As vozes que me gritam ao lado, parece que vêm de dentro de mim, da minha alma, do meu sentir, parafraseando um pouco uma querida amiga que gosta muito de utilizar “os sentires”.
Neste ciclo de adulto, quase quase, a abrir as portas do forno eléctrico, para a eternidade, de adulto inconformado, birrento, prepotente, mas, também de adulto responsável, uno, com carácter acaba de abrir a porta da antecâmara que o mantinha prisioneiro.
Uma “prisão” de nove anos, dos quais, os últimos cinco, de quase claustrofobia.
Foram anos intensos de “Dádiva e de partilha”, nos quais investiu muito do seu tempo, do seu saber, da sua voluntariedade, do seu querer e do seu crer. Neste fechar e abrir de porta sente-se realizado, e, sereno com o seu sentir. Outros se sintam tão felizes e serenos.
Outros ciclos e outras portas se irão abrir antes que a porta definitiva se feche.
domingo, 6 de setembro de 2020
Ensaio sobre a surdez e sobre a cegueira
Se podes olhar, vê. Se
podes ver, repara.
(José Saramago)
Se podes ouvir, ouve.
Se ouves, escuta.
(isidro Santos)
Esclarecimento
O texto que se segue não é uma tentativa de plagiar os
autores de “Ensaio sobre a cegueira” do prémio Nobel – José Saramago e tão
pouco outros autores que escreveram os “Ensaios sobre a Surdez” – José António
Arruda e o maestro António Vitorino de Almeida, longe de mim, pretender
equiparar-me, a tão nobres autores.
Após as “férias” prolongados devido à pandemia e ao medo
intrínseco, ainda latente, de se ficar infectado com o covid 19 e cumpridas
todas as medidas de desinfecção dos locais, distanciamento de no mínimo dois
metros, gel desinfectante à entrada do recinto e utilização de “açaimo humano”,
reuniram-se no dia três de Setembro, numa sala suficientemente grande, umas
treze ou catorze pessoas.
A reunião era para se esclarecer e ser-se esclarecido sobre
alguns temas que se consideravam importantes a serem apresentados.
Comparemos esta reunião com uma sala de aula. O professor deu
início à aula, entrando num tema não previsto no sumário, tornou-se chata, incómoda
e desinteressante para alguns dos alunos, fazendo com que estes não ouvissem, apesar de terem ouvidos, e perdessem a
atenção. Verdade que o professor conduziu erradamente esta primeira aula. No
decorrer da “lição” tendo tido a percepção de que estava a perder a aula e se
tinha desviado do sumário, fez uma tentativa de introdução do tema previsto,
mas logo se ouviu uma voz como que acabada de acordar,
- não, se é para falar
de assuntos pessoais eu saio.
Seguiu-se o burburinho típico dos alunos, cábulas, que logo aderem
a este tipo de iniciativa. Ela ouviu mas
não escutou, e fez com que todos os outros lhe seguissem o caminho. O
professor insistiu e voltou a introduzir o tema, dirigindo uma pergunta a uma das
“alunas”. Silêncio, esta “aluna” não deve ter ouvido nem escutado, talvez porque não lhe interessava a pergunta
ou não sabia responder. Os outros cochichavam para distrair o professor.
Dando-se conta que estava a perder a aula, o professor retomou o tema inicial.
Fez a sua exposição, e quando concluiu a lição apresentando a solução,
eis que, uma aluna, atira uma “bola” para o meio da sala, como sugestão de
solução do problema. Se durante a lição o professor expôs o problema, no final
apresentou a solução. Esta aluna estava a dormir certamente, porque se
estivesse acordada, teria ouvido e
escutado a solução. Porque nenhum dos alunos, à excepção de um ou dois,
ouviu a solução, agarraram-se à bola e todos diziam,
- a bola é minha,
- a bola é minha,
- a bola é minha…
o professor não concordando com a “bola” atirada, a custo,
ainda disse,
- não, essa proposta não é válida eu já apresentei a solução.
Porque o que os alunos queriam era divertirem-se embora
estivéssemos na primeira aula depois da pandemia, mandaram calar o professor,
dizendo,
- ou jogas o nosso jogo ou ficas sozinho.
O professor que não é daqueles que se intimida na primeira
“ameaça” ainda insistiu,
- esse não é o meu jogo, eu não vou jogar esse jogo.
Não adiantou nada, os alunos, sendo a quase totalidade alunas,
à excepção de um aluno, nem deixaram o professor terminar a aula, levantaram-se
e começaram a sair da sala, convencidas que a proposta era a solução para o
problema, nem se despedirem – até à próxima aula. Tendo a capacidade de olhar não viram que em vez de uma
proposta de solução fizeram uma proposta
de problema, e por não terem visto
não repararam nos danos colaterais que a proposta vai provocar.
Porque tendo a capacidade de ouvir, não ouviram nada do que foi a lição e como não ouviram não escutaram os apelos incessantes
do professor.